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Reabertura de escolas após pandemia de coronavírus terá obstáculos como salas lotadas, falta de água e professores sobrecarregados

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Salas de aula atendem crianças para reforço escolar — Foto: Anna Lúcia Silva/G1

A suspensão de aulas presenciais, por causa da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), traz consequências mais graves para os alunos pobres: segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), ficar longe da escola os expõe a riscos maiores de violência física e psicológica, exploração sexual e abandono dos estudos.

No entanto, o estágio em que o Brasil está, com curva ascendente no número de casos de Covid-19, impossibilita a volta às aulas em um curto prazo. E, mesmo quando os colégios puderem reabrir, surgirá outro problema: as recomendações sanitárias para que o processo ocorra de forma segura são incompatíveis com a realidade de parte das escolas públicas.

Em países nos quais o número de casos da doença já retrocedeu, a retomada das atividades escolares ocorre gradualmente, seguindo protocolos rígidos de higiene.

Mas, no Brasil, diante de salas de aula lotadas, como manter uma distância segura entre os alunos? Sem água ou esgoto encanado, como reforçar a lavagem de mãos? Com professores dando aula em mais de um colégio, para complementar a renda, como instituir reforços escolares no contraturno?

Nesta reportagem, veja as medidas necessárias para que a reabertura das escolas ocorra e a dificuldade em implementá-las no Brasil. A defasagem de conteúdos é extensa, os danos emocionais deixados pela pandemia são significativos e a infraestrutura precária dificulta os cuidados de prevenção.

COMO DEVE SER A RETOMADA?

O número de casos de coronavírus no Brasil ainda está aumentando – o país já ultrapassou a Alemanha e a França no total de infectados. Mesmo ainda distante de um quadro de melhora, é preciso planejar como será a retomada das aulas presenciais.

Segundo relatório da ONG Todos Pela Educação, os órgãos públicos e os colégios já devem mapear quais serão as possibilidades de reposição de conteúdo,levando em conta a carga horária de trabalho dos professores, o espaço físico disponível e o acesso ao saneamento básico.

Abaixo, saiba quais os cuidados necessários para a reabertura das escolas, segundo especialistas, e documentos oficiais do Unicef e do Todos pela Educação.

1 – Reforço na higiene

O Unicef afirma que devemos “aumentar a proporção de escolas com água potável”, além de implementar estações de lavagem de mãos, de ampliar o número de banheiros e de disponibilizar materiais de limpeza, como álcool gel. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a higienização das mãos é uma das principais formas de se prevenir da Covid-19.

No entanto, dados do Censo Escolar 2018, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que20% das escolas de ensino fundamental da rede pública não contam com banheiro dentro do prédio e 40% não têm acesso à rede pública de abastecimento de água (usam poços ou cisternas; em 5%, não há água).

Dos colégios de educação infantil, cerca de 70% não têm ligação com o sistema público de esgoto.

“Precisamos de condições mínimas de atendimento. Há escolas muito insalubres, que mal conseguem atender aos requisitos de qualidade mínima, como o de ventilação cruzada nas salas, com janelas e portas abertas”, afirma Raquel Franzim, coordenadora de educação do Instituto Alana.

2 – Espaçamento de carteiras e aulas ao ar livre

Para manter a segurança das crianças e dos adolescentes, o ideal seria estabelecer um distanciamento maior entre as carteiras. Para isso, pode ser necessário diminuir o número de alunos por sala. Segundo o Censo Escolar 2018, há, em média, 30 estudantes por turma no ensino médio, nas escolas públicas e privadas.

“Uma opção é montar um esquema de revezamento: um grupo tem aulas às segundas e quartas-feiras, outro, às terças e quintas, por exemplo”, afirma Gregório Grisa, doutor em Educação e professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul.

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