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Como astrônomos da Perseverance pretendem achar evidências de vida em Marte

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Além de coletar informações sobre a geologia e o clima de Marte, o rover Perseverance, novo veículo explorador da Nasa previsto para pousar no solo do planeta vermelho nesta quinta-feira (18), promete trazer mais dados para uma questão que inquieta astrônomos há décadas: há sinais concretos de que existiu vida microbiana ali?

A missão, descrita pela agência espacial norte-americana como portadora do “maior e mais sofisticado” rover já enviado à superfície do planeta vermelho, tem como principal alvo a cratera Jezero. Acredita-se que ali, há cerca de 3,5 bilhões de anos, corria um lago que era alimentado por um rio. Este, por sua vez, depositava sedimentos em um delta – é nesse velho delta marciano que a Nasa pretende encontrar rastros de vida antiga no planeta.

Embora a água possa ter desaparecido da região há muito tempo, os cientistas acreditam que em algum lugar dentro da cratera de 45 quilômetros de largura ou ao longo de sua borda de 610 metros de altura, possam ser encontradas evidências de que o planeta já foi habitado por algum tipo de organismo no passado.

“Esperamos que os melhores lugares para procurar bioassinaturas sejam no leito de Jezero ou em sedimentos costeiros que podem estar incrustados com minerais carbonáticos, que são especialmente bons na preservação de certos tipos de vida fossilizada na Terra”, explica Ken Williford, cientista-assistente da missão Mars 2020 Perseverance Rover, em nota.

Imagem mostra os restos de um antigo delta na cratera de Jezero, região que abrigou um lago cerca de 3,5 bilhões de anos atrás (Foto: ESA’s Mars Express Orbiter)

Com cerca de uma tonelada e sete instrumentos considerados inovadores, o rover Perseverance irá perfurar e extrair amostras de núcleos rochosos no planeta. Esse material será posteriormente armazenado em tubos de metal e, por fim, enviado à Terra para estudos mais aprofundados. Nessa última etapa, a Nasa vai contar com a colaboração da ESA (Agência Espacial Europeia).

Uma das estruturas rochosas que os cientistas esperam encontrar na região é o estromatólito. Formado por camadas antigas de bactérias e sedimentos que se acumulam ao longo do tempo, esse tipo de rocha é um potencial sinal de vida antiga fossilizada. Para identificá-lo, um instrumento batizado de “Sherloc” irá detectar a presença de moléculas orgânicas e minerais na cratera de Jezero. Depois, outro equipamento – o “Pixl” – fornecerá mapas de alta resolução com a composição química detalhada do local.

A missão também conta com a ação do Mastcam-Z e do SuperCam, sistemas avançados destinados a captar imagens em alta resolução da mineralogia marciana. A partir desse conjunto de dados, a Nasa procurará pelas concentrações de elementos, minerais, moléculas e matéria orgânica que sugiram alguma vida antiga no local.

Como toda pesquisa, no entanto, a hipótese que impulsiona os cientistas – e que só terá as primeiras respostas daqui cerca de dois anos – pode não corresponder à realidade. Nesse caso, quais seriam as outras contribuições da missão para a astronomia? “Mesmo se concluirmos, após a análise de amostras devolvidas, que o lago era desabitado, teremos aprendido algo importante sobre o alcance da vida no cosmos”, responde Williford. “Quer Marte tenha sido ou não um planeta vivo, é essencial compreender como os planetas rochosos como o nosso se formam e evoluem. Por que nosso próprio planeta permaneceu hospitaleiro enquanto Marte se tornou um deserto desolado?”, questiona o cientista.

Fonte: Galileu

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