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Risco de coágulo pode ser 10 vezes maior por Covid-19 do que por vacina

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Embora raríssimos, os casos de coágulos sanguíneos após pessoas se vacinarem contra a Covid-19 têm causado preocupação e debates entre a população, governantes e a comunidade científica. Recentemente, episódios envolvendo os imunizantes desenvolvidos pelas farmacêuticas Johnson & Johnson/Janssen, nos Estados Unidos, e pela AstraZeneca junto à Universidade de Oxford, no Reino Unido, fizeram a vacinação ser interrompida em países da Europa e nos EUA.

A ciência investiga se há mesmo evidências de que as injeções provocaram o problema, mas ao que tudo indica, o risco é mesmo baixíssimo — menor inclusive do que a probabilidade de ter trombose como consequência da infecção pelo Sars-CoV-2. É o que indica um estudo conduzido por pesquisadores de Oxford e divulgado em versão preprint (ainda não revisado por pares) nesta quinta-feira (15)

O artigo compara o risco de distúrbios de coagulação por três causas diferentes: Covid-19, vacinas contra o novo coronavírus (Pfizer/BionTech e Moderna) e influenza, o vírus da gripe. Os autores usaram bases de dados eletrônicas dos Estados Unidos para rastrear pessoas diagnosticadas com a Covid-19, o vírus influenza ou que já tinham tomado a primeira dose de uma das vacinas. Na sequência, eles avaliaram a incidência, duas semanas após os diagnósticos ou a primeira injeção, de trombose da veia porta (TVP) ou trombose venosa cerebral (TVC).

No total, foram englobados 513.284 pessoas com Covid-19, 172.742 norte-americanos com gripe e 489.871 indivíduos que haviam tomado a vacina. E aí os especialistas compararam cada um dos três cenários. Em relação à TVC, a prevalência desse tipo de trombose antes dos diagnósticos e da vacinação era de 0,41 a cada 1 milhão de indivíduos. Entre os que foram contaminados com o novo coronavírus, o índice subiu para 39 a cada 1 milhão; já entre os vacinados, a taxa foi de 4,1 episódios a cada 1 milhão; e não se observaram casos após a gripe.

Quanto à TVP, a incidência com a Covid-19 foi de 436,4 a cada 1 milhão de pessoas, e de 44,9 a cada 1 milhão após a imunização. Com a gripe, a prevalência foi de 98,4.

“O risco após Covid-19 é de aproximadamente oito a 10 vezes o relatado para as vacinas, e cerca de 100 vezes maior em comparação com a taxa populacional”, destacam os autores. Em um comentário, Peter English, ex-editor da revista Vaccines in Practice Magazine e que não esteve envolvido na pesquisa, pondera que o diagnóstico de TVC não é fácil, então é possível que casos não tenham sido registrados. Mas a metodologia usada pelos autores pode minimizar isso, já que não dependeu dos relatos dos pacientes.

“A principal coisa a tirar deste estudo é que Covid-19 é uma causa potente de distúrbios de coagulação, incluindo (mas não se limitando a) o diagnóstico muito raro de TVC; e qualquer risco baixo associado à vacina deve ser colocado no contexto do risco relativamente alto associado à doença”, diz English.

Para ele, mais estudos como esse devem ser feitos na Europa, no Reino Unido e em outras partes do mundo para que se tenha mais informações sobre os riscos associados à doença e a cada uma das vacinas.

Fonte: Galileu

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