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2020 foi o ano mais quente já registrado na Europa, revela relatório

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Divulgado nesta quinta-feira (22), o relatório Estado do Clima Europeu mostra que os últimos cinco anos apresentaram as temperaturas globais mais altas já registradas, sendo 1,2ºC superiores à média de 1850-1900. Reforçando essa trajetória ascendente, o documento conhecido como ESOTC 2020 revela que 2020 conseguiu o posto de um dos três anos mais quentes já registrados.

Também de acordo com o relatório, que é produzido pelo Serviço de Mudança Climática Copernicus (C3S), da Comissão Europeia, a concentração atmosférica de gases do efeito estufa não apenas continua aumentado, como está no patamar anual mais alto já visto desde que as observações por satélite começaram: o CO2 subiu 0,6% e o CH4 teve crescimento de 0,8%.

As análises preliminares indicam que o dióxido de carbono (CO2) aumentou a uma taxa um pouco menor do que nos últimos anos — o que pode ser um reflexo da diminuição nas emissões em decorrência dos bloqueios da pandemia de Covid-19. Já no caso do metano (CH4), o processo se deu de forma mais acelerada.

Com foco maior na Europa, o relatório revela que o continente vivenciou o maior número de horas de Sol desde 1983, quando o registro começou a ser feito por satélites, e o ano mais quente da região, com o acréscimo de 0,4ºC. O inverno foi cerca de 3,4ºC mais quente do que a média de 1981-2010 e aproximadamente 1,4ºC mais quente do que o inverno responsável pelo recorde anterior.

Também foram vistas outras mudanças no continente europeu, como a transição de um inverno úmido para uma primavera seca, que chamou a atenção dos especialistas e afetou o solo, os rios e o crescimento de vegetação. A tempestade Alex, por exemplo, resultou em precipitações excepcionalmente altas e causou inundações em grande parte da Europa ocidental em outubro de 2020.

Os dados também mostram que há motivo para preocupação no Ártico, que enfrentou em 2020 o seu segundo ano mais quente, com temperaturas 2,2ºC maiores do que a média de 1981-2010. Apesar do começo do ano ter sido mais frio, o verão e o outono tiveram as maiores temperaturas registradas.

A avaliação dos especialistas é de que o calor no Ártico Siberiano, que teve um ano 4,3ºC mais quente do que a média e 1,8ºC acima do último recorde, influenciou o resultado da região como um todo. Como consequência, baixos níveis de gelo marinho foram identificados no verão e no outono.

Ainda no Ártico Siberiano, altas temperaturas foram vistas na primavera e no outono, levando a uma cobertura de neve mais baixa do que o esperado. Ligado a esse cenário de calor e falta de neve, estão as condições secas da região que favoreceram queimadas. Durante o verão, o fogo contribuiu para as maiores emissões de CO2 de incêndios florestais desde 2003

Além de fornecer atualizações sobre as tendências do clima a longo prazo, o ESOTC 2020 é uma referência para avaliações futuras do meio ambiente. Matthias Petschke, da Comissão Europeia, afirma que, para atingirmos uma economia com neutralidade climática, é preciso ter uma mobilização total da sociedade, dos governos e das indústrias — algo que só pode ser feito com o auxílio de informações de boa qualidade.

Para o diretor do C3S, Carlo Buontempo, essa é a relevância do relatório do Estado do Clima Europeu. “Analisar a interação de variáveis como temperatura, gelo marinho, precipitação, descarga de rios e umidade do solo destaca a importância de monitorar todas as partes do nosso sistema climático e entender as mudanças”, explica em comunicado. “É mais importante do que nunca que nós utilizemos a informação disponível para agir, mitigar e nos adaptar às mudanças climáticas e acelerar os esforços para reduzir riscos futuros”, conclui Buontempo.

Fonte:Galileu

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