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Em meio a bons resultados no combate à Covid-19, prefeito de Maricá faz planos para o futuro: ‘Vou ajudar a construir esse ciclo’

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Em 2020, nenhum outro candidato a prefeito no estado chegou perto dos mais de 88% dos votos dados a Fabiano Horta em Maricá. Apadrinhado por Washington Quaquá, ele tornou-se, ao ser reeleito, o único prefeito do PT nas 92 cidades fluminenses. Em meio a bons resultados no combate à Covid-19, e em um cenário ainda incerto no que diz respeito a eventuais alianças à esquerda, o nome de Horta vem sendo ventilado como possível candidato petista ao governo do estado no ano que vem. Entre elogios a Freixo (PSOL) e Benedita (PT), ele desconversa e garante: vai concluir o segundo mandato.

O desafio é coletivo. Desde o início, enfrentamos com a clareza de que saúde e economia devem caminhar juntas. Abrimos um hospital com 120 leitos. Construímos um laboratório, com a UFRJ, para termos diagnósticos com brevidade. E fizemos muita busca ativa na população, após os testes positivos. Isso tudo casado com as ações econômicas, para minimizar o impacto das restrições.

E quais foram essas ações?

Criamos o Programa de Amparo ao Trabalhador (PAT), que desde abril de 2020 paga um salário mínimo a 21 mil informais e autônomos. Já o Programa de Amparo ao Emprego (PAE) forneceu às empresas um salário mínimo por funcionário para manter as vagas. Isso fez com que a economia formal da cidade não se desarrumasse. Para se ter uma ideia, tivemos um crescimento, em um ano, de mais de 7% no número de empregos. Ou seja, criamos vagas em vez de perder. E o programa de renda básica também aumentou na pandemia, indo de R$ 130 para R$ 300, podendo acumular com o auxílio emergencial do governo federal e com os outros benefícios da cidade. Ao todo, investimos mais de R$ 500 milhões nessas ações.

Como está o ritmo de vacinação na cidade?

Ficamos limitados pela quantidade de vacinas que recebemos do estado, dentro dos repasses do Programa Nacional de Imunização (PNI). Estamos na média do estado, mas é um trâmite que tem atrapalhado muito a sistematização da vacinação nos municípios.

Maricá foi uma das primeiras cidades do Brasil a negociar a compra direta de vacinas, a russa Sputnik V. A Anvisa, porém, não aprovou o imunizante. E agora?

Ainda estamos trabalhando pela liberação. É um imunizante que se estabeleceu em outros países e está aí para a gente poder vacinar toda a população. A Argentina já fez uso e está tendo resultados.

Há um plano B?

Não, hoje não. Não há nenhuma negociação da prefeitura com outras farmacêuticas ou produtoras de vacina.

Nos últimos anos, sobretudo com o aumento da receita vinda dos royalties, Maricá vem adotando várias ações de cunho social. Como o senhor avalia esse cenário?

Maricá é um laboratório vivo na construção das políticas das ampliações de direitos. O ônibus gratuito, o “vermelhinho”, é um valor importante, pois garante o transporte como direito social conquistado e garantido pela Constituição. Já a moeda social, a Mumbuca, é fundamental para apoiar os mais vulneráveis. E o Passaporte Universitário já ajudou mais de 5 mil maricaenses da rede pública a cursarem qualquer curso com bolsas integrais. A escolha por vincular os recursos dos royalties de petróleo à garantia de direitos é uma política determinada pelo nosso governo.

Maricá é o município do Rio que mais recebe recursos dos royalties. Há receio de que essas iniciativas acabem muito atreladas a essa questão, sendo eventualmente prejudicadas por mudanças de cenário?

Em 2017, criamos um Fundo Soberano, que é mais ou menos como uma poupança dos royalties. Todo mês um percentual vinculado em lei vai para o fundo, para que a gente possa, em momentos anticíclicos, ter uma ação de garantia do estado. Hoje, está passando de R$ 500 milhões, o que dá a Maricá o maior Fundo Soberano vinculado a royalties do país. Em conjunto, temos construído uma política que ampliou a base de arrecadação da cidade como um todo. A receita primária local está em fase de expansão, o que permite retroalimentar esse ciclo de desenvolvimento. Não mexemos no Fundo Soberano mesmo na pandemia, por exemplo. Tudo o que temos feito vem do próprio orçamento do município.

Seu nome vem sendo muito ventilado como possível candidato do PT ao governo do estado em 2022…

Fui eleito com nove a cada dez votos dos maricaenses. É motivo de orgulho, porque é um projeto que começou lá atrás, com o Quaquá. O meu compromisso, com toda a franqueza, é concluir o ciclo local dos quatro anos. Mas é óbvio que a experiência de Maricá, como esse laboratório de políticas sociais, dialoga com a dinâmica do estado. E vamos contribuir para a construção das forças políticas. Temos os nomes do deputado Marcelo Freixo (PSOL), do André Ceciliano (presidente da Alerj, do PT), do Rodrigo Neves (ex-prefeito de Niterói, do PDT), do próprio Quaquá, da deputada Benedita da Silva, que teve ótimo desempenho nas últimas eleições… O nome vai surgir.

E não será o seu?

Eu sou militante do PT na construção de um projeto para o estado e vou ser prefeito de Maricá pelos próximos três anos e meio, mas vou ajudar muito a construir esse ciclo no campo progressista.

Já que citou Freixo, o senhor acha que ele troca o PSOL pelo PT, como especula-se?

Não posso responder por ele. O nome do deputado está posto em qualquer debate sobre o Rio. Ele tem uma trajetória clara de afirmação dos direitos humanos e de luta pela vida. Mas são movimentos que são dados com o tempo, ligados à trajetória do próprio Marcelo. Ele vai fazer o que julgar correto no devido tempo.

Como o senhor avalia as movimentações do governador Cláudio Castro? Ele chegou a mencionar o próprio Freixo ao comentar a operação no Jacarezinho…

Conosco, enquanto prefeitos, ele tem uma relação institucional. Mas há uma movimentação para formação de identidade, que está se moldando muito mais no campo da centro-direita. E a gente entende que o que precisamos hoje é construir uma outra política para o estado.

Em âmbito nacional, como o senhor vê a volta do Lula?

Ele está virando o centro de esperança da política nacional. É um processo de reconstrução histórico do PT, que tem muito a ver com esses tempos de exacerbação da fome e da miséria, com uma economia que não alavanca… Aí o Lula emerge como a grande força que dá aos brasileiros a esperança de reconstruir um caminho.

O senhor fala em reconstrução do PT. Como fazer isso descolando a imagem de corrupção que ficou associada ao partido?

O partido tem a essência de ter nascido de lutas populares. Temos de reconstruir isso, a força da luta da classe trabalhadora. O PT tem um legado e faz parte dos últimos 20 anos da história do Brasil.

Fonte: Extra

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