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Grey’s Anatomy se apoia na nostalgia em 17ª temporada

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Foto: Divulgação

Em 2019, Ellen Pompeo, que interpreta a personagem título de Grey’s Anatomy, assinou um contrato que a garantia no elenco da série por três anos: a temporada de 2019, a de 2020 e a de 2021. O contrato terminaria em maio, tempo suficiente para encerrar o ano 17, mas que precisaria ser o último, já que embora a temporada 18 ainda pudesse começar no mesmo ano de 2021, isso aconteceria em setembro. Cheia de problemas criativos e mudanças de elenco, a série ainda era um trunfo nas mãos da ABC, com uma audiência estável e a impressionante marca de drama médico mais longevo da história dos EUA.

Sem clareza sobre o futuro, a showrunner Krista Vernoff aproveitou a pandemia para colocar em prática um plano narrativo que não só protegeria Ellen Pompeo de uma exposição que ela claramente não queria ter, como também serviria para inserir na temporada uma ideia de “encerramento”, apoiando-se, é claro, naquilo que mantém a série no ar até hoje: nostalgia. Meredith contraiu Covid logo no primeiro episódio, entrou em coma induzido e expandiu a narrativa até uma espécie de limbo, onde a cada uma ou duas semanas, algum personagem já excluído da série aparecia para visitá-la.

Foi um movimento inteligente. Esse tipo de licença criativa já fazia parte do DNA da série desde as temporadas iniciais. No terceiro ano, por exemplo, após o quase afogamento num acidente com as barcas de Seattle, Meredith passou a vagar pelos corredores do hospital tendo visões com outros personagens mortos. Fazer a mesma coisa agora teria sido completamente irrelevante se Krista e a própria Ellen não tivessem como garantia uma lista de atores dispostos a reaparecer. A pandemia, é claro, mudou os planos iniciais na escaleta do ano 17, mas também serviu para ressuscitar o interesse do público (sobretudo depois dos absurdos do ano anterior). A mudança trouxe o senso de oportunidade.

Patrick Dempsey (Derek) foi o primeiro a voltar, o que provocou um choque absoluto na audiência (que sempre fora levada a crer que a saída dele da produção não havia sido em bons termos). A partir daí os episódios assumiram uma fórmula infalível: sequências de Meredith tendo esses reencontros iniciavam e encerravam a história do dia, que era recheada de tramas secundárias com dramas que já não tem apelo com o público há muito tempo. A abordagem ao Covid renovou minimamente a rotina dos casos, mas as trocas de casais baseadas – sempre – somente em “me envolvo”, “não me envolvo” ou “queremos coisas diferentes”, já beirava o insuportável.

Anatomia do Adeus

Ainda assim, o impacto emocional das voltas de George (T.R. Knight), Lexie (Chyler Leigh) e Mark (Eric Dane) fizeram Grey’s Anatomy voltar ao centro das atenções. Era um caminho seguro para uma temporada que precisava ser moldada para uma possibilidade real: chegar ao fim. Apesar de toda a euforia em torno desse ano, tudo que o décimo sétimo ciclo proporcionou de interessante esteve ligado ao quanto de passado ele conseguiria acessar. O que não deixa de ser extremamente curioso, já que depois de acordar com apenas 2 episódios para o final, Meredith injetou na série seu costumeiro carisma e força. Grey’s Anatomy depende totalmente de sua protagonista e quanto menos ela aparece, mais indiscutível se torna o cansaço de todo o resto.

O décimo terceiro ano também foi marcado pelas saídas de Jackson (Jesse Williams), Tom (Greg Germann, que nunca conseguiu se enturmar de verdade) e DeLuca (Giacomo Gianniotti), que foi morto em mais uma daquelas desesperadas tentativas da série de chocar o público. Jackson era um dos nomes mais antigos do elenco (com exceção dos últimos originais), mas sua presença e suas histórias perdiam mais relevância a cada novo recomeço. No entanto, todo o potencial dos problemas mentais de DeLuca, que haviam tirado do personagem sua incômoda aura de perfeição, foram desperdiçados. Por causa da saída de Jackson ainda pudemos dar um alô para April (Sarah Drew), mas nada disso serviu para refutar uma emoção compartilhada por quase todos os fãs: as poucas vezes em que Cristina (Sandra Oh) apareceu trocando mensagens de texto com Meredith muitas vezes salvaram o episódio inteiro de seus traços enfadonhos.

Contudo, apesar de tantos problemas, Grey’s Anatomy ganhou uma renovação para a temporada 18. Em seu correto season finale, avançou a história após o despertar de Meredith e chegou até abril de 2021, quando a vacinação nos EUA já estava muito avançada. Colocou a protagonista na posição de chefe dos internos (que sempre tiveram potencial e perderam espaço para a ladainha dos personagens centrais) e abriu uma boa possibilidade de um fechamento digno para a série. Meredith pode passar toda a temporada 18 treinando, provocando, inspirando os internos, trazendo de volta tudo que Grey’s Anatomy tinha de mágico.

Dificilmente passaremos dos 18. Chega de Hunt (Kevin McKidd) querendo casar e de Amelia (Caterina Scorsone) sabotando suas relações. Grey’s nasceu como uma série sobre estudantes vivendo a emoção dos começos de suas profissões. Vamos voltar a isso. Grey já foi devidamente destrinchada. Está na hora de deixá-la passar o bisturi adiante.

Fonte: Omelete

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