Nos últimos dias, talvez você tenha se deparado com a expressão “gênero não-binário” na internet. O termo, apesar de não ser novo, ganhou maior destaque recentemente em função das declarações de celebridades que não se identificam simplesmente como homens ou mulheres.
Esse é o caso da atriz brasileira Bárbara Paz que, em uma entrevista para o podcast Almasculina, se descreveu como uma pessoa inquieta. “Uma mulher, um homem, não-binária. Descobri que sou não-binária há pouco tempo”, disse no episódio que foi ao ar em 1º de maio.
E, no último dia 19, a cantora estadunidense Demi Lovato também compartilhou o seu processo de autoconhecimento nas redes sociais. “Eu passei por um trabalho de cura e reflexão e, com isso, tive a revelação de que me identifico como pessoa não-binária”, falou em vídeo publicado no Twitter. “Acredito que isso representa melhor a fluidez que sinto na minha expressão de gênero”, complementou.
Bom, mas o que exatamente significa ser uma pessoa não-binária? Para começo de conversa, é interessante resgatar dois conceitos: cisgênero e transgênero. O indivíduo cisgênero é aquele que se identifica com o gênero que lhe foi designado de acordo com o órgão genital.
Os transgêneros, por sua vez, são aqueles que não se identificam com o gênero imposto no nascimento com base no sexo biológico — e é aqui que se encontram os não-binários, além de mulheres trans e homens trans.
“Pessoas não-binárias sentem que sua identidade de gênero não pode ser definida dentro das margens da binariedade”, explica a organização LGBT Foundation. “Em vez disso, elas entendem o gênero de forma que ultrapassa a mera identificação como homem ou mulher.”
Assim, os não-binários podem se reconhecer nos gêneros femino e masculino ao mesmo tempo, mas também não se identificar com nenhum desses dois rótulos, ou então se sentir às vezes como homens e outras vezes como mulheres.
Qual pronome usar?
No dia a dia, a linguagem é um mecanismo importante de afirmação de identidade, autoconfiança e autenticidade, pontua a LGBT Foundation. E, assim como os seres humanos, esse é um recurso bastante diverso, então vale se atentar para a maneira correta de se referir às pessoas.
É dentro desse contexto que, visando a inclusão, a linguagem neutra ganha força. Enquanto alguns indivíduos não-binários optam por um pronome de tratamento específico (“ele” ou “ela”), outros preferem os neutros, como “ile” ou “elu”, que substitui os marcadores de gênero (“a” e “o”) por “u”.
No caso de outras palavras, “a” e “o” podem ser trocados por “e”, como em “senhore”, “filhe”, “amigue” e “todes”. E, ao utilizar o masculino para falar de forma genérica, como em “professores“, é possível optar por termos mais amplos, como “corpo docente”.
Diante de tanta diversidade, não há regras universais. O princípio, porém, é básico: respeito. Se você não souber como se referir a alguém, basta perguntar.
Também é fundamental respeitar o nome com o qual a pessoa se apresenta e não questionar qual seria o nome antigo. “Esse é um dos principais pontos para ser respeitoso com uma pessoa não-binária, porque o nome que você utiliza pode não refletir a identidade de gênero dela”, explica a fundação norte-americana National Center for Transgender Equality.
Apesar de não ser nova, a não binariedade ainda é desconhecida por muitos e frequentemente é alvo de discriminações e atitudes desrespeitosas. Por isso, é importante ter em mente que a forma como você deseja ser tratado não necessariamente é a maneira mais adequada de tratar outras pessoas e que a identidade de gênero é uma experiência interna e individual.
Fonte: Revista Galileu | Globo