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Quais são as bandeiras LGBTQIA+ e o que elas significam?

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Veja algumas bandeiras LGBTQIA+ e o que elas significam (Foto: Mercedes Mehling/Unsplash)

Caminhar contra a opressão é um desafio antigo (e ainda persistente) para pessoas que não se encaixam na visão tradicional, conservadora e permanente de sexualidade e gênero. A partir da Revolta de Stonewall, em 1969, o movimento LGBTQIA+ passou a ganhar força e a se organizar: anos depois, surgiriam as primeiras marchas que unem a resistência ao orgulho de ser — lésbica, gay, bissexual, pansexual, transgênero, queer, intersexual, assexual, dentre vários outros.

Embora tenham se fortalecido ao longo dos anos como um conjunto, cada letra da sigla representa um grupo de pessoas singular que se refere a orientação sexual e/ou identidade de gênero. Além do que é pretendido pelo movimento como um todo, esses coletivos têm reivindicações próprias. As bandeiras e os símbolos são duas formas de buscar visibilidade e demonstrar orgulho dentro e fora da comunidade.

Confira a seguir as bandeiras utilizadas por alguns dos coletivos representados na sigla do movimento LGBTQIA+.

LGBTQIA+: Over the rainbow

Bandeira tradicional do arco-íris é comumente associada à comunidade LGBTQIA+ (Foto: ClkerFreeVectorImages/Wikimedia Commons)

O símbolo mais frequentemente associado ao movimento é o arco-íris, criado em 1978 pelo artista norte-americano Gilbert Baker. Exibida pela primeira vez na Parada Gay da Liberdade de São Francisco, nos Estados Unidos, a bandeira original tinha oito cores, das quais seis permanecem até hoje. Cada uma delas tem o próprio significado e o seu conjunto retrata a diversidade. O vermelho simboliza a vida; o laranja, cura ou saúde; o amarelo, a luz do sol; o verde, a natureza; o azul, a arte; e o lilás, o espírito.

Orgulho lésbico

Bandeira do orgulho lésbico homenageia mulheres perseguidas na Alemanha nazista e resgata sociedades matriarcais (Foto: Ensix/Wikimedia Commons)

Segundo o Manual de Comunicação LGBTI+ lançado pela Aliança Nacional LGBTI+ e pela Rede Gay Latino, o triângulo e o machado de duas lâminas são parte dos símbolos tradicionalmente usados por mulheres lésbicas. O triângulo preto era afixado nas roupas de mulheres consideradas “antissociais” na Alemanha nazista, categoria que incluía feministas, aquelas que não queriam ter filhos e lésbicas. Ele foi incorporado à bandeira como uma ressignificação que lembra aquelas que foram mortas e torturadas nos campos de concentração.

O machado, também chamado de labrys, resgata a força de guerreiras amazonas e sociedades matriarcais que o tinham como emblema. Ao fundo, o roxo faz menção ao episódio, em 1969, em que a ativista feminista Betty Friedan chamou as lésbicas de “ameaça lavanda”. Essas, por sua vez, acabaram por incorporar a cor à sua luta.

Outras versões de bandeiras lésbicas foram criadas sob alegação de que o desenho roxo com o triângulo e o machado teria sido idealizado por um homem gay e cis, o designer Sean Campbell, o que seria indesejável para um movimento exclusivo de mulheres. Os novos modelos, porém, também sofreram críticas de serem vazios de significado.

Orgulho bissexual

Criada em 1998, bandeira do orgulho bissexual representa pessoas que se sentem atraídas por dois ou mais gêneros (Foto: Michael Page/Queer Art History)

Para representar a orientação que se atrai por dois ou mais gêneros, a bandeira do orgulho bissexual foi criada em 1998 por Michael Page. Segundo ele, “a chave para entender o simbolismo da bandeira bi é saber que os pixels roxos são misturados imperceptivelmente tanto com a cor rosa quanto com a cor azul, assim como no ‘mundo real’, onde pessoas bi se misturam imperceptivelmente tanto nas comunidades gay/lésbicas quanto nas hétero”.

Na bandeira, portanto, o rosa pretende retratar o desejo por pessoas com a mesma identidade de gênero que a sua, enquanto o azul refere-se ao interesse por quem se identifica com um gênero diferente. O roxo simboliza uma intersecção dessas atrações.

Orgulho pansexual

Orgulho pansexual contempla pessoas que sentem atração independente de gênero — ou por todos eles (Foto: Wikimedia Commons)

Pode-se definir pessoas pansexuais como aquelas que se sentem atraídas por todos os gêneros ou independentemente do gênero. Na bandeira, a faixa azul representa atração por quem se identifica como homem, a faixa rosa, por quem se identifica como mulher, e o amarelo simboliza o interesse por pessoas que se identificam como genderqueernão binárias, andróginas ou agênero.

Orgulho trans

Bandeira do orgulho trans representa pessoas transexuais e travestis  (Foto: Monica Helms)

Criada em 1999 por Monica Helms, a bandeira do orgulho trans estreou na parada LGBT de Phoenix, nos Estados Unidos, em 2000. As listras em azul claro remetem à cor tradicional de meninos, enquanto o rosa se refere às meninas. A faixa central branca abraça quem está entre ambos os sexos (intersexo), em transição de um para outro ou ainda que se identifica com um gênero neutro ou indefinido. “O padrão é que não importa o caminho que você siga, ele é sempre correto, o que significa que nós nos encontramos em nossas vidas”, disse Helms, segundo o site Point of Pride.

Orgulho genderqueer e não binário

Pessoas genderqueer não se encaixam no padrão de cisnormatividade (Foto: Marilyn Roxie)

Baseada na estética de outras bandeiras, como as do orgulho trans e bissexual, o símbolo das pessoas genderqueer também é reproduzido a partir de barras coloridas. O modelo criado por Marilyn Roxie em 2010 busca representar indivíduos que não se encaixam na cisnormatividade, que é a imposição compulsória da cisgeneridade — quando a identidade de gênero está alinhada ao que foi socialmente atribuído ao sexo biológico do indivíduo.

O ponto de partida é que as identidades representadas pelas cores não são opostas ou separadas. A cor de lavanda é uma mistura das cores tradicionais de meninos e meninas e corresponde àqueles que consideram se encaixar nesses dois gêneros binários. O verde é o oposto: simboliza quem não se sente nem masculino nem feminino. Já o branco inclui pessoas que não se classificam pelo padrão binário. Conforme a bandeira passou a ser associada mais a pessoas genderqueer do que especificamente não binárias, estas últimas deixaram de se sentir representadas e, em 2014, criaram uma bandeira do orgulho não binário, que você vê abaixo.

Bandeira que representa pessoas não-binárias (Foto: Amousey/Wikimedia Commons)

Essa bandeira foi estabelecida não na intenção de substituir a bandeira genderqueer, mas sim de ser hasteada ao lado dela. O amarelo engloba pessoas cuja identidade de gênero não tem referência ao padrão binário; o branco representa indivíduos com muitos ou todos os gêneros; o roxo é para aqueles que se identificam com gêneros que misturam o feminino e o masculino; e o preto reúne quem se identifica como sem gênero.

Orgulho intersexo

Pessoas intersexuais nascem com características sexuais física ou com cromossomos que não se encaixam em um padrão corporal socialmente definido como masculino ou feminino (Foto: Reprodução Intersex Human Rights Australia)

Pessoas intersexuais nascem com características sexuais físicas e/ou uma configuração cromossômica que não se encaixa em padrões médicos e sociais para corpos femininos e masculinos. A bandeira do orgulho intersexo foi criada em 2013 pelo ativista Morgan Carpenter, que escolheu o amarelo, o roxo e o círculo central como símbolos que não fizessem referência a qualquer estereótipo de gênero. O círculo ininterrupto retrata a integralidade e completude das pessoas intersexuais, além de suas potencialidades.

“Ainda lutamos pela autonomia corporal e integridade genital, e isso simboliza o direito de ser quem e como queremos ser”, explica Carpenter, que se define como um homem intersexo em seu site. Sua fala faz menção às comuns cirurgias de adequação, que em geral buscam escolher um sexo para bebês que nascem com essa anatomia. Baseado em casos de não adaptação e rejeição futuras ao sexo designado após o nascimento, o ativismo intersexo defende o adiamento da intervenção até que a pessoa tenha idade suficiente para participar do processo.

Orgulho assexual

A comunidade assexual é composta por pessoas que não se sentem sexualmente atraídas por outras pessoas (Foto: Aven/Wikimedia Commons)

Para a escolha de uma bandeira que representasse pessoas assexuais — aquelas que não sentem atração sexual por indivíduos de nenhum gênero —-, a Rede de Visibilidade e Educação Assexual (Aven, na sigla em inglês) fez um concurso em 2010. A bandeira vencedora é composta por quatro faixas cujas cores compõem o logo da Aven. O Manual de Comunicação LGBTI+ explica que a listra preta simboliza a assexualidade; a cinza, a intersecção entre ser sexual e assexual; a branca, o desejo sexual; e a roxa, a comunidade.

Fonte: Revista Galileu | Globo
*Com supervisão de Luiza Monteiro

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