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Risco de morte entre pessoas trans é o dobro do que entre as cisgênero

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Uma análise com dados de 4,5 mil pessoas transgênero na Holanda mostra que o risco de mortalidade desse grupo é maior do que entre pessoas cisgênero. Considerando um período de quase cinco décadas, os resultados foram publicados no jornal científico The Lancet Diabetes & Endocrinology nesta quinta-feira (2).

O estudo contemplou aproximadamente 2,9 mil mulheres trans e 1,5 mil homens trans que frequentaram o Centro Médico Universitário (UMC) da Universidade de Amsterdã, entre 1972 e 2018, e receberam tratamento hormonal para afirmação de gênero. No início do acompanhamento, as mulheres tinham média de 30 anos de idade e os homens, 23.

A proporção de mortes no grupo foi comparada a taxas da população holandesa adulta provenientes do banco de dados nacional Statistics Netherlands (CBS). E a constatação é de que o índice se manteve mais alto entre pessoas trans ao longo dos mais de 40 anos da pesquisa. Cerca de 10,8% das mulheres transgênero e 2,7% dos homens trans que se voluntariaram morreram, o que representa um índice anual de 628 óbitos a cada 100 mil pessoas.

O risco de morte entre as mulheres trans foi quase 50% maior em comparação aos homens da população holandesa geral e quase três vezes superior ao das mulheres cis. Em relação a homens cisgênero, mulheres trans tiveram uma probabilidade maior de morrerem por doenças cardiovasculares e por câncer de pulmão. Elas também apresentaram o triplo do risco de morte por causas não naturais, sendo a principal delas o suicídio. E mais: nesse grupo, a propensão a morrer por infecção é cinco vezes maior e, se a doença for causada pelo vírus HIV, 15 vezes maior.

“Descobrimos que a maioria dos suicídios e mortes relacionadas ao HIV ocorreram nas primeiras décadas que estudamos, sugerindo que uma maior aceitação social e acesso a apoio e melhores tratamentos para o HIV podem ter desempenhado um papel importante na redução de mortes relacionadas a essas causas entre pessoas trans nos últimos anos”, pondera Christel de Blok, pesquisadora da UMC que contribuiu com o estudo, em comunicado.

A pesquisa mostrou ainda que, entre os homens trans, o risco de morte foi semelhante ao dos homens cis, mas o dobro em relação às mulheres cisgênero. A probabilidade de morrer entre os homens trans que iniciaram tratamento hormonal foi 2,5 vezes maior do que em mulheres cis e, de modo geral, óbitos por causas naturais foram três vezes mais prováveis.

“O tratamento com hormônios de afirmação de gênero é considerado seguro, e a maioria das causas de morte na coorte não foram relacionadas a isso. No entanto, como não há evidências suficientes no momento para determinar sua segurança a longo prazo, mais pesquisas são necessárias para estabelecer plenamente se eles afetam de alguma forma o risco de mortalidade para pessoas trans”, comenta Martin den Heijer, autor principal do estudo.

Fonte: Revista Galileu

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