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Higiene virou sinônimo de “bem-estar” na pandemia, conclui pesquisa

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Não há dúvidas de que a pandemia de Covid-19 alterou nossos hábitos de higiene. Lavar as mãos com álcool em gel e tirar os sapatos antes de entrar em casa estão entre as práticas que se tornaram regra número 1 em meio à disseminação mundial do novo coronavírus.

E não para por aí. A crise de saúde global também parece ter nos impulsionado a olhar para a higiene não só como uma forma de reduzir o risco de contrair a doença, mas como uma “aliada” na manutenção de nosso bem-estar emocional, segundo uma pesquisa qualitativa conduzida pela empresa alemã do ramo da perfumaria Symrise divulgada em coletiva virtual nesta quinta-feira (16).

Termos como “cuidado”, “aconchego”, “vivacidade”, “calma” e “bem-estar” foram utilizados pela maioria dos entrevistados para descrever as sensações associadas à higiene no mundo pandêmico. “A higiene agora não está mais só associada a funcionalidade. A limpeza se transformou em algo muito múltiplo, complexo e até mesmo emocional”, avaliou durante o evento Fernando Levy, diretor de marketing da divisão de fragrâncias para a América Latina, da Symrise.

Entre agosto e setembro de 2020, 154 consumidores foram ouvidos pela casa perfumista em seus sete países de atuação: Brasil, México, Estados Unidos, França, Alemanha, China e Índia. Com duração entre uma e duas horas, as conversas por videoconferência tinham como objetivo investigar se a pandemia havia alterado percepções e práticas de higiene pessoal.

Os resultados obtidos pela análise reforçam o que outros estudos já haviam demonstrado: as pessoas disseram ter aumentado sua preocupação com a saúde e adotado novos hábitos de limpeza por conta da Covid-19 — principalmente os brasileiros. Outra pesquisa feita pelo Instituto QualiBest divulgada em primeira mão pela GALILEU em março de 2020 revelou que sete em cada dez brasileiros tinham mudado seus hábitos de higiene desde que casos de infecção pelo coronavírus Sars-CoV-2 foram confirmados no país.

Recomendadas pelos órgãos de saúde para reduzir as chances de contrair o novo coronavírus, práticas que vão desde lavar as mãos com frequência até desinfetar superfícies também foram apontadas pelos consumidores entrevistados pela Symrise como “sinônimos de bem-estar”. Diante do medo de contrair o vírus ou transmiti-lo a familiares, por exemplo, os participantes parecem ter encontrado na higiene uma aliada à saúde emocional.

“Antes da pandemia a higiene era algo pessoal e individual, era o seu banho, era o que você escolhia para fazer a sua higiene. Mas agora ela passou a ser coletiva. Estamos trazendo mais higiene para nossa casa, meios de transporte, ambiente de trabalho e até mesmo para momentos de lazer. E ela se tornou coletiva porque a gente passou a entender que ela protege nossa família, nossos entes queridos, todos”, analisa Adriana Sayuri, diretora regional da área de percepções do consumidor e do mercado da empresa alemã.

Olfato

Um dos sentidos se sobressaiu em meio à rotina de higiene dos entrevistados: o olfato. De acordo com a casa perfumista, a maioria deles afirmou que quanto maior fosse a duração do cheiro de um produto, maior eficácia atribuíam à ele. Para os autores do levantamento, o fato de estarmos utilizando menos esse sentido durante a pandemia — seja devido ao uso de máscaras e à orientação de não levar a mão ao nariz, ou porque o perdemos temporariamente após a infecção — pode ter influenciado essa percepção.

A perda de olfato é um dos principais sintomas de Covid-19 (Foto: Richárd Ecsedi / Unplash)
A perda de olfato é um dos principais sintomas de Covid-19 (Foto: Richárd Ecsedi / Unplash)

O estudo de caso também sugere que a fragrância, uma característica que já era determinante para a compra de produtos antes da pandemia, pode ter se tornado ainda mais relevante em meio ao isolamento social. “A gente já sabe que brasileiros, por exemplo, amam produtos perfumados, mas estando dentro de casa o olfato ficou muito mais aguçado”, opina Marilia Duarte, perfumista da Symrise. Na pesquisa, a fragrância foi apontada como um “gatilho de sensações positivas”.

A  pesquisa qualitativa de pequena amostragem foi parte de um objetivo maior da empresa alemã: “decodificar” o perfil da fragrância que deverá ser mais agradável ao público para os cuidados pessoais e com a casa no mundo pós-pandêmico. Segundo a companhia, as entrevistas indicam que a resposta para o desafio provavelmente está mais próxima de um cheiro que cause sensações de “conforto” do que necessariamente algo mais “agressivo” como um produto de limpeza tradicional. O grupo aposta em uma mistura de limão, laranja, lavanda e madeira. E mais: segundo os consumidores entrevistados, esses produtos devem ser sustentáveis, de forma a não agredir o meio ambiente ou a biodiversidade.

O mix, segundo uma de suas idealizadoras, devolve ao público uma das sensações “sequestradas” pela pandemia: “te faz sentir como se estivesse sendo transportado para um passeio ao ar livre, ao ar puro”, descreve Lais Nascimento, avaliadora olfativa da Symrise.

Independente da solução encontrada ser ideal para os consumidores ou não, a casa de perfumaria diz ter uma certeza: a de que a busca por produtos de higiene aliados ao bem-estar não deve acabar com o fim da Covid-19. “Esses dois anos de pandemia vão fazer essa busca continuar, sem dúvidas”, espera Sayuri.

*Com supervisão de Larissa Lopes.

Fonte: Revista Galileu

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