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Mulheres e jovens se sentem “impostores” em certas disciplinas acadêmicas

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Sentir-se como um “impostor” é bastante comum em diversas áreas de trabalho, mas e no ambiente acadêmico? Um novo artigo publicado no periódico Journal of Educational Psychology procurou essa resposta e concluiu que esse sentimento ocorre de forma mais intensa entre mulheres, alunos de graduação e bolsistas de pós-doutorado.

O trabalho analisou questionários respondidos por mais de 4 mil pessoas de nove universidades dos Estados Unidos onde a pesquisa é uma atividade forte. Das ciências naturais e sociais, passando pelas humanidades e chegando até a medicina, foram contempladas as percepções de professores, bolsistas de pós-doutorado, residentes de medicina e alunos de graduação que representam mais de 80 campos de estudo.

A partir disso, foi possível avaliar as experiências que os participantes já tiveram com sentimentos de insuficiência (“Às vezes, eu tenho medo de os outros descobrirem a minha falta de conhecimento ou habilidade”, por exemplo) e coletar informações sobre a importância dada ao brilhantismo em cada esfera (“Pessoalmente, eu acredito que ser um grande acadêmico na minha disciplina requer uma aptidão especial que não pode ser ensinada”).

Os pesquisadores descobriram que quanto mais uma área exige brilhantismo ou talento puro para alcançar o sucesso, mais as mulheres e os jovens em início de carreira, como estudantes de graduação e bolsistas de pós-doutorado, afirmam se sentir impostores. “Muitos indivíduos de alto nível se sentem inadequados, apesar da evidência da sua competência e do seu sucesso”, constata, em nota, Andrei Cimpian, um dos autores do artigo e professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Nova York.

Esse tipo de resultado foi bastante observado entre mulheres que pertencem a grupos raciais e étnicos tradicionalmente sub-representados no ensino superior, como afro-americanas, latinas, nativas do Alasca, do Havaí e de outras ilhas do Pacífico, além de pessoas cujas raízes remontam a povos originários da América. “É provável que essas mulheres tenham sentimentos mais fortes da síndrome do impostor por terem o intelecto atacado por estereótipos negativos de gênero, raça e etnia”, avalia a pesquisadora Melis Muradoglu.

Além disso, o estudo concluiu que, independentemente de diferenças de gênero, estágio da carreira, raça e etnia, as pessoas que se sentem impostoras também relataram uma sensação de menor pertencimento à sua disciplina (devido a conexão e aceitação de colegas) e menor confiança quanto à própria capacidade de atingir sucesso no futuro — o que demonstra como a síndrome do impostor pode limitar o desenvolvimento profissional.

“Nosso artigo mostra que a emergência desses sentimentos é mais propícia em certos contextos (naqueles em que o brilhantismo é enfatizado), então é preciso reunir esforços para pensar como a educação superior pode criar ambientes onde todos os acadêmicos se sintam capazes de terem sucesso”, destaca Cimpian.

Fonte: Revista Galileu

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