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Entenda como funciona a vacina em adesivo que protege mais que injeção

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Um dispositivo criado por cientistas norte-americanos via impressão 3D promete colocar fim ao martírio de quem sofre com o medo de agulhas e reduzir problemas logísticos associados à seringa: uma vacina em formato de adesivo. Desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Stanford e da Universidade Carolina do Norte em Chapel Hill (UNC-Chapel Hill), ambas nos Estados Unidos, a invenção demonstrou oferecer maior proteção imunológica do que as doídas injeções intramusculares.

Formado por microagulhas impressas em 3D alinhadas em um adesivo de polímero, o dispositivo de um centímetro tem tamanho suficiente para atingir a pele e se dissolver no órgão. Em testes com animais, a tecnologia impulsionou uma resposta imune 50 vezes maior do que a vacina aplicada no músculo do braço, de acordo com estudo publicado no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences nesta terça-feira (28).

O “truque”, segundo os cientistas, é justamente esse: aplicar o adesivo diretamente na pele. Isso porque o órgão está cheio de células do sistema imunológico que são o alvo dos imunizantes. Na pesquisa, o adesivo foi aplicado na pele, pressionado por dois minutos e deixado colado à região por 24 horas.

Já que o dispositivo ofereceu uma resposta imunológica intensificada em camundongos, os pesquisadores acreditam que uma dose menor pode ser suficente para gerar uma eficácia semelhante à de uma vacina administrada com agulha e seringa.

Além disso, a vacina de adesivo também permite a autoaplicação. No futuro, essa vantagem pode eliminar alguns obstáculos logísticos que têm sido observados durante a pandemia de Covid-19, segundo os pesquisadores. Isso inclui a necessidade de armazenamento refrigerado das doses, profissionais da saúde treinados para aplicá-las e o deslocamento da população até o local de vacinação.

Uma vacina em formato de adesivo, por sua vez, pode ser enviada para qualquer lugar do mundo e aplicada sem a necessidade de um especialista. “Ao desenvolver esta tecnologia, esperamos estabelecer a base para um desenvolvimento global ainda mais rápido de vacinas, em doses mais baixas, de uma maneira sem dor e sem ansiedade”, avalia Joseph M. DeSimone, docente de medicina translacional e engenharia química na Universidade de Stanford, professor emérito da UNC-Chapel Hill e principal autor do estudo, em comunicado.

Mais versátil

Não é a primeira vez que cientistas criam adesivos de microagulha. No entanto, embora esses dispositivos tenham sido estudados por décadas, a recém-descoberta supera alguns desafios anteriores. Segundo os pesquisadores, a impressão 3D torna mais viável a personalização de adesivos que se ajustem a diferentes doenças, tais como gripesarampohepatite e até mesmo Covid-19.

Isso porque a maioria dos dispositivos com essa tecnologia são fabricadas a partir de modelos principais, que acabam reduzindo a versatilidade do produto. “Nossa abordagem nos permite imprimir diretamente em 3D as microagulhas, o que nos dá muita latitude de design para fazer as melhores microagulhas do ponto de vista de desempenho e custo”, explica Shaomin Tian, pesquisador do Departamento de Microbiologia e Imunologia da Escola de Medicina da UNC, e um dos autores da pesquisa.

E o futuro da imunização já bate à porta: uma equipe de microbiologistas e engenheiros químicos da instituição está formulando vacinas de RNA, como aquelas desenvolvidas pela Pfizer e pela Moderna contra a Covid-19, em adesivos de microagulha para testes posteriores. Ainda não é possível prever, entretanto, quando o método poderá ser utilizado em grande escala.

Fonte: Revista Galileu

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