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Estudo liderado por brasileiro compara técnicas de respiração contra dor

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Há muito se sabe que a respiração consciente e meditativa ajuda em vários problemas de saúde, incluindo a dor. Com esse objetivo, pesquisadores da Universidade de Michigan compararam dois tipos de respiração meditativa para reduzir a dor — a consciente tradicional e a de realidade virtual, ou seja, respiração consciente guiada por 3D.

Eles descobriram que cada respiração diminuía a sensibilidade à dor ao modular o córtex somatossensorial, uma região do cérebro responsável pelo processamento da sensação dolorosa, mas cada uma usava mecanismos diferentes. Os resultados do estudo estão descritos em artigo publicado no Journal of Medical Internet Research na terça-feira (12).

A conexão funcional com as regiões frontais do cérebro aumentou no grupo que utilizou a respiração tradicional. O professor Alexandre da Silva, autor do estudo, explica que isso acontece porque essa região está focada nos detalhes sensoriais internos do corpo, chamados de interocepção. “A respiração tradicional compete com os sinais externos de dor e inibe a capacidade do córtex somatossensorial de processar a dor”.

Esse processo segue a suposição comum de que a respiração atenta exerce seu efeito analgésico por interocepção, o que significa a reorientação consciente da atenção da mente para a sensação física de uma função de órgão interno.

No grupo da realidade virtual, os participantes usaram óculos especiais e assistiram os pulmões de realidade virtual em 3D, enquanto respiravam atentamente. A tecnologia foi desenvolvida pelo laboratório de Michigan, e os pulmões foram sincronizados com os ciclos respiratórios dos indivíduos em tempo real.

O processo forneceu um estímulo externo visual e de áudio imersivo. A sensibilidade à dor diminuiu quando as regiões sensoriais do cérebro (visual, auditiva) se engajaram com os estímulos sonoros e de imagem da realidade virtual imersiva. Isso é chamado de exterocepção, que sobrepôs a função de processamento da dor do córtex somatossensorial.

“Fiquei surpreso que ambos os métodos de respiração meditativa diminuíram a sensibilidade à dor, mas de forma oposta no cérebro, como yin e yang” disse Da Silva. “Um deles envolvendo o cérebro em uma experiência exterior 3D imersiva da nossa própria respiração, ou exterocepção – yang, e o outro focalizando no nosso mundo interior, interocepção – yin.”

Embora ambas as abordagens diminuam a sensibilidade à dor, a respiração consciente tradicional pode ser desafiadora porque requer atenção de longo prazo, além de foco em uma experiência abstrata, disse ele.

A respiração de realidade virtual pode ser mais acessível, especialmente para iniciantes, porque fornece um “guia visual e auditivo” imersivo para a experiência de meditação. “A respiração consciente em realidade virtual dá aos profissionais médicos outra opção possível para o alívio da dor e pode diminuir a tendência de confiar apenas em medicamentos para a dor, incluindo opiáceos”, comenta Da Silva.

A dor é processada por muitas regiões do cérebro que fornecem informações diferentes para a experiência global da sensação. Em estudos anteriores, o laboratório de Da Silva aprendeu que algumas dessas regiões podem ser visadas externamente pela neuromodulação, um processo pelo qual os impulsos elétricos são usados para modular diretamente a atividade cerebral.

No entanto, a intenção do estudo foi dissecar e compreender os dois mecanismos cerebrais para a modulação da dor por meio da respiração. Para isso, a equipe de Da Silva comparou os dois métodos de respiração, colocando um único termo do unilateral no ramo do nervo mandibular esquerdo do nervo craniano trigêmeo para cada participante — pense em uma pequena placa de aquecimento controlada por computador em seu rosto.

Para estudar os mecanismos cerebrais usados durante os dois tipos de respiração, os pesquisadores analisaram sua conectividade funcional associada, ou seja, quais regiões do cérebro foram ativadas e quando — durante cada tipo de respiração e estimulação da dor. Eles investigaram os efeitos agudos (mesma sessão) e longos (após uma semana) das técnicas de respiração e, na semana entre as duas sessões de neuroimagem, os dois grupos fizeram a respiração consciente tradicional em casa.

O grupo de pesquisa da Da Silva, que se concentra fortemente em enxaqueca e dor crônica, está trabalhando em opções para entregar esta experiência de respiração de realidade virtual por meio de um aplicativo móvel e estender seu benefício clínico a vários distúrbios de dor crônica, além do espaço do laboratório.

Fonte: Revista Galileu

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