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Região cerebral que responde ao toque no clitóris é mapeada pela 1ª vez

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Diferente do que ocorre com os homens – que já tem mapeada a parte do cérebro que corresponde à estimulação do pênis – a ciência não sabia até hoje qual região cerebral respondia à estimulação do clitóris nas mulheres. As primeiras pistas sobre o assunto foram reveladas em um estudo publicado em 20 de dezembro, na revista Journal of Neuroscience, por pesquisadores da Alemanha. E mais: os cientistas agora sabem que existe uma relação entre a frequência das relações sexuais e o desenvolvimento dessa região.

O estudo foi realizado a partir de uma experiência com 20 voluntárias entre 18 e 45 anos. Pesquisadores observaram a frequência cerebral delas enquanto tinham o clitóris estimulado por uma ferramenta desenvolvida especialmente para o experimento. Uma das dificuldades em estudos anteriores era que a estimulação não era uniforme em todas as voluntárias: muitas acabavam tocando outras partes do corpo, o que dificulta a localização da parte do cérebro que correspondia exatamente ao toque no clitóris.

Desta vez, com o uso de um objeto circular que promovia vibrações unicamente sobre a região genital, ficou evidente que a parte do cérebro que responde aos estímulos do clitóris está no córtex somatossensorial primário, próxima à área que responde pelo quadril no mapa cerebral – um resultado parecido com o dos homens. Ainda assim, a localização variou um pouco de uma mulher para outra.

A região do cérebro que responde ao toque no clitóris é próxima do quadril no mapa cerebral (Foto: Knop et al., JNeurosci 2021)

Um outro achado importante da pesquisa foi em relação ao tamanho dessa região cerebral. Os cientistas conseguiram constatar que as mulheres que relataram ter mais relações sexuais tem a região cerebral correspondente mais desenvolvida. “Encontramos uma associação entre a frequência da relação sexual e a espessura do campo genital mapeado individualmente”, afirmou em entrevista à Agência France Press Christine Heim, professora de psicologia médica do Hospital Universitário de Berlim e uma das coautoras do estudo.

De forma geral, essa não é exatamente uma novidade na ciência: chama-se plasticidade cerebral. Quanto mais estimulamos uma região do cérebro, mais ela cresce. O que ainda não é possível afirmar, segundo os pesquisadores, é se essa região cerebral mais desenvolvida também corresponde a mais impulsos sexuais. Ou seja, ainda não dá para dizer que mulheres que fazem mais sexo tem a região cerebral correspondente mais desenvolvida e que, por isso, sentem mais prazer.

Por fim, o grande ganho da pesquisa segundo os próprios autores, é que os resultados poderão ser aplicados para entender também o caminho inverso. Algumas mulheres, como as que foram vítimas de abusos sexuais, podem ter essas regiões cerebrais menos desenvolvidas e, por isso,  enfrentam dificuldades de ter uma vida sexual saudável. A expectativa, afirmam os cientistas, é que os estudos sobre estimulação do clitóris e resposta cerebral ajudem a reabilitar essas mulheres.

Fonte: Galileu

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