O estresse da pandemia afetou a ovulação, mesmo que de forma imperceptível para a mulher, revela um estudo da Universidade de British Columbia, no Canadá, apresentado durante o último encontro anual da Sociedade Americana de Endocrinologia.
Segundo os autores, trata-se da primeira evidência de distúrbios ovulatórios sem mudanças na duração do ciclo associados à tensão causada pela emergência sanitária.
Para chegar à conclusão, os cientistas compararam dados de duas pesquisas similares, feitas com treze anos de diferença: uma conduzida entre 2006 e 2008 com 301 mulheres e outra que avaliou 112 voluntárias durante a pandemia. Ambas acompanharam pacientes de perfis semelhantes, com idades entre 19 e 35 anos e que não estavam tomando nenhum contraceptivo hormonal.
Além de colher dados sobre níveis hormonais e temperatura basal, elas também preencheram questionários sobre saúde em geral, estilo de vida e um diário sobre o ciclo menstrual.
Embora não sentissem mudanças no sangramento, dois terços das avaliadas na pandemia não estavam ovulando normalmente – contra apenas 10% no primeiro estudo. Sem a mulher perceber, houve uma alteração nos níveis de progesterona que levou a ciclos sem liberação de óvulo ou com uma fase mais curta após a ovulação, o que atrapalha gravidez. Essas pacientes também tiveram maiores níveis de ansiedade, depressão, problemas de sono e dor de cabeça.
“Apesar de serem dados preliminares, são muito pertinentes pois sabe-se que o estresse pode afetar a ovulação”, observa o ginecologista Sérgio Podgaec, do Hospital Israelita Albert Einstein. Tanto que isso acontece também em outras situações em que o organismo está esgotado, inclusive por excesso de atividade física em atletas de alto rendimento, por exemplo.
Tudo isso pode explicar dificuldades em conseguir engravidar naquelas que estavam tentando e não tiveram sucesso nos últimos meses. A boa notícia é que essas alterações são reversíveis, caso não haja nenhuma disfunção mais grave por trás do problema.
Fonte: Galileu