Em meio ao surto mundial de casos de varíola símia – com mais de 33 mil casos confirmados até o dia 10 de agosto –, autoridades de saúde tentam adquirir a vacina e imunizar pessoas consideradas de alto risco. Nesta semana, o ministro da saúde Marcelo Queiroga afirmou que está negociando a compra de 50 mil doses do imunizante com a Organização Panamericana da Saúde (Opas). As doses serão aplicadas primeiramente em profissionais de saúde que lidam diretamente a doença. Mas afinal, como é essa vacina? Quem a fabrica? O Brasil pretende produzi-la?
A vacina que o Ministério da Saúde pretende comprar é a Jynneos/Imvanex (ela recebe nomes diferentes dependendo do país em que é comercializada), produzida pelo laboratório dinamarquês Bavarian Nordic. Trata-se de uma vacina que contém uma forma atenuada (enfraquecida) não replicante do vírus Vaccínia Ankara modificado (MKA), que está relacionado com o vírus da varíola. Isso significa que o vírus não é capaz de se reproduzir e causar a doença em quem recebe o imunizante.
Ela é um pouco diferente da primeira versão da vacina contra a varíola, que foi amplamente usada na década de 1970 e ajudou a erradicar a doença globalmente. Segundo o infectologista pediátrico Alfredo Gilio, coordenador da Clínica de Imunizações do Hospital Israelita Albert Einstein, o primeiro imunizante era produzido com o vírus vivo replicante, ou seja, poderia causar a doença em alguns pacientes (especialmente naqueles com baixa imunidade) e tinha mais efeitos colaterais.
“Essa vacina não foi produzida de uma hora para outra, nem especificamente para combater casos de varíola símia. Ao longo do tempo, foram descobrindo outras vacinas contra a varíola até chegarem nessa versão do vírus vivo atenuado, com menos efeitos colaterais. Mas, como a doença estava erradicada, ela não existe em larga escala. Era usada apenas para situações específicas, por militares, por exemplo”, explica Gilio.
Fonte: Galileu