Entre altos e baixos ao longo das últimas quatro temporadas de The Handmaid ‘s Tale (ou O Conto da Aia), não foi sempre um percurso fácil o daqueles que acompanham a jornada de libertação de June Osborn (Elizabeth Moss) contra Gilead. Depois de uma primeira temporada de tirar o fôlego e duas seguintes que testaram os limites do espectador com a promessa de um clímax que nunca chegava, a quarta temporada veio potente, redimindo os deslizes anteriores da série e finalmente entregando o que esperávamos há tanto tempo: June estava finalmente livre. Mas será mesmo?
A quinta temporada de The Handmaid ‘s Tale chegou ao Paramount+ com expectativa de mais fúria e espírito de vingança do que nunca, enquanto as sobreviventes de Gilead vão descobrir se conseguirão superar os horrores do passado. No primeiro episódio, reencontramos June exatamente onde a deixamos, coberta com o sangue de Fred Waterford (Joseph Fiennes), exibindo-o como um troféu enquanto toma um suntuoso café da manhã com suas companheiras do espetáculo de retaliação da noite anterior.
Não demora até que a protagonista perceba que as consequências de suas ações escapam pelas pontas de seus dedos sangrentos, na medida em que as demais sobreviventes começam a exigir o mesmo destino de Waterford para seus próprios algozes. Em um misto de satisfação, culpa e tormenta, June segue seu caminho tentando compreender o que tinha colocado em movimento, e cai em desespero ao descobrir que Emily (Alexis Bledel) retornara à Gilead para terminar o que começou.
Ao mesmo tempo, Serena Joy (Yvonne Strahovski), que recebe a notícia da morte de seu marido, se vê calculando suas próximas jogadas para neutralizar a ameaça representada por June para o que restou de sua família. Parece encontrar, então, em um crescente grupo de apoiadores dos Waterford em Toronto, a estratégia que precisava para virar o jogo a seu favor.
Embora demonstre resquícios de luto sobre os restos mortais dilacerados de Fred, Serena também se situa na mesma encruzilhada de June. Se desde a temporada anterior temos aos poucos visto a personagem se reconstruir como a figura forte e autônoma de liderança feminina que um dia tinha sido, suas deliberadas recaídas aos costumes, trajes e ditados da Sra. Waterford, regados a flashbacks quase sentimentais de seu marido, colocam em questão qual versão de si mesma que ela optará por performar daqui pra frente.
Logo de início, a temporada dá indícios de que seguiremos o processo de reconcepção de si mesmas de June e Serena, ambas determinadas a fazer o que for preciso para proteger seus filhos. Talvez superando a fase da cumplicidade e dos grupos femininos de apoio comprometidos a deixar o passado para trás da última temporada, as furiosas compatriotas de June começam a perceber que nunca terão realmente deixado Gilead enquanto não tiverem justiça.
Embriagada pelas lembranças do que passou e do que foi capaz de fazer sob o manto da Aia, incapaz de perdoar a si mesma, June se vê em uma batalha interna para conseguir ser a pessoa que sua família precisa que seja. Se ao longo da árdua caminhada de June até aqui parte dela parecia acreditar que conquistaria a redenção junto com a liberdade, tudo indica que para ela agora está claro que não basta a uma mulher estar livre – não enquanto todas as outras não estiverem.
Fonte: Omelete