Foi só a palavra “mutação” ser falada em Ms. Marvel que o fandom da Marvel quase teve uma síncope. O diálogo, que veio acompanhado das primeiras notas do tema clássico dos X-Men, basicamente confirmou a existência de mutantes no MCU, algo reforçado em Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e, em breve, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre.
Acontece que, por enquanto, Deadpool 3 é o único filme relacionado aos X-Men incluso no calendário do Marvel Studios até 2025, quando Vingadores: Guerras Secretas supostamente encerra a Fase 6 e a Saga do Multiverso. Por mais que essa demora deixe o público ansioso, ela também nos dá a chance de pensar no que queremos que o presidente do estúdio Kevin Feige e companhia tragam da Era Fox — e o que gostaríamos que fosse totalmente diferente.
Abaixo, separamos algumas coisas que queremos ver quando os X-Men voltarem às telonas:
JUSTIÇA PARA O CICLOPE
Tanto o Ciclope de James Marsden, quanto o de Tye Sheridan foram desperdiçados ao longo da franquia X-Men da Fox. O primeiro, por exemplo, era basicamente um soldado de Xavier (Patrick Stewart), seguindo ordens quase cegamente e servindo como “complicação” para o romance entre Jean Grey (Famke Janssen) e Logan (Hugh Jackman). Já o Scott dos prelúdios não era nada mais do que um adolescente chato que passou dois filmes chorando pela amada.
Nos quadrinhos, o líder de campo dos X-Men é decidido, inteligente e um estrategista de primeira, características que nunca foram exploradas em live action, mas que são básicas para o personagem. A vida além do heroísmo também é extremamente importante para o Ciclope, que é conselheiro para muitos jovens mutantes, incluindo seus filhos, uma posição que ele até agora não exerceu nos cinemas.
Vale lembrar também que ele não é exatamente o escoteiro certinho que a Era Fox entregou ao público. Scott é teimoso, idealista e, de vez em quando, toma decisões extremas que o colocam em conflito com outros heróis. No MCU, ele finalmente tem a chance de ser explorado com a mesma profundidade dada a ele pelos quadrinhos. Quem sabe assim mais pessoas entendam por que ele é um dos melhores X-Men já criados.
KATE PRYDE
Mais conhecida como “Lince Negra” pelos fãs brasileiros, Kate é uma das personagens de maior desenvolvimento na história dos quadrinhos. Embora tenha sido apresentada como uma adolescente deslumbrada, ela cresceu de forma impressionante ao longo dos anos, já tendo servido como líder de campo dos Novíssimos X-Men e diretora da Escola Jean Grey de Ensino Superior ao lado de Logan. Hoje conselheira de Krakoa, tem uma personalidade fortíssima e um carisma que nunca nem chegaram perto de ser traduzidos para os cinemas.
Depois de duas aparições relâmpago nos primeiros filmes da Fox, Kate foi vivida por Elliott Page, que fez o melhor trabalho que pôde com o roteiro que lhe foi dado. Acontece que esse roteiro a relegava a mais um interesse amoroso de Bobby (Shawn Ashmore) do que a uma personagem própria e toda a profundidade que ela desenvolveu por décadas nas páginas foi completamente ignorada.
Kate já participou de grandes batalhas e fez grandes sacrifícios pela causa mutante, e vê-la ganhar o espaço que merece nos cinemas seria uma ótima recompensa para os fãs que cresceram junto com ela.
MENOS LOGAN
A volta de Hugh Jackman em Deadpool 3 é, ao mesmo tempo, animadora e preocupante. Animadora porque sabemos que ele e Ryan Reynolds têm uma boa química e que a junção dos dois pode resultar em um filme extremamente divertido. Mas ela também é preocupante pelo fato da franquia X-Men já ter se apoiado demais em sua versão do Logan e nada nos garante que não se repetirá com o terceiro longa do Mercenário Tagarela.
Quando o reboot dos X-Men enfim chegar ao MCU, uma boa dica seria afastar Logan um pouco dos holofotes, deixando outros mutantes tão incríveis quanto terem seus 15 minutos de fama.
Além disso, torná-lo uma espécie de coadjuvante de luxo também pouparia o ator que eventualmente assumir o papel, uma vez que com certeza será bem difícil lidar com as críticas de fãs saudosistas de Jackman.
DAFNE KEEN COMO WOLVERINE
Depois de viver Laura em Logan, Dafne Keen convenceu muitos fãs de que ela seria uma substituta à altura de Jackman — noção que foi confirmada por suas atuações em Ana e His Dark Materials. A atriz seria uma adição preciosa ao elenco dos X-Men no MCU, especialmente se sua personagem for desenvolvida de forma semelhante aos quadrinhos, onde assumiu o posto de Wolverine após a morte de Logan — manto que ela usa até hoje.
Com His Dark Materials prestes a acabar, Keen terá a agenda livre para empunhar as garras da Wolverine nos próximos anos.
ALGUMAS COISAS DE NOVOS MUTANTES
Tinha muita coisa errada em Os Novos Mutantes. O roteiro simplista, as falas racistas de Magia (Anya Taylor-Joy) e o embranquecimento do Mancha Solar (Henry Zaga), por exemplo, deveriam cair no esquecimento. Mas o filme também teve alguns pontos positivos. A própria escalação de Taylor-Joy como Illyana foi inspiradíssima e as atuações de Maisie Williams e Blu Hunt como Lupina e Miragem, respectivamente, carregaram o pseudoterror da Fox, e a Marvel poderia reaproveitar as atrizes de forma semelhante ao que tem feito com o Demolidor de Charlie Cox.
Os nomes chamativos de Taylor-Joy e Williams serviriam novamente como chamariz para o público, que pode aceitar mais facilmente o retorno da franquia caso veja alguns rostos conhecidos no cartaz.
O RETORNO DE THE GIFTED E LEGION
Sem ligação com os filmes da Fox, Legion e The Gifted eram duas das melhores séries de herói e foram canceladas em seus auges, quando a Disney adquiriu o estúdio rival. Caso realmente esteja a fim de agradar os fãs, o Marvel Studios precisa trazer as duas produções de volta, nem que seja para que elas se despeçam direito dos fãs — o que, convenhamos, é o mínimo.
KRAKOA
O atual isolamento dos mutantes na ilha-viva de Krakoa mudou o status quo dos X-Men nos quadrinhos, mas pode servir como a reintrodução perfeita para essa nova fase nos cinemas. O afastamento do restante do mundo explicaria o fato de os Homo superior não terem dado as caras ainda no MCU.
A criação de uma nação mutante também renderia uma bela trama política para o MCU, especialmente se comandada por cineastas que saibam equilibrar o mundo dos heróis com críticas sociais, como Ryan Coogler ou Cathy Yan.