O mês do Dia das Bruxas finalmente chegou e o Omelete já pode começar a sua melhor tradição do ano: a árdua tarefa de recomendar um filme por dia até o Halloween. Depois de listar os títulos essenciais do gênero, as cenas icônicas e os melhores personagens, 2022 veio com um tema nada fácil: as 31 mortes mais impactantes dos filmes de terror.
Seja por personagens queridos, por mortes esdrúxulas ou absolutamente brutais, durante os 31 dias de outubro vamos relembrar alguma despedida marcante da história do gênero mais desgraçado do cinema. Confira – e, obviamente, cuidado com spoilers!
01/10 – O SACRIFÍCIO DO PADRE KARRAS, EM O EXORCISTA (1973)
Warner Bros
O mês está só começando, então vamos com uma morte leve, mas definitivamente clássica. Leve porque o nosso querido Padre Karras se sacrificou para um bem maior, e seu destino conclui O Exorcista de modo positivo. Karras é uma das únicas na nossa lista de 31 mortes que, sejamos sinceros, veio para o bem.
Depois de duas horas de sofrimento da pobre Reagan, possuída pelo demônio Pazuzu, e a morte do Padre Merrin, Damien Karras (Jason Miller) perde a paciência com os meios convencionais e começa a espancar a garota, pedindo que a entidade o possua no lugar da criança. A vontade é concedida, mas assim que Damien começa a exibir as marcas do demônio no rosto ele se joga da janela, morrendo no fim daquela icônica escada. Sua morte marca tanto a conclusão de um arco – porque o padre sofria com uma crise de fé e salvar uma criança de um destino horrível acaba soando como sua redenção – como entrega um desfecho perfeitamente amargo para O Exorcista.
Onde assistir: disponível na HBO Max
02/10 – A PRECOCE MORTE DE CASEY, EM PÂNICO (1996)
Woods Entertainment
Não teria como fazer uma lista de melhores mortes do terror sem citar o assassinato de Casey Becker em Pânico (1996). Além de ser um dos momentos mais brilhantes e mais tensos dos slashers, a primeira morte da franquia se tornou um marco para a cultura pop e continua chocando até quem demorou 26 anos para assistir ao filme.
Para começar, a morte de Casey “acaba” com a participação de Drew Barrymore na franquia em apenas 10 minutos – e de quebra pegou de surpresa quem acreditou que ela seria uma das protagonistas do filme. Apesar de não ser a primeira vítima do Ghostface, toda a jornada da jovem até seu destino final é desesperadora: ela é perseguida pelo assassino dentro de sua própria casa, assiste à morte do seu namorado no quintal, é cruelmente assassinada e ainda por cima é pendurada em uma árvore para que seus pais a encontrem morta na frente de sua casa. Ela até pode não ser a protagonista do filme, mas no quesito morte, com certeza será uma daquelas que nunca vamos esquecer.
Onde assistir: disponível na Globoplay
03/10 – O RITUAL DOS VELHINHOS DE MIDSOMMAR (2019)
A24
Para muitos (assim como para esta que lhes escreve), a cena do ritual Ättestupa em Midsommar é uma das sequências mais inesquecíveis do cinema recente. São dois personagens pouco envolvidos na trama, mas o sacrifício dos anciões nesta vila sueca é não apenas absolutamente brutal como marca o começo do fim, a percepção de que esta comunidade aparentemente pacífica e bucólica tem suas sinistras excentricidades. Para a personagem de Dani (Florence Pugh) é aqui que ela é forçada a encarar a realidade da morte e de tudo que se passou com sua família.
O momento não é apenas gigante narrativamente, como a Ättestupa é também visualmente difícil de esquecer, porque Ari Aster insiste em prolongar a antecipação e focar no resultado fatal da sequência. Como se não bastasse, o diretor se delicia com o velhinho que permanece vivo, e insiste no absurdo com marretadas que, para alguns, acabam em risos nervosos.
Onde assistir: disponível na Globoplay
04/10 – A EXPLOSÃO EM CASAMENTO SANGRENTO (2019) (CUIDADO COM SPOILERS!)
Searchlight Pictures
Talvez, assim como a morte do padre Karras em O Exorcista, a explosão de toda a família Le Domas em Casamento Sangrento (2019) tenha sido um mal que veio para o bem na vida de Grace (Samara Weaving). Afinal, que atire a primeira pedra quem passou por um relacionamento um tanto “complicado” com o parceiro (ou ex-parceiro, depois da cena em questão) e não quis se livrar de tudo isso, incluindo de seus sogros e cunhados com tradições bem peculiares.
A tradição, nesse caso, trata-se de uma maldição que, sempre que alguém da família se casar, o novo membro deverá sortear uma carta para participar de um jogo. Se a carta sorteada for “Esconde-Esconde”, o resto da família deverá encontrar o novo membro e sacrificá-lo num ritual antes do amanhecer, ou todos morrerão.
No caso de Grace, a jovem consegue escapar do ritual e é aí que o banho de sangue começa: um a um da família, começando pela tia ranzinza Helene (Nicky Guadagni), começa a explodir numa cena belíssima e extremamente sangrenta. Alex (Mark O’Brien) ainda tenta se desculpar com a noiva, mas ela anuncia que quer o divórcio e assiste seu então ex-marido explodir bem na sua frente. Não tem como assistir toda a cena sem ficar com um sorriso no rosto, e também respirar aliviado!
Onde assistir: disponível no Star+
05/10 – A CARNIFICINA EM PAM DE MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (1974)
Vortex
Leatherface é um dos serial killers mais icônicos do terror, porque seu absoluto desprezo por seres humanos, combinado com seu estilo de açougueiro, é irresistível. No original Massacre da Serra Elétrica, quem sofre mais literalmente com seu estilo de matança é Pam – uma personagem que acaba desvirtuando a nossa lista por não morrer em tela, como a grande maioria.
Mesmo assim, Pam faz jus às mortes impactantes pelo seu destino no longa de 1974. Terceira a morrer, Pam entra na residência macabra dos Sawyers em busca de Kirk e, depois de se assustar prolongadamente com a decoração bizarra, tenta fugir. É aí que ela é capturada por Leatherface e colocada em um gancho, como carne em açougue. A partir daí só vemos Pam mais uma vez, no refrigerador, ainda viva – para nunca mais aparecer de novo. A teoria é que a garota foi servida naquele jantar da sequência final. Vai dizer que isso não te impactou?
Onde assistir: disponível no Looke, NetMovies e Oldflix.
06/10 – A MORTE DE CHARLIE EM HEREDITÁRIO (2018)
A24
Uma decapitação sempre será um momento extremamente chocante em qualquer filme de terror. Porém, a cena da morte de Charlie (Milly Shapiro) em Hereditário (2018) é, com toda a certeza, uma das sequências mais marcantes e desesperadoras do cinema recente. A cena em questão mistura tudo o que uma memorável cena de morte deve ter: angústia, choque e a necessidade de precisar de alguns minutos para digerir o que acabou de acontecer – qualidade também presente em Midsommar, outra produção de Ari Aster que já falamos por aqui.
Tudo começa após a garota comer um pedaço de bolo de nozes, ingrediente o qual é alérgica. O que acontece a partir dali é rápido e tenebroso. Ela entra no carro do irmão para tentar chegar ao hospital e, num momento de desespero, coloca a cabeça para fora para tentar respirar. A crueza da sequência é o que deixa quem está assistindo ainda mais impressionado, afinal, Peter (Alex Wolff) tenta desviar de um cervo e acaba arrancando a cabeça da própria irmã ao bater em um poste. O choque é tão grande que ele volta para casa sem nenhuma reação, com o corpo da irmã no banco de trás – e que será descoberto somente no dia seguinte por sua mãe (Toni Collette).
Essa não é a primeira cabeça decapitada no filme (e nem a última, não é mesmo Paimon?), mas com certeza é a que ficará na sua memória por um bom tempo.
Onde assistir: disponível na HBO Max
07/10 – A DIGESTÃO DE QUINT EM TUBARÃO (1975)
Universal Pictures/Divulgaçaõ
Por mais que seja (indiscutivelmente, ok?) um filme de terror, o clima dos colegas de barco de Tubarão vira e mexe nos distrai dos horrores que cercam os passageiros daquele barco que precisava ser maior. E é logo após um desses momentos – a noite em que Quint, Brody e Hooper finalmente se dão bem e cantam canções de marinheiro – que a criatura volta para o seu ataque final, que resulta na morte inesquecível do pescador.
Pode ter sido um momento recompensador pra quem torceu pelo mal do nosso mais carrancudo personagem, mas Quint era o mais experiente do barco, e sua morte não apenas marca o fundo do poço para a jornada de nossos personagens, antes da conclusão final, como é visualmente inesquecível. O jeito que Steven Spielberg capturou a morte de Quint é mais uma comprovação da realização absurda de Tubarão, uma que certamente não seria feita do mesmo modo hoje em dia. Com apenas efeitos práticos e uma criatura que é amedrontadora exatamente por seus “olhos mortos”, Quint se vai devorado pelo tubarão em uma cena dramática que merece ser revista várias vezes.
Onde assistir: disponível na Netflix, Prime Video, Globoplay e Net Now.
08/10 – ASHLEY E ASHLYN SENDO QUEIMADAS VIVAS EM PREMONIÇÃO 3 (2006)
Divulgação
Premonição talvez tenha deixado uma legião de pessoas traumatizadas (assim como eu) com coisas simples do dia a dia. Desde seu primeiro filme, no início dos anos 2000, os longas apresentaram uma vasta seleção de mortes absurdas, que vão desde ter a cabeça esmagada pelo aparelho de musculação até ser sugado pelo ralo da piscina, mas nenhuma foi tão inesquecível quanto a câmara de bronzeamento em Premonição 3 (2006).
O vilão aqui é apenas o destino, e Ashley e Ashlyn com certeza não tiveram medo da morte quando resolveram se aventurar em uma câmara de bronzeamento questionável. Sem ter como escapar, a dupla é queimada viva após uma bebida causar curto circuito nas camas e uma prateleira trancar as duas dentro do aparelho, que atinge temperaturas mortais. Tudo fica ainda melhor quando os caixões da dupla aparecem lado a lado, assim como o local onde morreram, o que marca a sequência como uma das melhores mortes de toda a franquia.
Onde assistir: disponível na Globoplay
09/10 – A DECAPITAÇÃO DE PAMELA VORHEES EM SEXTA-FEIRA 13 (1980)
Paramount Pictures
Pamela Vorhees, a assassina do primeiro Sexta-Feira 13, tem apenas alguns minutos de tela, mas sua simples existência é um ato revolucionário no terror. Ela chega invertendo expectativas do nosso assassino – mesmo pra quem chega décadas depois aguardando a revelação de um Jason – mas infelizmente a psicopata se despede cedo demais.
O fim de Sexta-Feira 13 funciona perfeitamente bem (melhor que o resto do filme todo, diga-se de passagem), desde a revelação de Pamela até a sua decapitação. Enfrentando Alice na beira do lago do acampamento Crystal Lake, Pamela briga com a motivação de uma mãe vingativa, mas o confronto infelizmente acaba em sua decapitação. Como se não bastasse, seus últimos segundos contam com uma revolta sem-cabeça, expressa apenas pelas suas mãos.
Onde assistir: disponível na HBO Max.
10/10 – A ESCOLHA BRUTAL DA ARMADILHA DE URSO REVERSA EM JOGOS MORTAIS (2004)
(Lionsgate Films)
Escolher apenas uma morte entre todos os filmes de Jogos Mortais é uma tarefa árdua. O item dessa lista, por exemplo, quase foi substituído pela morte do policial Sing (Ken Leung) na emboscada planejada por Jigsaw por causa do fator surpresa, mas no final, a clássica armadilha de urso reversa do primeiro longa foi a vencedora.
Dessa vez, a morte em questão não é da vítima capturada pelo icônico assassino, mas da única opção que ele deu para Amanda Young (Shawnee Smith) sobreviver: matar seu colega de cela e retirar a chave que a liberta da armadilha de dentro de seu estômago. Ao mesmo tempo que você acredita que a jovem não terá coragem de matar o homem para sobreviver, sabe pelo olhar da mulher que ela fará de tudo para salvar sua vida nos míseros 60 segundos até a armadilha disparar. É claro que James Wan transformou a cena em um dos momentos mais angustiantes dos últimos tempos, até porque não é todo dia que vemos alguém abrindo a barriga do parceiro a facadas e procurando em suas entranhas a chance de escapar da morte.
Amanda sobrevive (por enquanto), mas não podemos dizer o mesmo de seu colega e nem de como a cena ficou marcada na memória durante muitos anos.
Onde assistir: disponível na HBO Max e Star+
11/10 – FRANK DESTROÇADO EM HELLRAISER (1987)
Film Futures
Existe algo sobre o sangue anos 80 de Hellraiser que é particularmente inesquecível. E Hellraiser, de Clive Barker, tem algumas das cenas mais aflitivas e sanguinolentas da época, por mais que tenha passado por diversos cortes devido à censura. São diversas mortes e uma ressurreição bastante icônicas, mas se tem uma cena que é prolongadamente angustiante é a segunda morte de Frank, na reta final do longa.
Depois de ser atraído ao sótão por Kristy, Frank é subitamente capturado novamente pelos Cenobitas, que o prendem com um gancho inicial em sua mão. Se isso já foi aflitivo, a cena só se intensifica, e rapidamente: nosso antagonista principal é completamente enganchado pelos seres de outra dimensão, que o prendem em todo o seu corpo e seu rosto. “E Jesus chorou”, diz Frank, misteriosamente, antes de ser completamente dilacerado no sótão.
Onde assistir: disponível no Prime Video e na MUBI
12/10 – O DOLOROSO ASSASSINATO DE DEWEY EM PÂNICO (2022)
Paramount Pictures
Nunca faltaram mortes brutais em Pânico, mas nenhuma atingiu tanto o emocional dos fãs quanto a morte de Dewey Riley (David Arquette) no longa de 2022. Bem antes do filme ser lançado, já havia a expectativa de que um dos três sobreviventes da franquia tivesse um destino um tanto sangrento, mas ainda assim, ninguém realmente esperava que isso acontecesse — ou pelo menos que Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett não tivessem coragem de concretizar o que era óbvio.
Ao confrontar Ghostface enquanto Sam, Tara e Richie tentam escapar do hospital de Woodsboro, Dewey consegue atirar várias vezes no peito do assassino e faz com que o trio saia do local. Mas, como nem tudo é tão fácil assim, ele lembra de uma regra simples de qualquer filme de terror: se você não atirar na cabeça, é praticamente certeza que o assassino vai voltar.
O que acontece a partir dali é um dos momentos mais doloridos da franquia, com Dewey errando o tiro e sendo esfaqueado pelo Ghostface, que faz questão de cortá-lo pelo estômago e pelas costas. A cena se encerra com Gale (Courteney Cox) chegando ao hospital e se deparando com o corpo de seu ex-marido sendo levado para o necrotério, que com certeza vai te arrancar algumas lágrimas.
Onde assistir: disponível na Globoplay e NOW
13/10 – A CABEÇA PERFURADA DE PARIS HILTON EM A CASA DE CERA (2005)
*colaboração de Caio Coletti
“Veja Paris morrer!”, incitavam pôsteres, camisetas e artes promocionais de A Casa de Cera pouco antes do seu lançamento americano, em maio de 2005. A herdeira da rede de hotelaria Hilton era uma das figuras midiáticas mais ubíquas da época, estrelando reality shows, lançando canções de impacto surpreendentemente duradouro na cultura pop e aparecendo quase diariamente nas capas e páginas iniciais de tabloides físicos e virtuais. Sex symbol, ícone de moda e comportamento… e uma das mulheres mais amargamente odiadas da era da internet.
Quando ela apareceu como coadjuvante de um filme de terror, portanto, não foi o elemento surpresa sobre o seu destino que fez milhões comparecerem aos cinemas. A Casa de Cera sabia que muita gente queria “ver Paris morrer”, seja para exaltá-la como ícone pop ou satisfazer alguma curiosidade mórbida, alguma vontade mesquinha de ver a maior encarnação da alta sociedade reduzida à condição de vítima. O diretor Jaume Collet-Serra entrega tudo o que todas essas pessoas poderiam querer: uma perseguição tensa de quase 7 minutos, que termina em um verdadeiro banho de sangue.
No final, ao se aproximar do corpo de sua vítima, o assassino não consegue resistir a sacar uma câmera do bolso e gravar um vídeo. Quem conseguiria? Ela é Paris Hilton, afinal de contas!
Onde assistir: disponível na HBO Max e no NOW
Fonte: Omelete