Um levantamento encabeçado por psicólogos da Universidade Estadual de Washington, nos Estados Unidos, aponta que jovens universitários que apresentam atração sexual por mais de um gênero — classificados, na pesquisa, como “bissexuais” — usam cannabis com uma maior frequência.
O estudo também sugere que esse consumo está ligado a problemas de saúde mental e ao que os pesquisadores chamam de “aprimoramento” experiencial.
Intitulada “A maconha no fim do arco-íris” (em tradução livre), a pesquisa contou com a participação de quase 4.700 estudantes com idades entre 18 e 30 anos de dez universidades dos Estados Unidos. Desses, 3.483 foram classificados como heterossexuais (74%), 105 como homossexuais (2%) e 1.081 como bissexuais (23%). Os resultados foram publicados no último dia 3 de janeiro no periódico Cannabis and Cannabinoid Research.
Em comunicado à imprensa, um dos autores do estudo, Kyle Schofield, conta que os pesquisadores usaram a “Escala de Motivos para uso da Maconha” (em tradução livre) para avaliar, dentre cinco possíveis explicações, a procura pela droga. São essas: sensação de melhora, conformidade, expansão dos sentidos, enfrentamento de uma situação e uso social.
Schofield afirma que, ao longo do levantamento, identificou-se que os bissexuais são os mais propensos a relatar o uso de cannabis com o objetivo de lidar com situações e melhorar sua saúde mental.
Segundo ele, o grupo apresenta níveis elevados de transtornos emocionais, como ansiedade social ou generalizada, depressão e tendências suicidas. “Pessoas não heterossexuais não enfrentam apenas os estresses corriqueiros da vida, mas, também, uma exaustão adicional relacionada a ser uma minoria sexual”, explica o pesquisador. “Para bissexuais, pode haver ainda mais tipos diferentes de estresse, uma vez que podem enfrentar discriminação por parte de gays [bifobia] e héteros [LGBTQIA+fobia]. Estresse adicional pode levar a resultados negativos de saúde mental”, complementa.
Nas análises produzidas, percebeu-se que existe entre os bissexuais uma procura forte da maconha para o aprimoramento próprio. A sensação está associada à prática recreativa do produto, “expandir a consciência, ser mais aberto a experiências e estimular a criatividade”, descreve Carrie Cuttler, professora-orientadora do estudo.
Os autores reconhecem que o levantamento foi limitado pelo uso de dados de atração sexual em vez de identidade sexual, mas desejam que os resultados estimulem novas investigações no assunto. “Espero que a pesquisa ajude a instigar futuros estudos em larga escala, em que as pessoas possam se identificar como gays, bissexuais ou heterossexuais, bem como aqueles com grandes amostras de outros grupos menos estudados, como os transgêneros”, diz Cutler.
Fonte: galileu