A passagem de janeiro para fevereiro vai ser marcada por uma semana cheia de indicadores econômicos e decisões importantes que prometem mexer com os mercados. Na primeira super quarta-feira do ano (1), o Banco Central do Brasil e o Federal Reserve, nos Estados Unidos, decidirão sobre o futuro da política monetária.
Em Brasília, termina o recesso parlamentar e os líderes do Senado e da Câmara serão eleitos na próxima quinta-feira (2). “Vai ser crucial monitorar eventuais indicações sobre a reforma tributária e a nova âncora fiscal, que serão os destaques da agenda legislativa este ano”, escreveu Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú.
O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne a partir de terça-feira (31) e é praticamente uma unanimidade no mercado que a Selic será mantida no atual patamar de 13,75% ao ano. O ciclo de alta da taxa básica de juros foi interrompido no último mês de setembro, após doze elevações consecutivas.
Segundo o economista do Itaú, o BC manterá a Selic estável para assegurar a convergência da inflação à meta no horizonte relevante de política monetária.
“Como de costume, o Copom deve reforçar que se manterá vigilante como forma de perseverar no processo de desinflação até que haja convergência às metas e as expectativas de ancoragem sejam alcançadas”, diz o relatório de Mesquita.
“Ao mesmo tempo em que a maioria dos economistas concordam que a Selic deve ser mantida em 13,75%, todos estão ávidos por entender como o Copom vê o atual cenário, com riscos vindos da parte fiscal, onde uma nova âncora fiscal ainda será revelada, e a expectativa de mudanças nas metas de inflação”, afirma relatório do Bradesco.
Outro destaque da agenda da semana, aqui no Brasil, é a produção industrial do último mês de dezembro. O Itaú prevê uma queda de 0,1% em relação a novembro, com retração mensal de 0,5% do segmento extrativista e estabilidade na parte de manufatura.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) está previsto para ser divulgado na terça-feira (31). O Itaú prevê uma desaceleração na criação de empregos formais em dezembro.
Fed deve aliviar alta dos juros
Nos Estados Unidos, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deve desacelerar o ritmo de aperto monetário iniciado no ano passado. De acordo com o monitor de juros do CME Group, 98,4% dos analistas acreditam que as taxas serão elevadas em 25 pontos-base, para o intervalo entre 4,50% e 4,75%.
Mas a decisão sobre juros não é o único evento de importância na agenda americana. Na sexta-feira (3) será divulgado o payroll, com os dados oficiais do mercado de trabalho nos EUA. O consenso Refinitiv prevê que 185 mil vagas de emprego tenham sido geradas no país em janeiro (ante 223 mil em dezembro). E para a taxa de desemprego, projeta um crescimento de 3,5% para 3,6%.
Na quarta-feira, tem a pesquisa ADP, com a criação de empregos no setor privado. O consenso Refinitiv aponta para a abertura de 170 mil vagas. Nesse mesmo dia sai o relatório JOLTS, com o número de vagas em aberto no país – a média das projeções do mercado aponta para 10,2 milhões.
Na Europa, também tem decisão de política monetária. A expectativa é que Banco Central Europeu (BCE) eleve os juros em mais 50 pontos-base na reunião que termina na quinta-feira (2). Mas antes disso, na quarta, sai o índice de inflação ao consumidor de janeiro, com uma esperada desaceleração de 9,2% para 9,1%. A primeira prévia do PIB da região no quarto trimestre será divulgada na terça (31), com expectativa de estabilidade na comparação com o trimestre anterior e de crescimento de 1,8% na comparação anual.
Na Ásia, os mercados na China reabrem após os festejos de ano novo. Por lá, a agenda inclui uma série de índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) ao longo da semana. No Japão, logo na segunda-feira (30), saem dados de produção industrial, vendas no varejo e taxa de desemprego.
Agenda corporativa pesada
A temporada de balanços corporativos nos Estados Unidos segue a todo vapor, com os resultados das big techs no foco das atenções.
Na quarta-feira saem os números da Meta, dona do Facebook. Na quinta, é a vez de Alphabet (controladora do Google), Apple e Amazon. Investidores estarão atentos aos resultados, visto que essas empresas embarcaram em uma onda de demissões no começo do ano.
Aqui no Brasil, a temporada de resultados ainda está ganhando tração, e a semana traz apenas dois resultados de destaque. O da Indústrias Romi (ROMI3), na terça-feira, e o do Santander Brasil (SANB11), na quinta, primeiro grande banco a divulgar seu balanço trimestral.
Fonte: InfoMoney