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A Lua pode ganhar um fuso horário próprio; entenda por quê

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Tempo de referência no satélite começou a ser discutido em 2022, durante reunião no Centro de Tecnologia e Pesquisa Aeroespacial Europeia (ESTEC), na Holanda.

Com diversas missões lunares planejadas para a próxima década, organizações espaciais estão discutindo criar um fuso horário próprio para a Lua, que facilitará serviços de comunicação e navegação no satélite. A novidade foi divulgada em comunicado pela Agência Espacial Europeia (ESA) em 27 de fevereiro.

A ideia de estabelecer um horário para a Lua começou a ser discutida em uma reunião no Centro de Tecnologia e Pesquisa Aeroespacial Europeia (ESTEC), da ESA, realizada na Holanda em novembro de 2022.

O objetivo do fuso lunar faz parte de um acordo maior de arquitetura do satélite, chamado “Luna Net”. Conforme descreve Javier Ventura-Traveset, diretor de navegação da ESA, a iniciativa trata de “uma estrutura de padrões, protocolos e requisitos de interface mutuamente acordados, permitindo que futuras missões lunares trabalhem juntas, conceitualmente semelhante ao que fizemos na Terra para uso conjunto de GPS e Galileo”.

Por que ter um horário na Lua ?

Até agora, cada missão à Lua é operada em sua própria escala de tempo exportada da Terra, com antenas do espaço profundo usadas para manter cronômetros sincronizados com o tempo terrestre. Com o fuso lunar, as missões poderão interagir como nunca foi feito antes, realizando observações conjuntas e encontros de satélites.

A estação lunar Gateway estará aberta no futuro para estadias de astronautas e será reabastecida por lançamentos do Programa Artemis, da Nasa. Enquanto isso, numerosas missões não tripuladas também estarão em vigor. O módulo lunar europeu da ESA, European Large Logistics Lander (EL3), irá permitir o estudo de uma série de diferentes missões na Lua.

Wael-El Daly, engenheiro de sistema, conta que o programa Moonlight, da Agência Espacial Europeia, no qual ele atua, propõe um serviço de comunicação e navegação lunar, que precisará de uma escala de tempo comum para conectar as missões no satélite e facilitar correções de posição.

“Isso irá permitir missões manterem contatos vindos e para com a Terra e guiá-las em seu caminho ao redor da lua e na superfície”, ele afirma.

Impressão artística de um cenário de exploração lunar — Foto: ESA–ATG

Impressão artística de um cenário de exploração lunar — Foto: ESA–ATG

O Moonlight será acompanhado na órbita lunar por um serviço equivalente patrocinado pela Nasa, o Lunar Communications Relay and Navigation System. “Para maximizar a interoperabilidade, esses dois sistemas devem empregar a mesma escala de tempo, juntamente com as muitas outras missões tripuladas e não tripuladas que eles apoiarão”, diz a ESA.

A equipe internacional que trabalha para o fuso lunar enfrentará problemas técnicos, como alinhar horários da Lua com os da Terra. Acontece que os relógios no satélite funcionam mais rápido do que seus equivalentes terrestres – ganhando cerca de 56 milionésimos de segundo por dia. Sua taxa exata depende de sua posição, marcando de maneira diferente na superfície lunar e na órbita.

Para se orientar, a comunidade internacional também terá que estabelecer na Lua um “referencial selenocêntrico comum”, semelhante ao papel desempenhado na Terra pelo Quadro de Referência Terrestre Internacional (ITRS). Tendo acordado o fuso lunar, o mesmo poderá ser feito em outros destinos planetários, segundo espera Hufenbach.

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