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Invencível volta refletindo sobre culpa, luto e pertencimento

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Antes da estreia da primeira temporada, era fácil para o público mais casual de quadrinhos relevar Invencível como apenas mais uma produção de super-heróis procurando uma abordagem mais “radical” (entre muitas aspas) para aproveitar o sucesso de The Boys. Ao fim do primeiro ano, no entanto, ficou claro que, assim como a adaptação da HQ de Garth Ennis, a animação do Prime Video tinha muito mais a dizer do que apenas palavrões e sanguinolência, acompanhando personagens divertidos cujos desenvolvimentos vão além de algumas cenas de porradaria.

Ainda que a ação seja um dos grandes atrativos da produção, são as relações que ela apresentou que fazem de Invencível uma série tão engajadora. Na segunda temporada, a série desenvolve esses laços e os traumas que vêm atrelados a eles. Apesar do destaque dado ao luto e culpa sentidos por Mark (Steven Yeun) e Debbie (Sandra Oh) após a traição de Nolan/Omni-Man (JK Simmons), os novos episódios mergulham fundo nos efeitos que os eventos do primeiro ano tiveram em cada um dos personagens, e mesmo coadjuvantes menores como William (Andrew Rannells) e Donald (Chris Diamantopoulos) têm seus sentimentos colocados sob o microscópio.

Além de acompanhar Mark tentando se convencer de que pertence à Terra apesar de sua linhagem sanguinária, o segundo ano também traz uma importante discussão sobre responsabilidade. Debatendo os pormenores do papel assumido por Atom Eve (Gillian Jacobs) após deixar os Guardiões Globais, a série reforça a humanidade de seus super-heróis, mais suscetíveis ao erro do que as figuras quase divinas dos blockbusters de Marvel e DC. A duras penas, a heroína aprende que sua quase onipotência molecular não significa nada sem os devidos cuidados e precisa trabalhar a própria imaturidade quando confrontada pelas consequências de seus atos.

De forma geral, amadurecimento é o tema central dos novos episódios de Invencível. Sejam comuns ou superdotados, todos os personagens têm que, em algum grau, reavaliar cada passo que os levou ao ponto crítico em que se encontram atualmente e ressignificar seus propósitos após o maior herói do mundo matar milhares. Nesse contexto, Rudy (Ross Marquand), Rex (Jason Mantzoukas) e Dupli-Kate (Melise) protagonizam discussões surpreendentemente profundas sobre medo e mortalidade, em uma exploração de personagens que em pouco tempo supera o que foi feito no primeiro ano.

A seriedade com que trata de temas mais delicados não poda, no entanto, o bom humor característico da produção. Entre todas essas discussões, Invencível ainda encontra espaço para incluir algumas tiradas espirituosas e passagens otimistas, especialmente quando Allen (Seth Rogen) está em cena. Inspirado pelo que viu de Mark quando veio à Terra, o ciclope é um raro ponto de positividade honesta em meio ao humor sarcástico que domina o roteiro.

Diferentemente de The Boys, cujo humor é praticamente inseparável do goreInvencível aborda a comédia da forma mais humana possível, com os personagens usando piadas como uma forma de lidar com as situações traumáticas por que passam. Assim como acontece com muita gente na vida real, cada tirada irônica e alfinetada tenta esconder cicatrizes e inseguranças com os quais nem heróis, nem vilões têm coragem de lidar.

Outro grande diferencial desse ano de Invencível para o resto das produções de super-herói está na forma como a série usa o conceito “da moda” que é o multiverso. Conforme já adiantado há meses pelo estúdio — e há anos pelos gibis de Robert Kirkman — a trama multiversal existe nesta primeira metade da temporada, mas é mais contida do que o visto em produções recentes de Marvel e DC. Ao invés de ser apenas um atalho para fan-services insignificantes, a ideia é parte integral da história e da criação das principais ameaças da temporada.

Ao contrário do primeiro ano, em que seu foco era impressionar, Invencível volta para uma segunda temporada mais séria e intelectualmente mais condizente com sua classificação indicativa. Sem subestimar sua audiência nem o potencial de seus personagens, a série se mantém como uma das melhores produções de super-herói na TV atualmente, em um segundo ano que promete ser tão intenso e revigorante quanto a HQ que a inspirou foi quando chegou aos leitores nos anos 2000.

Invencível acompanha Mark Grayson (Steven Yeun), um adolescente que descobre que tem superpoderes iguais aos de seu pai, o maior super-herói do planeta. Ele precisa lidar com a responsabilidade de herdar a função do pai e, assim, proteger todo o mundo. Escrita por Kirkman, mesmo criador de The Walking Dead, a HQ durou 144 edições e se destacou entre as publicações de heróis nos anos 2000.

A nova temporada também contará com as vozes de Sterling K. Brown (This Is Us), Ben Schwartz (Sonic: O Filme) e Tatiana Meslany (Mulher-Hulk).

Invencível retorna com episódios semanais em 3 de novembro. A primeira temporada está disponível no Prime Video.

Fonte: Omelete

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