ATENÇÃO: Spoilers de A Casa do Dragão a seguir!
A segunda temporada de A Casa do Dragão, sucesso da HBO, já estreou – e trouxe com ela vários momentos conhecidos no mundo criado por George R. R. Martin. A trama da produção adapta o material que está no livro Fogo & Sangue, material esse que é escrito como um livro de história dentro do universo de Westeros, e por vezes possui várias versões diferentes para um mesmo acontecimento.
Para quem está curioso, o Omelete lista abaixo as diferenças entre o livro e a série nas principais cenas da segunda temporada:
CREGAN STARK E JACE NO NORTE
Um dos momentos mais aguardados pelos fãs da série (utilizado até no trailer da temporada), a passagem do príncipe Jacaerys pelo Norte é bastante breve – e diferente do livro. Após a coroação de Rhaenyra, no final da primeira temporada, fica decidido que o filho mais velho da Rainha voará em seu dragão até Winterfell para conhecer o Lorde Stark e buscar seu apoio para os Pretos.
A cena de Jace no Norte é a abertura da segunda temporada. Nela, temos um vislumbre de Winterfell, mas o desenrolar mesmo acontece na Muralha, quando Cregan Stark leva o jovem príncipe para conhecer a construção e observar as terras para lá da Muralha. Cregan conta sobre uma tradição entre seus familiares, de enviar um Stark à Patrulha da Noite periodicamente para fortalecer suas fileiras, e relembra quando seus antepassados levaram o rei Jaehaerys e a rainha Alysanne para conhecer a Muralha.
Além disso, a conversa se concentra em, basicamente, Lorde Cregan falando sobre os perigos que o Norte enfrenta com o inverno que está chegando, seu compromisso em proteger a região em primeiro lugar e muitas referências ocultas aos Caminhantes Brancos. A sequência termina com a chegada de uma mensagem de Pedra do Dragão, que possivelmente relata a morte de Luke.
No livro, o que sabemos sobre a passagem do príncipe pelo Norte está muito mais focado na relação entre ele e Lorde Stark. O relato é que a dupla se deu muito bem, em geral, mas existem três versões principais sobre os acontecimentos nesse momento: a primeira diz que Jace e Cregan se tornaram quase irmãos, bebendo e dançando juntos, e chegaram a firmar um juramento em sangue para consolidar a aliança política; a segunda, apontada como menos provável, diz que Jacaerys passou o tempo todo tentando converter o Stark à Fé dos Sete (versão essa contada por um septão, vale dizer).
Já uma terceira, e talvez a mais interessante entre elas, inclui a presença de Sara Snow, uma suposta irmã bastarda de Cregan. Segundo as fofocas de Cogumelo, um bobo da corte que serve como fonte para o livro, Sara teria perdido sua virgindade com Jace, o que deixou Cregan irado. Porém, a garota revela ao meio-irmão que o par teria se casado em frente a uma árvore coração antes de consumar o ato, e o Senhor do Norte teria se tranquilizado. Essa versão também é apontada como pouco provável, já que Jace estava prometido em casamento a uma de suas primas – a filha de Daemon e Laena, Baela.
Além disso, um boato relatado no livro é o de que Vermax, o dragão de Jace, teria deixado um montinho de ovos em Winterfell, mas essa informação é descredibilizada pelo meistre que “escreve” o livro.
ALICENT E CRISTON COLE
O primeiro episódio da nova temporada introduz uma nova relação na série: um envolvimento entre Alicent e Sor Criston Cole, o comandante da Guarda Real. As cenas da série mostram momentos de intimidade entre os dois, mas não esclarecem se eles têm algum tipo de relacionamento amoroso secreto, ou se apenas sexual.
No livro, tal envolvimento não fica claro em nenhum momento, mas não seria estranho se ele existisse no cânone literário também, já que seria uma relação guardada em segredo e, portanto, poderia ter se mantido longe das fontes oficiais. A adaptação se aproveita bastante dessas lacunas entre o que é dito e o que aconteceu “de verdade” para surpreender e detalhar a história sem mudar o material original (é o que acontece com a fuga de Laenor, por exemplo, que é dado como morto oficialmente – mas, mais trarde, descobrimos na série que ele forjou sua morte).
SANGUE E QUEIJO
O principal acontecimento do primeiro episódio essencialmente existe no livro, mas a sua adaptação foi bastante diferente nos detalhes. Na série, vemos Daemon pedir a ajuda de Mysaria para conseguir contatos em Porto Real que vingariam a morte de Luke. O príncipe vai escondido até a cidade e contrata um caçador de ratos do palácio e um Manto Dourado da Patrulha da Cidade para entrar na Fortaleza Vermelha e matar Aemond Targaryen. Caso ele não seja encontrado, a série deixa em aberto o que ele pediu para ser feito em prol de pagar “um filho por um filho”.
A dupla de assassinos então se esgueira pelas passagens secretas da Fortaleza, chegando a encontrar o rei Aegon em seu trono, mas acha o quarto de Aemond vazio. Com isso, eles passam a explorar outros cômodos até encontrarem o quarto dos gêmeos de Helaena e Aegon, no qual a rainha estava com as crianças. Eles decidem matar o herdeiro do rei, mas não sabem diferenciar o menino e a menina, que são idênticos. Então, um deles ameaça Helaena e pede para ela dizer qual dos dois é Jaehaerys, no que ela aponta para uma das camas. O segundo homem não acredita nela, mas o primeiro acha que ela diz a verdade, então o soldado da Patrulha da Cidade mata a criança que a mãe apontou, cortando sua cabeça fora. Nisso, Helaena pega Jaehaera, sua outra filha, e corre com ela pelo castelo até o quarto da mãe, onde a encontra com Sor Criston Cole e diz que mataram o menino. Vale ressaltar que Maelor, o filho mais novo de Aegon, não aparece ou é citado em nenhum momento.
No livro, Daemon está em Harrenhal quando a morte de Luke acontece, e o príncipe envia um intermediário à Baixada das Pulgas para contratar um ex-Manto Dourado e um exterminador de ratos para vingar o enteado. Não há detalhes sobre qual foi o pedido de Daemon, porém – se a ideia era matar Aemond ou sempre foi um dos filhos de Aegon -, embora especule-se que o alvo era o próprio rei. A dupla então teria entrado na Fortaleza Vermelha pelos túneis secretos, tal qual na série, e chegado à Torre da Mão, mais fácil de acessar que a Fortaleza de Maegor, onde fica a família real.
Sangue e Queijo, como ficaram conhecidos, invadiram o quarto de Alicent e a amarraram enquanto matavam sua criada. Depois, ficaram esperando Helaena chegar com as crianças, já que ela levava os três filhos para verem a avó antes de dormir. No momento em que ela chega, a dupla pega Maelor, o mais jovem entre os filhos de Aegon, e mata os guardas da rainha. Quando Helaena pergunta quem eles são, Queijo diz que são cobradores de dívidas e vieram pegar um filho por um filho.
Então, diz para a jovem rainha escolher qual dos dois ela quer perder – Maelor, de dois anos, ou Jaehaerys, de seis. Ela entra em pânico e pede para morrer no lugar dos filhos, mas isso é negado. Então, ela escolhe o mais novo para morrer (talvez pela idade ou por não ser o herdeiro, especula-se). Nisso, Queijo diz para Maelor que sua mãe o escolheu para morrer, mas sinaliza para Sangue, que mata Jaehaerys em seu lugar. Depois disso, Helaena nunca mais conseguiu mais olhar para Maelor, sabendo que havia o escolhido para morrer, e o garotinho passou a ser criado por Alicent. Também é citado que foi a partir disso que Helaena e Aegon passaram a dormir separados, e o rei se afundou na bebida.
As consequências são bastante parecidas nas duas versões: Sangue é encontrado nos portões da cidade tentando fugir com a cabeça de Jaehaerys, e acaba preso e torturado. Nisso, ele revela que teria sido mandado por Daemon e contratado por Mysaria. Sobre Queijo, Aegon manda enforcar todos os caçadores de ratos de Porto Real.
LUTA ENTRE ARRYK E ERRYK
O ápice do segundo episódio foi uma batalha dramática entre os irmãos gêmeos Arryk e Erryk, membros da Guarda Real que se dividiram em suas lealdades após a morte de Viserys – o primeiro se manteve ao lado de Aegon II, enquanto o segundo foi para Pedra do Dragão se juntar a Rhaenyra.
No capítulo dois da segunda temporada, sor Criston Cole está se sentindo culpado pela morte de Jaehaerys e desconta isso em Arryk, questionando a sua lealdade com a desculpa de seu gêmeo “vira manto”. Para provar que é fiel a Aegon, Cole pede que o cavaleiro se infiltre em Porto Real disfarçado como seu irmão, se aproveitando do fato de que os dois são idênticos. Arryk não tem opção senão aceitar, e parte para cumprir a missão.
Chegando lá, ele consegue se infiltrar no castelo e encontrar o quarto de Rhaenyra, pedindo para o outro Manto Banco trocar de posição com ele e deixá-lo na guarda da noite. Porém, ele cruza com Mysaria no caminho, e a espiã consegue avisar sor Erryk sobre a presença de seu irmão. O guarda leal à Rainha entra no quarto dela bem na hora que Arryk ia atacar Rhaenyra, e então um duelo tem início entre os dois – tudo isso com a rainha presente. Com a luta implacável, Rhaenyra se esconde, mas ainda está vulnerável quando outro membro de sua Guarda Real chega e a resgata, não conseguindo ajudar Erryk por não ser capaz de diferenciá-lo do irmão. No fim, Erryk mata Arryk, se ajoelha perante a rainha e enfia a própria espada em sua barriga, colocando fim à sua vida.
No livro, a ideia é a mesma, mas os detalhes diferem. Sor Arryk também é enviado à Pedra do Dragão por Cole com o objetivo de vingar a morte de Jaehaerys. Ele não ficou feliz com a ideia e foi até o septo pedir perdão à Mãe (uma das faces do Deus da Fé dos Sete) pelo que faria, mas não teve escolha e partiu disfarçado de pescador. O objetivo de sua missão, porém, é incerto: uma versão diz que ele foi enviado para matar Rhaenyra – essa sendo a escolhida pela série – e outra conta que ele deveria matar os filhos mais velhos dela, Jace e Joffrey.
A maior diferença entra aqui: sor Arryk nunca conseguiu chegar aos aposentos de Rhaenyra, pois encontrou seu irmão no caminho dos aposentos reais. Segundo as canções, os dois teriam dito “eu te amo, irmão” e então sacado as espadas. Os relatos ainda dizem que o duelo teria durado uma hora e ninguém conseguia ajudar, já que era impossível distingui-los. No fim, eles infringiram ferimentos fatais um ao outro e morreram abraçados, chorando.
Outra versão da luta diz que, na verdade, não teve muito amor envolvido: eles se acusaram mutuamente de traição e sor Erryk quase arrancou o braço do irmão fora, o matando com um corte na altura do ombro. Porém, Arryk cravou sua adaga na barriga do irmão, que levou quatro dias para morrer do ferimento e passou esse tempo amaldiçoando o gêmeo.
Fonte: Omelete