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Anita, a adolescente italiana que batalha contra o fechamento das escolas pelo coronavírus

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Anita Iacovelli (à esquerda) se senta ao lado da amiga Lisa Rogliatti em protesto pela reabertura das escolas de Turim, na Itália — Foto: Miguel Medina/AFP

A adolescente Anita Iacovelli, de 12 anos, se instala todos os dias em frente a sua escola em Turim, na Itália, para exigir a reabertura da instituição. O protesto se tornou símbolo do movimento de estudantes que se rebelam contra os fechamentos de locais de ensino por causa da pandemia de Covid-19.

Desde 6 de novembro, data em que o governo classificou o Piemonte como “zona vermelha” devido ao alto índice de infecções por coronavírus, Anita, acompanhada de sua mãe, vai todos os dias ao Colégio Ítalo Calvino para acompanhar as aulas on-line.

“Quando anunciaram que as escolas estavam fechando, pensei comigo mesmo que não aguentaria mais um ano com o sistema de educação à distância. É difícil me concentrar na frente do computador”, explicou à AFP-TV.

A jovem costuma sentar-se em uma cadeira e utilizar uma pequena escrivaninha que carrega de sua casa e por alguns dias é acompanhada de sua amiga Lisa e também de alguns alunos da Universidade Gioberti, localizada não muito longe, que defendem pacificamente o acesso à educação.

Todas as manhãs, Anita Iacovelli chega com sua cadeira rosa fosforescente e sua mesinha e se senta em frente à escola e coloca uma placa para explicar sua batalha:

“Presente! Escola com aulas é nosso direito. Prioridade à escola!”.

Envolta em seu casaco e com luvas de frio, a menina acompanha as aulas em seu computador e usa alguns livros e cadernos.

Protesto desta terça-feira (17) em Turim, na Itália, pela reabertura das escolas — Foto: Miguel Medina/AFP

A ministra da Educação, Lucía Azzolina, a parabenizou pela iniciativa e força de vontade e garantiu que as escolas serão reabertas quando a situação epidemiológica permitir.

“Ela me ligou e me deu os parabéns porque gostou da minha batalha, me disse que faria todo o possível para reabrir as escolas o mais rápido possível”, resumiu Anita à AFP-TV.

“Preciso de tudo relacionado à escola: as aulas presenciais, olhar nos olhos dos professores e não na tela, estar na companhia dos meus colegas, acordar de manhã e me preparar para ir à escola em vez de ficar em casa de pijama na frente do computador”, confessou.

‘Ela não pediu permissão’

Jovens protestam pela reabertura das escolas em Turim, na Itália, nesta terça-feira (17) — Foto: Miguel Medina/AFP

A mãe de Anita, Cristiana Perrone, apoia a luta da filha e garante que foi uma iniciativa dela.

“Ela não me pediu permissão, simplesmente me disse: ‘Vou me instalar na minha escola'”.

“Na manhã em que a região virou zona vermelha e eu disse a ela que as escolas iam fechar (…) ela ficou muito brava”, contou.

Em outras regiões da península, grupos de alunos aderiram à iniciativa e acompanham as aulas fora das instalações.

Segundo levantamento do site Studenti.it, do grupo editorial Mondadori, do qual participaram 30 mil alunos do ensino médio, 84% dos entrevistados perceberam como “negativas” as medidas impostas às regiões vermelhas, consideradas de alto risco, incluindo Lombardia, Piemonte, Vale de Aosta, Calábria, Toscana e Campânia.

Itália vê piora nos números

Funcionários entram em hospital de Nápoles, na Itália, com paciente em maca, nesta quinta-feira (12) — Foto: Filippo Monteforte/AFP

A Itália, que registrou a morte de 45 mil pessoas desde o início da pandemia, soma mais de 1,2 milhões de infectados.

Apenas entre segunda e terça-feira, o país registrou 731 óbitos por Covid, o pior número desde o início de abril, e 32.191 novos infectados — o que elevou o total de mortos para 46,4 mil e o de casos, para 1,2 milhão.

O país é o sexto em número de mortes (atrás de EUA, Brasil, Índia, México e Reino Unido) e o nono em número de casos.

Para tentar conter o vírus, o governo italiano decretou até 3 de dezembro um toque de recolher nacional entre as 22h e as 5h, restringiu o horário dos restaurantes e fechou cinemas, teatros, ginásios ou piscinas.

Fonte: G1

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