Adolescentes que tiveram uma criação com pais agressivos ou severos na infância podem ter estruturas cerebrais menores devido aos abusos sofridos no passado. É isso que aponta um estudo, realizado por um time de pesquisadores canadenses, e publicado nesta segunda-feira (22), no jornal científico Development and Psychology.
Os especialistas usaram dados de 94 crianças, que foram monitoradas desde o nascimento, no hospital Centro do Hospital Universitário Saint-Justine, na cidade de Montreal, Canadá. As informações, coletadas no início do ano 2000, foram fornecidas pela Universidade de Montreal e pelo Instituto de Estatística de Quebec.
Enquanto as crianças tinham entre 2 e 9 anos de idade, seus níveis de ansiedade e as práticas parentais às quais elas eram submetidas foram avaliados. Com isso, foi possível dividir os pequenos em grupos, com base na exposição (baixa ou alta) à agressividade dos pais.
Mais tarde, quando tinham idades entre 12 e 16 anos, os agora adolescentes foram avaliados com ressonâncias magnéticas e testes de ansiedade. Os pesquisadores notaram que os jovens que tinham sido submetidos constantemente à uma infância agressiva ou severa possuíam cérebros com estruturas menores.
Estudos anteriores já haviam mostrado que crianças que sofreram abuso grave têm córtex pré-frontal e amígdala cerebelosa menores. Essas duas estruturas são muito importantes, pois servem para a regulação emocional, estando relacionadas ao surgimento de ansiedade e depressão.
Agora, a nova pesquisa mostrou que essas mesmas regiões cerebrais são menores quando a criança chega na fase da adolescência, caso ela tenha sido alvo de práticas parentais severas. Isso mesmo que as vítimas não tenham sofrido abusos considerados “mais graves”.
Entre as práticas parentais abrangidas pelo estudo estão ficar com raiva, bater, tremer ou gritar repetidamente. Embora abusivas, algumas das atitudes são bem comuns ou consideradas “socialmente aceitáveis” no Canadá e no mundo todo, de acordo com os pesquisadores.