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Ventos 3 vezes mais velozes que tornados terrestres são medidos em Júpiter

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Concepção artística dos ventos estratosféricos perto do polo sul de Júpiter (Foto: Divulgação/ESO/L.Calçada & NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS)

Uma equipe internacional de astrônomos estudou um cenário do passado – a colisão de um cometa com Júpiter, em 1994 – e com isso mediu, pela primeira vez, ventos estratosféricos muito fortes na atmosfera intermediária do gigante gasoso. Os resultados foram aceitos em fevereiro e publicados nesta quinta-feira (18) no periódico europeu Astronomy & Astrophysics.

Os cientistas descobriram que, perto dos polos do planeta, o vendaval alcançou velocidades de até 1.450 quilômetros por hora (km/h). A descoberta é inédita porque é a primeira medição direta dos padrões de vento na estratosfera, que fica entre a atmosfera superior e baixa de Júpiter.

Anteriormente, pesquisadores já tinham estudado os ventos da baixa atmosfera, que são rastreados por meio das faixas vermelhas e brancas do planeta. Já na parte superior, já haviam sido observados brilhos chamados de auroras, que surgem nos polos e podem estar relacionados aos ventos.

Para fazer a medição da estratosfera do maior planeta do Sistema Solar, os astrônomos encontraram um novo desafio: eles não podiam medir a velocidade do vento por meio de técnicas normais de rastreamento de nuvens, pois não há nenhuma nuvem nessa região atmosférica de Júpiter.

Para contornar esse problema, eles recorreram ao antigo evento de colisão do cometa Shoemaker-Levy 9, de 1994. Acontece que o impacto de Júpiter com a rocha espacial naquele ano originou novas moléculas na estratosfera, que dão pistas sobre os misteriosos vendavais jupiterianos.

Uma molécula em especial, o cianeto de hidrogênio (HCN), ajudou os experts a medir as faixas estreitas de ventos – os chamados “jatos” estratosféricos, que eles tanto queriam mensurar.

“O resultado mais espetacular que obtivemos foi a detecção de jatos muito fortes, com velocidades de até 400 metros por segundo (m/s), localizados por baixo das auroras, perto dos polos”, conta, em comunicado, o líder do estudo, Thibault Cavalié do Laboratoire d’Astrophysique de Bordeaux, na França.

A velocidade citada pelo estudioso corresponde a 1.450 km/h e é mais de duas vezes a velocidade máxima da tempestade que ocorre na Grande Mancha Vermelha de Júpiter. Fora que é três vezes maior que a velocidade dos tornados mais fortes da Terra.

Para chegar nessas conclusões, os astrônomos utilizaram 42 das 66 antenas do telescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (Alma), parceiro do Observatório Europeu do Sul (ESO). O instrumento ajudou a analisar as moléculas de cianeto de hidrogênio na estratosfera de Júpiter.

Assim, além de confirmarem ventos polares nessa região, a equipe detectou que havia vendavais estratosféricos no equador do planeta cujas velocidades médias chegavam aos 600 quilômetros por hora (Km/h).

Tanto nos polos quanto no equador, foram apenas 30 minutos no telescópio para mensurar os ventos. “Os altos níveis de detalhe que conseguimos atingir em tão pouco tempo demonstram bem o extraordinário poder do Alma”, afirma Thomas Greathouse, cientista no Southwest Research Institute e coautor do estudo. “Achei surpreendente obter a primeira medição direta destes ventos”.

Fonte: Galileu

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