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Ferramenta de IA da Microsoft visa evitar desmatamento na Amazônia

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Com o objetivo de identificar riscos e prevenir queimadas desmatamento na Amazônia, a Microsoft se uniu ao Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e ao Fundo Vale para criar a plataforma PrevisIA, lançada nesta quarta-feira (4). A ferramenta de inteligência artificial (IA) dedica-se ao monitoramento de focos de incêndio e estradas legais e ilegais, além de se debruçar sobre dados da topografia, cobertura do solo e infraestrutura urbana na região.

A busca pela localização das estradas é fundamental para a conservação do bioma, uma vez que as vias não oficiais são um dos principais fatores de destruição: segundo estudo publicado no periódico Biological Conservation e apresentado durante o evento de lançamento da PrevisIA, 95% do desmatamento acumulado na região acontecem a uma distância de até cinco quilômetros de todas as estradas locais.

Por isso, entre 2006 e 2016, o Imazon fez o mapeamento de estradas a partir de imagens de satélite. Como todos os dados e ações eram digitalizados manualmente, havia sobrecarga e defasagem ao reunir todas as informações. “Criar uma capacidade computacional com processamento digital era uma necessidade para a identificação dessas estradas”, contou Carlos Souza Jr., pesquisador associado do Imazon, durante o evento. “E inteligência artificial é o caminho.”

Com base no conjunto de dados coletados ao longo de dez anos pelo instituto de pesquisa, o algoritmo da PrevisIA foi treinado para localizar o maior número possível de estradas. Assim, há otimização do tempo e do custo operacional em realizar a parte mecânica da análise, de acordo com Souza Jr.. Já o processamento de dados ficou a cargo dos recursos de nuvem de computadores da Microsoft que, junto à ação do algoritmo, aprimoraram o modelo de risco de desmatamento na Amazônia, incluindo terras indígenas e áreas de floresta protegidas.

Hoje, por exemplo, o mapa apresentado pela plataforma indica que 9.635 km² da Amazônia Legal estão sob risco alto ou muito alto de desmatamento, o que representa 29% da área. Desse total, mais de 4 mil km² estão em apenas um município, São Félix do Xingu, no Pará.

O que fazer com essas informações?

De acesso livre, a plataforma tem como objetivo engajar diferentes setores. “Além de fornecer dados estratégicos para órgãos públicos que têm o dever de proteger a floresta, a ferramenta possibilita o engajamento de toda a sociedade na defesa da Amazônia”, diz o site da ferramenta.

Interface da plataforma PrevisIA, iniciativa da Microsoft, do Imazon e do Fundo Vale (Foto: Reprodução)
Interface da plataforma PrevisIA, iniciativa da Microsoft, do Imazon e do Fundo Vale (Foto: Reprodução)

Além de indicar territórios vulneráveis a queimadas, a PrevisIA pode mostrar áreas de possível restauração florestal. A intenção do Imazon é que a PrevisIA seja atualizada a cada ano para manter o monitoramento e previsão dos riscos em dia. “No final, queremos errar essa previsão, porque se a prevenção contra o desmatamento acontecer, a gente vai manter a floresta e esse é o melhor resultado que a gente espera”, conclui o Souza Jr..

Segundo a diretora de Operações do Fundo Vale, Patrícia Daros, o sistema será útil para ajudar a produzir dados mais concretos para arranjos de REDD [Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação] que poderão ser adotados pela Vale em mercados de créditos de carbono.

O Fundo Vale é uma associação civil sem fins lucrativos mantida pela Vale. A empresa anunciou recentemente que pretende recuperar e proteger mais de 500 mil hectares de mata nativa na Amazônia até 2030, ação que faz parte da estratégia da companhia para se tornar carbono neutra até 2050. Vale lembrar, no entanto, que a mineradora é responsável pelo rompimento de barragens em Mariana Brumadinho, em Minas Gerais, que causaram mortes e danos ambientais.

*Com supervisão de Luiza Monteiro

Fonte: Revista Galileu

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