Com o crescimento do número de investidores na Bolsa de valores, profissionais buscam qualificação para atuar no mercado financeiro. Para isso, instituições nacionais e internacionais promovem exames de certificação direcionadas a diferentes atuações. Além de conhecer o objetivo de cada uma, quem deseja seguir o caminho profissional precisa de dedicação e estudo.
Enquanto alguns certificados funcionam como licença para trabalhar em determinada função, outros são distinções profissionais e acadêmicas, o que faz diferença na hora de aplicar para uma vaga ou almejar uma promoção.
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) é responsável por chancelar seis diferentes certificações: CPA-10, CPA-20, CEA, CFG, CGA e CGE. Ao todo, 684.027 profissionais possuem algumas das certificações. Na plataforma Educar, da Anbima, os interessados podem encontrar todas as informações de cada um dos exames, incluindo o calendário de provas e editais completos.
De acordo com a instituição, as chancelas funcionam para estabelecer princípios e padrões de conduta pelos profissionais no desempenho das atividades de prospecção ou venda de produtos de investimento, assessoria aos gerentes de contas de investidores e gestão profissional de recursos de terceiros.
Já para quem deseja trabalhar como analista, é necessário obter o Certificado Nacional do Profissional de Investimentos (CNPI), pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). Neste caso os analistas possuem chancelas diferentes para fundamentalistas, técnicos ou plenos.
Quem deseja atuar como Agente Autônomo de Investimentos (AAI), o órgão responsável é a Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord). Para planejadores financeiros, o certificado CFP é organizado pela Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar).
A Certificação CFA, sigla para Chartered Financial Analyst, é feita pela CFA Society Brazil. Essa categoria possibilita que o profissional atue como analista financeiro e de investimentos internacionalmente. Os candidados devem realizar os exames de três diferentes níveis. As incrições estão abertas e têm provas agendadas para fevereiro, maio e agosto.
Plano de carreira
Marcia Dessen, planejadora financeira CFP®️ e diretora da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), explica que o tempo de estudo para preparação para um exame pode ser cansativo, mas focando no plano de carreira, a conquista é essencial para ter distinção e destaque na profissão.
“O exame de CFP não é uma licença para trabalhar, mas é uma distinção de excelência. Renunciar tempo diário para focar no estudo vai dar orgulho tanto para o profissional quanto para a família”, comenta Dessen.
De 2019 para 2021, o número de inscritos passou de 4.885 para 9.299, um aumento de 90,3%. Já entre os aprovados, o número mais que duplicou, passando de 1.030 para 2.080. A próxima prova acontece em 1° de maio deste ano e tem inscrições abertas. Outras duas edições estão previstas para 2022.
Entre os AAI, o número triplicou em quatro anos, passando de 5,5 mil, em 2017, para 17 mil no fim de 2021, segundo a Ancord. Entre os analistas CNPI e variações, o número de profissionais certificados é de 1.186, de acordo com a Apimec.
Vale ressaltar que em janeiro deste ano, o número de investidores pessoa física na B3 chegou a 5 milhões, o que mostra a demanda crescente de profissionais habilitados.
Estudo e preparação
De acordo com Edgar Abreu, CEO da 4U Edtech e professor de cursos para certificações financeiras (CPA 10, CPA 20, CEA, Ancord e CFP), aponta que há dez anos, assim como o mercado financeiro brasileiro era embrionário, as certificações também estavam no início do desenvolvimento.
“Em 2004, as pessoas costumavam aplicar basicamente em poupança e, no máximo, em CDB [Certificado de Depósito Bancário]. Com a regulamentação dos Fundos de Investimentos, e consequente aumento de riscos, a necessidade desses profissionais e exigência de certificação passou a tomar espaço”, explica.
Segundo Dessen, da Planejar, ao fazer a inscrição, o candidato recebe um material de estudo, sem precisar de gastos extras com cursos. Ela ainda sugere que, apesar da diferença entre conhecimentos prévios e tempo livre para dedicação, em uma média de três horas diárias durante três meses pode ser considerado um bom período de preparação para o exame CFP.
Para Abreu, a extensão da necessidade de estudo varia de acordo com o exame, o tempo de atuação no mercado financeiro e o foco de cada candidato. “Um curso ou uma videoaula podem reduzir o tempo de dedicação, mas cada pessoa deve avaliar o esforço necessário”, comenta.
Confira a lista de certificações e custo médio das inscrições:
Certificação | Atuação | Custo médio da inscrição | Responsável |
AAI | Agente Autônomo de Investimento | R$ 460 | Ancord |
CEA | Especialistas em investimentos | R$ 899 | Anbima |
CFA | Analista financeiro e de investimentos | US$ 1,159 | CFA Society |
CFG | Gestão de Fundos e pré-requisito para CGA e/ou CGE | R$ 600 | Anbima |
CFP | Planejador Financeiro | R$ 1.430 | Planejar |
CGA | Gestão de Fundos de Investimento | R$ 688 | Anbima |
CGE | Gestão de Produtos Estruturados | R$ 688 | Anbima |
CNPI | Analista Fundamentalista | R$ 1.372 | Apimec |
CNPI-P | Analista Pleno (Fundamentalista + Técnico) | R$ 2.134 | Apimec |
CNPI-T | Analista Técnico | R$ 1.372 | Apimec |
CPA-10 | Distribuição de produtos de investimento em agências bancárias ou plataformas de atendimento | R$ 342 | Anbima |
CPA-20 | Distribuição de produtos de investimento para varejo alta renda, private, corporate e investidores institucionais | R$ 537 | Anbima
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Principais conteúdos
AAI
- Atividade do Agente Autônomo de Investimento
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- Lei nº 9.613/98;Circular BACEN 3.978/20; Resolução CVM 050/21 e Resolução 30/21
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- Conteúdo Brasileiro (CB) – para CNPI, CNPI-T e CNPI-P:
Sistema Financeiro Nacional, Mercado de Capitais, Mercado de Renda Fixa, Mercado de Derivativos, Conceitos Econômicos, Conduta e Relacionamento, Governança Corporativa, Relações com Investidores e Sustentabilidade. - Conteúdo Global 1 (CG1) – para CNPI e CNPI-P:
Análise e Avaliação de Ações e Finanças Corporativas; Contabilidade Financeira e Análise de Relatórios Financeiros. - Conteúdo Técnico 1 (CT1) – para CNPI-T e CNPI-P:
Fundamentos da Análise Técnica; Teoria de Dow, Conceito de Tendência, Figuras Gráficas, Teoria das Ondas de Elliott, Padrões Candlestick; Indicadores, Gerenciamento de Risco, Estratégias Operacionais e Trading Systems.
Fonte: E|investidor