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Biólogos descobrem como vírus causador de câncer evita resposta imune

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sistema imunológico humano trabalha diariamente na defesa do corpo contra infecções e doenças. Ao detectar um novo invasor, ele imediatamente envia uma resposta imunológica para atacar o problema. Entretanto, um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em 8 de agosto, revelou que um vírus causador de câncer, chamado herpesvirus associado ao Sarcoma de Kaposi (KSHV), desenvolveu um mecanismo para violar as defesas do corpo e driblar as respostas antivirais.

Desde 2015, o biólogo Fanxiu Zhu vem estudando este microrganismo com sua equipe de pesquisadores do Departamento de Ciências Biológicas e do Instituto de Biofísica Molecular da Universidade Estadual da Flórida, nos Estados Unidos.

Em geral, quando ocorre alguma invasão ao nosso organismo, os sensores imunológicos conseguem identificar rapidamente o RNA e DNA presentes no vírus e, assim, o atacam. Ou seja, para que um invasor permaneça no corpo humano é preciso que ele desenvolva mecanismos para enganar todo o sistema.

No estudo publicado neste mês, os pesquisadores descobriram que o KSHV possui uma proteína que pode inibir as ações da enzima cGas, um dos maiores protetores do sistema imunológico. A nova proteína foi chamada de KicGAS.

Segundo os biólogos, os detalhes desta descoberta ajudarão a compreender como o vírus evita efetivamente as respostas imunes, impulsionando o desenvolvimento e crescimento de tumores.

Ataque e defesa

A enzima cíclica GMP-AMP sintase, ou cGAS, é um dos sensores imunológicos mais críticos do hospedeiro. Ela detecta o DNA viral e se liga ao DNA de fita dupla para iniciar respostas antivirais que impedem ou reduzem a eficácia do invasor.

Como o cGAS atua como um guardião do sistema imunológico, ele acaba sendo o principal alvo de muitas infecções virais. O herpesvírus associado ao Sarcoma de Kaposi é um desses agentes infecciosos, um dos sete vírus conhecidos que causam cerca de 15% dos cânceres humanos.

Existem três tipos de câncer relacionados ao KSHV. O mais comum deles, o Sarcoma de Kaposi, é um câncer que acomete as camadas internas dos vasos sanguíneos e linfáticos e ocorre principalmente em pessoas com o sistema imunológico mais fraco, como HIV-positivastransplantadas e que tomam imunossupressores.

Como ocorre

Debipreeta Bhowmik, coautora do estudo, ressalta que, células cancerígenas geralmente replicam ativamente seu DNA com um sistema de controle de qualidade menos rígido. “[Desse modo,] os DNAs anormais das células cancerígenas são facilmente identificados pelo cGAS”, explica.

Neste estudo, os pesquisadores identificaram que a estrutura da proteína KicGAS, facilita sua ligação ao hospedeiro. “As unidades de repetição simples da proteína viral formam uma longa cadeia polimérica, explicando como ela se liga ao DNA de forma mais eficiente e consegue evitar a resposta imunológica” aponta Zhu. “A natureza polimérica inesperada dessa proteína viral a separa de outros parentes virais conhecidos, o que também sugere uma coevolução entre os vírus e seus hospedeiros”, completa.

“Descobrir os mecanismos subjacentes pelos quais o KSHV inibe o cGAS é essencial para entender como os vírus causam cânceres humanos e como a evasão das respostas imunes do hospedeiro contribui para o desenvolvimento de tumores”, conclui Bhowmik.

Fonte: Galileu

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