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Santo inova ao quebrar fronteiras linguísticas e reforça protagonismo feminino

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Imagine um mundo sem barreiras linguísticas, em que cada pessoa é perfeitamente entendida ao falar seu próprio idioma. Santo, nova série espanhola da Netflix com Bruno Gagliasso, inova ao optar por romper as fronteiras entre português e espanhol com personagens do Brasil, de Portugal e da Espanha, que se comunicam cada um em seu idioma. “Foi uma escolha do Carlos [López, criador] e acho que foi muito acertada. Poder fazer uma série internacional, interpretando um brasileiro e falando português, com atores espanhóis falando espanhol, é maravilhoso e é isso que a gente quer: quebrar as fronteiras”, disse Gagliasso, em entrevista exclusiva ao Omelete.

Essa fluidez permitiu uma atuação fiel à essência de cada personagem. “Nesta série, nenhum deles é linear. Nenhum é óbvio, não existe “mocinho”. Ao longo dos episódios, a gente vê a transformação na trajetória de cada um”, conta Gagliasso, que também revelou ter sido uma das preparações mais intensas pelas quais passou, mesmo depois de Marighella (2019). “A vida faz com que meu personagem confronte seus próprios demônios. Para isso, eu tive que conversar com os meus. Me preparei com a Fatima [Toledo, preparadora de elenco] e foi intenso. Ela trabalha com a verdade e, para chegar nesta verdade, foi bem complicado.”

Na trama, Gagliasso interpreta o policial brasileiro Ernesto Cardona, que procura Santo, um traficante cujo rosto ninguém conhece e está em Madrid. Ele precisa se juntar ao policial espanhol Millán (Raúl Arévalo, de O Mediador) nessa missão. Mas se engana quem pensa que o protagonismo é apenas dos personagens masculinos: as atrizes Victoria Guerra (3 Mulheres) e Greta Fernández (Elisa e Marcela) dão vida a Bárbara e Susi, respectivamente, duas personagens-chave na série. Bárbara é amante de Santo, enquanto Susi é uma policial também em busca do traficante.

“Para mim, isso [o protagonismo feminino] foi um dos pontos principais quando li o roteiro e que me fez pensar que queria muito fazer o papel. Na maior parte das vezes, a gente faz séries ou filmes em que o homem é o herói e protagonista, e em que a mulher é frágil. A Bárbara é muito diferente. É interessante que os homens são mais frágeis que as mulheres nessa série. Eu adoro isso”, explicou Guerra em entrevista ao Omelete. “Não é uma série de dois protagonistas policiais, mas de quatro protagonistas. As mulheres são muito poderosas”, completou Gagliasso.

Sobre a construção da personagem, Guerra disse que foi um grande desafio. “Bárbara é muito cerebral. É o contrário de tudo que tenho feito, eu sou muito mais emocional na forma como me preparo. E ela tem sua forma de ser, seu mistério. O trabalho que fiz foi muito interior e sobre como eu, enquanto mulher, imagino esse mundo. Mas também vi muitos documentários e séries, e trabalhei muito com meu preparador em Portugal”, contou.

Para eles, as ruas de Salvador e Madri não são apenas cenário e têm um papel importante para que as pessoas mergulhem na série. “O Carlos fala uma coisa muito interessante: apesar de ser uma produção espanhola, que se passa na Bahia e em Madrid, ele quer que os brasileiros se sintam parte dela. Não quer que seja uma história brasileira contada por um espanhol”, disse Gagliasso. “Essa junção de culturas é maravilhosa e super importante. Brasil e Espanha são personagens. Espero que o telespectador queira visitar o Brasil e a Bahia, queira conhecer o candomblé”, comentou Guerra.

O candomblé, religião de matriz africana, está muito presente em Santo e toda sua representação foi pensada e filmada com muito cuidado, conforme relata o elenco. “Fico muito orgulhoso disso. Nos preparamos com muito respeito. Nós tivemos um pai de santo [acompanhando o trabalho]. O Vicente [Amorim, diretor] é do candomblé e eu também. Fica muito clara a diferença entre uma seita criada para a ficção e a nossa religião”, contou Gagliasso. “Não sou do candomblé e não conhecia antes, mas pedi a autorização. Eu tenho certeza de que estava tudo bem feito, com muito respeito e dignidade”, completou Guerra. “Nunca foi sorte, sempre foi Exu”, concluiu Gagliasso, em referência àhomenagem do jogador Paulinho à religião quando conquistou o segundo título olímpico do futebol masculino brasileiro em 2021.

Santo já está disponível na Netflix.

Fonte: Omelete

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