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Escolas bilíngues e internacionais no Brasil cobram mensalidades de até R$ 12 mil; saiba como funcionam

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Se você quiser matricular seu filho em uma famosa escola bilíngue de São Paulo, no centro da cidade, terá de desembolsar R$ 7.800 por mês (basicamente seis salários mínimos). Caso opte por um colégio com currículo internacional, na zona sul, o investimento será ainda maior: R$ 172.400 por ano (uma tacada inicial de R$ 25 mil, seguida de 12 parcelas de R$ 12.200).

Até meados de 2020, não havia regras específicas para o funcionamento de instituições dessas modalidades no Brasil. Foi só em julho daquele ano que o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou um documento com os requisitos mínimos para que uma escola possa se autodenominar “bilíngue” ou “internacional”.

Não pense que basta ter uma horinha de aula de inglês por dia, viu? Entenda abaixo:

  1. Como funcionam as escolas bilíngues?
  2. Quantas horas de aula do idioma estrangeiro o aluno terá por dia?
  3. E as escolas internacionais? Qual a diferença?
  4. Quanto custa estudar em uma escola bilíngue ou internacional?
  5. Existem escolas públicas bilíngues?
  6. Existe uma idade ideal para entrar em escolas bilíngues/internacionais?
  7. Qual deve ser a formação dos professores?

✏️ Como funcionam as escolas bilíngues?

  • O currículo deve ser único, integrado e ministrado em duas línguas, em todas as etapas de ensino.
  • Os dois idiomas não podem servir só para o aprendizado linguístico. Eles devem estar presentes em todo o processo acadêmico (até nas aulas de química ou física!).

“O que se recomenda é que cada disciplina seja conduzida nas duas línguas, uma complementando a outra, sem traduzir ou repetir os conteúdos”, explica Rita Ladeia, mestre em linguística aplicada (Unicamp) e especialista em educação bilíngue. Por exemplo: em português, o aluno é apresentado aos conceitos gerais de fração. Depois, em outra aula, em espanhol, ele faz exercícios sobre o assunto.

⏰Quantas horas de aula do idioma estrangeiro o aluno terá por dia?

As normas do Conselho Nacional de Educação, de 2020, não chegaram a ser homologadas pelo Ministério da Educação na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (espera-se que o novo governo analise novamente o documento e o assine, dizem os especialistas ouvidos pelo g1). Ainda assim, as regras serviram como ponto de partida para que os estados implementassem seus próprios regulamentos.

Por recomendação do CNE, a carga horária da língua adicional deve ser a seguinte:

  • Educação infantil e ensino fundamental: de 30% a 50% do tempo;
  • Ensino médio: no currículo geral, o mínimo é de 20% das horas, com possibilidade de incluir itinerários formativos também no idioma estrangeiro.

🌍E as escolas internacionais? Qual a diferença?

Luciana Bretano, professora de cursos de especialização de bilinguismo, explica as diferenças:

  • As escolas internacionais são vinculadas a outros países, de onde virão as diretrizes curriculares. Um colégio americano que se instale no Rio de Janeiro, por exemplo, seguirá o sistema escolar dos Estados Unidos.
  • Os alunos têm algumas aulas de língua portuguesa e de cultura brasileira, mas o foco do projeto pedagógico é ensinar a “língua-alvo” (seja inglês, espanhol, alemão, francês etc.).
  • Por isso, diferentemente das escolas bilíngues, em que deve haver um equilíbrio entre as duas línguas, as internacionais acabam sendo mais “monolíngues”.
  • Exemplo: Avenues, escola de Nova York inaugurada em 2018 em São Paulo.

Rita Ladeia explica que, antes, as grandes escolas internacionais atendiam apenas aos filhos de diplomatas ou de imigrantes. “Hoje, elas acolhem quem tem dinheiro para pagar as mensalidades.”

💰Quanto custa estudar em uma escola bilíngue ou internacional?

As escolas internacionais tendem a ser mais caras do que as bilíngues. Veja alguns exemplos:

  • Stance Dual (bilíngue – SP): R$ 5.200 para educação infantil; R$ 7.800 para ensino fundamental I e II.
  • Graded – The American School (internacional – SP): R$ 9.959 de K3 (3 anos) até Grade 5 (10-11 anos); e R$ 12.228 de Grade 6 (11-12 anos) a Grade 12 (17-18 anos).
  • Escola Suíço-Brasileira (internacional – SP e Rio): no ensino médio, 12 parcelas de R$ 7.874 + anuidade de R$ 6.140 para despesas com livros, flauta, camisetas para educação física etc.
  • Avenues (internacional – SP): Para o berçário, anuidade de R$ 101.400 (depósito inicial de R$ 14.500). Em todas as outras etapas até o ensino médio, R$ 172.400 por ano (depósito inicial de R$ 25 mil).

🏫Existem escolas públicas bilíngues?

Embora pouco difundido, o sistema de escolas públicas bilíngues existe no Brasil, sim. O Rio de Janeiro, por exemplo, é um dos pioneiros: começou o projeto em 2013.

“Nos próximos anos, provavelmente todos os estados brasileiros terão colégios bilíngues gratuitos. É importante que toda criança brasileira, não só da elite, tenha direito a esse tipo de educação tão transformadora”, afirma Rita Ladeia.

🗣 Os estudantes tornam-se fluentes na outra língua?

Espera-se que os alunos atinjam os seguintes níveis de conhecimento da língua adicional, em escalas do Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (padrão internacionalmente reconhecido para mensurar a proficiência em um idioma):

  • até o 6º ano do fundamental, 80% dos estudantes no nível A2 do CEFR (compreendem frases isoladas e conseguem descrever, de maneira simples, situações do dia a dia);
  • até o 9º ano, 80% devem estar no nível B1 (intermediário);
  • até o 3º ano do ensino médio, 80% devem estar no nível B2 (pessoas independentes na comunicação).

O ideal é que avaliadores externos, de peso internacional, afiram os resultados dos alunos ano a ano.

👶 Existe uma idade ideal para entrar em escolas bilíngues ou internacionais?

  • Os especialistas são unânimes em dizer que, quanto mais cedo a criança começar a entrar em contato com uma segunda língua, mais acelerado será o processo de aprendizagem.
  • Mas não significa que, na adolescência, já seja tarde para entrar em uma escola bilíngue. Também há benefícios que vão além dos conhecimentos em um idioma estrangeiro, como a aquisição de uma memória de trabalho mais ampla e refinada, e capacidade de foco apurada.

Observação: pela resolução do CNE, os colégios bilíngues têm a possibilidade de cobrar taxas extras para a adaptação de novos alunos que anteriormente só tenham estudado em instituições monolíngues. Seriam quantias voltadas para aulas extras no contraturno, por exemplo.

👨‍🏫 Qual deve ser a formação dos professores?

Segundo o CNE, os professores das escolas bilíngues/internacionais devem ter concluído:

  • graduação em letras, pedagogia ou na disciplina lecionada (como matemática ou história),
  • comprovação de proficiência (CEFR) no idioma estrangeiro
  • e curso de educação bilíngue (seja mestrado, doutorado ou extensão).

Fonte: G1

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