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Review: RTX 4090 é uma das melhores GPU produzidas pra quem consegue bancar

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Já faz um tempo que trabalho analisando jogos e produtos aqui no Tecmundo e Voxel e a gente acaba se acostumando a ver as coisas de formas protocolares. Teclados, mouses, monitores? Claro, uma vez ou outra algum se destaca, mas a funcionalidade é quase idêntica entre eles. Contudo, de vez em quando, surge algum produto surpreendente: dessa vez, foi a RTX 4090.

Eu já tinha como GPU uma RTX 3080 Ti que, para o meu uso, já achava “overkill”, ou seja, rodava bem qualquer coisa em 4K e 60 fps e ainda tinha uma sobrinha para eventuais jogos mais pesados – salvo raríssimas exceções. Portanto, mesmo sabendo dos benchmarks e dados divulgados, fiquei curioso para saber o quanto mais a 4090 poderia oferecer. Para minha surpresa, a nova placa topo de linha da Nvidia é um canhão maior do que imaginei.

O setup utilizado

Antes de mais nada, vamos dar uma leve pincelada nas configurações utilizadas: algo importante para informar se há algum potencial gargalo na utilização da GPU ou até algum componente que corrobore nos resultados do teste.

Para testar a RTX 4090, o setup é parrudo e você confere abaixo todos os componentes utilizados em nossos testes:

  • CPU: Intel i7-13700K
  • Placa-mãe: Gigabyte Z790 Elite
  • Memória: 2×16 GB RAM DDR5 @6000 MHz
  • Armazenamento: SSD Kingston 1 TB @7000 MBs
  • Fonte: XPG Core Reactor 850W Gold
  • Gabinete: NZXT H7 Flow

Portanto, com uma placa-mãe de alto calibre e um dos melhores processadores do mercado, gargalo por CPU é algo que não aconteceu (ou, pelo menos, não que outra CPU muito melhor que mudaria os resultados), assim como problemas de ventilação ou falta de potência na fonte, já que a XPG de 850W dá conta da RTX 4090 (que é bem fominha por energia, diga-se de passagem).

Abaixo, você também confere todas as especificações da RTX 4090:

  • Teraflops: 82,6
  • Boost Clock: 2,54 GHz
  • Base Clock: 2,23 GHz
  • VRAM: 24 GB GDDR6X
  • Interface de memória: 384-bit
  • Largura de banda: 1,008 GB/s
  • CUDA Cores (shading): 16.384
  • Ray Tracing cores: 128 (3ª geração)
  • Tensor Cores: 512 (4ª geração)
  • Arquiterura: Ada Lovelace
  • DLSS: 3.0
  • Preço: US$ 1.599 ou R$ 15.999

Dito isso, vamos aos testes, que sempre usou todos os parâmetros no Ultra, ray tracing de todos os tipos ativos e DLSS em Qualidade!

Benchmarks de jogos

Hitman

Ao longo do tempo, Hitman da IO Interactive foi se tornando um jogo pesado: hoje ele suporta diversos tipos de ray tracing, por exemplo. Em nossos testes, por ser um game mais antigo, foi o único que ficou abaixo dos 60 fps com tudo no Ultra e DLSS no modo Qualidade. Seria possível ter performance estável diminuindo o DLSS, mas o DLSS 3.0 já consegue corrigir isso e ter uma performance excelente.

A Plague Tale Requiem

Esse é um claro caso de jogo 100% nova geração, que nos consoles tem quedas abaixo dos 30 fps (e sequer um modo de 60 fps). A Plague Tale Requiem é um jogo muito dinâmico que pode variar bastante a performance, mas no geral, ele consegue rodar tranquilamente em 4K e em taxas de quadro acima dos 100 fps.

Spider-Man Remastered

Sem dúvidas, esse é um caso curioso que mostra bem o uso do DLSS 3.0: com todos os parâmetros de ray tracing no Ultra, Spider-Man Remastered é um desafio para qualquer processador. Tanto que, se você notar no gráfico, a performance sem o recurso em 1440p ou 4K é bem similar, pois o gargalo é a CPU, algo que a nova tecnologia da Nvidia resolve.

Cyberpunk 2077

No futuro breve, Cyberpunk 2077 será um dos maiores benchmarks da linha RTX 40, já que terá o modo de ray tracing substituído por um de path tracing, nomeado de Overdrive, deixando os cálculos de luz muito mais realistas. Por ora, é um dos maiores marcos da 4090, que roda tudo sem problemas e duplica a performance com o DLSS 3.0. Quem diria que é possível jogar um dos títulos AAA mais pesados da atualidade em 4K, Ultra e 120 fps?

Dying Light 2

Infelizmente, Dying Light 2 estava com um bug que o DLSS 3.0 não funcionou (assim como o alcance de nível de detalhes no Ultra). Entretanto, é visível como um jogo que não rodava de forma alguma com todos os parâmetros máximo e em 4K na linha RTX 30 tendo uma folga grande na 4090.

*O DLSS 3.0 não estava funcionando corretamente

Portal with RTX

Certamente, o caso mais transformador do DLSS 3.0 é Portal with RTX, uma versão do clássico da Valve com path tracing. Utilizamos a configuração máxima de rebate de luz, no nível 8, e é notável como o próximo passo de ray tracing vai depender bastante do recurso da Nvidia, que chega a mais do que quadruplicar a performance.

A realidade dos benchmarks é que a RTX 4090 já é consolidada com folga para ser uma placa de vídeo voltada para resoluções 4K. Por ter tanta performance e alinhamento com o DLSS 3.0 (que falaremos a seguir), não há muitas vantagens em jogar em resoluções mais baixas, já que os processadores simplesmente não dão conta em lidar com tantos quadros por segundo.

Por ora, a placa de vídeo consegue executar qualquer coisa que você jogar com muita folga, sem precisar abaixar configurações, desligar ray tracing ou qualquer coisa do tipo, algo que, em muitos anos, não lembro acontecer (até mesmo GPUs como a RTX 2080 Ti ou a 3090 não davam conta de rodar alguns games específicos no máximo e em 4K durante suas datas de lançamento). Poder de fogo e quantidade de VRAM não parecem que vão se tornar defasados quando há tantos recursos à disposição.

DLSS 3.0: o novo milagre da Nvidia ou só perfumaria?

Junto com o lançamento da arquitetura Turing, da série RTX 20, a Nvidia lançou ao mercado duas grandes tecnologias que ditaram as próximas gerações de GPU e até mesmo os consoles de nova geração: o DLSS e o ray tracing, recursos que andaram de mãos dadas por um bom tempo.

Hoje, quatro anos depois do DLSS chegar ao mercado de uma forma bem capenga, mas com o passar dos anos ele chegou a um patamar que é quase essencial ter em qualquer lançamento para aproveitar os gráficos sem o detrimento da performance. Agora, chega o DLSS 3.0, uma tecnologia (até o presente momento) exclusiva para a arquitetura Ada Lovelace, das RTX 40. Mas será que é tão inovadora quanto o DLSS original, que hoje é padrão e inspirou recursos similares dos concorrentes?

Para quem está por fora, o Deep Learning Super Sample (ou DLSS) 3.0 utiliza os Tensor Cores das GPUs para criar frames “do nada”, utilizando dados de quadros anteriores e quadros futuros para mesclar um frame falso, apenas visual, que ajuda na contagem e gera fluidez. Por ser um quadro gerado artificialmente, na teoria ele não é “jogável” e apenas agrega à performance geral da jogatina, criando uma sensação tão parecida quanto de títulos rodando em contagem alta de fps.

Na prática, o meu sentimento é literalmente aquela piada dos anos 90, quando faltava RAM no seu PC e um amigo falava “ah, é só baixar mais na internet!”. A realidade é que não há solução mágica que aumente drasticamente a performance em PC gaming, mas o DLSS 3.0 muitas vezes parece exatamente isso: ative o recurso e, em alguns casos, dobre ou quadruplique a sua performance praticamente sem contrapontos – mas claro, isso varia caso a caso.

Uma das coisas que mais achei proveitosa ao utilizar o DLSS 3.0 é que ele consegue resolver alguns problemas que, atualmente, são insolúveis. Na versão de nova geração de The Witcher 3, por exemplo, não importa a sua configuração e sua CPU, o game vai cair para baixo dos 60 fps. Por quê? Simplesmente má otimização e gargalo no processador em mau uso de multithreads.

Nós jogamos em uma máquina com um Intel i7-13700K, um dos melhores processadores do mercado da atualidade e, mesmo assim, foi inevitável. Nessas horas, a geração de quadros da Nvidia brilha muito, pois a criação de frames por segundo não depende de nenhum outro componente do PC, aliviando momentos de estresse como esse. No cenário atual, por pior que esteja um jogo no computador, não vejo como o uso do DLSS 3.0 não resolveria o problema.

É difícil pensar em um cenário em que o DLSS 3.0 não vingue no mercado. Se sua primeira versão, mesmo com problemas, se tornou amplamente utilizada na indústria, sua terceira iteração deve ser ainda melhor. A Nvidia sempre trabalha com parceiros próximos e já há uma lista generosa de títulos com suporte à tecnologia.

Contudo, por ora há dois pontos negativos do recurso. O primeiro deles: há um aumento no tempo de resposta. Durante nossos testes, não senti nada que fosse muito impactante, mas é bom relembrar que o DLSS 3.0 sempre funciona em conjunto com o Nvidia Reflex para mitigar esse problema. Mas certamente não o vejo em utilização em jogos competitivos, que dependem bastante de redução de lag nos comandos. Na prática, você tem um tempo de resposta similar ou até melhor do que jogando em consoles como o PS5 ou Xbox Series X, mas não tão rápido quanto algo nativo do PC.

Já o segundo é um pouco mais subjetivo. Por se tratar de geração de quadros por IA, ele está longe de ser perfeito, especialmente por ainda estar em Beta. Algumas pessoas sentem que em jogos mais rápidos e dinâmicos, como Spider-Man Remastered, o cálculo para criar frames entre dois quadros pode gerar mais artefatos, erros e inconsistências na imagem, como mesclagem errada de elementos transparentes, interface e outras coisas.

Eu, particularmente, não senti incômodo, mas isso pode variar. Certamente em games mais cadenciados, como A Plague Tale: Requiem ou The Witcher 3, isso é até bem difícil de notar, gerando zero problemas. A Nvidia trabalhou bastante na segunda versão e reduziu ou eliminou os principais problemas, como ghosting ou traços errados em partículas, e certamente apostaria que qualquer rebarba deve ser eliminada no futuro na versão 3.0.

Design: positivos e negativos

Apesar de a RTX 4090 que testamos ser a original da Nvidia (e que você provavelmente nunca vai ver nenhum modelo de GPU desses por aqui no Brasil), acho que é válido citar o design do produto, que tem diversos pontos positivos e, possivelmente, o único ponto negativo fora o preço da peça.

A empresa manteve o famoso “não mexa em time que está ganhando” na parte visual e nos elementos que dão certo, oferecendo uma plataforma que consegue funcionar muito bem sem temperaturas elevadas e com um airflow bem competente. Sério, em jogos mais leves, como League of Legends, a temperatura não passa dos 44ºC, literalmente “nem suando” para rodar, já que a ventoinha sequer precisa ser acionada no resfriamento, mesmo com taxa de quadros acima dos 200 fps e resolução alta.

Mesmo utilizando 100% da placa (e acredite: é necessário realmente forçar isso, com games pesados, resolução 4K, ray tracing e performance bem acima dos 60 fps), a temperatura não costuma passar da casa dos 73ºC, sendo bastante tranquilizante ver um projeto bem montado e que aguenta o tranco.

Contudo, há um problema que foi amplamente discutido e que neste tópico já é um ponto negativo por si só: o conector de energia, um splitter (neste caso, um de 4 cabos para um só) que junta os diversos conectores da fonte em uma única conexão. Visualmente falando, já é um pouco problemático para gerenciamento de fios. Talvez há quem prefira a solução, mas eu particularmente não gosto do extensor extra, que não só atrapalha nesse quesito, como também recebeu holofotes de problemas técnicos.

Um excelente produto, mas com tropeços

Vamos tirar o elefante da sala primeiro? Obviamente a RTX 4090 é monstruosa, mas esse desempenho tem seu custo, bem alto por sinal. Lançada por 1.599 dólares nos EUA (pelo menos é um valor abaixo da não tão antiga 3090 Ti, que custava 1.999 dólares) e R$ 16 mil no Brasil, estamos falando de um preço realmente bem salgado, principalmente quando comparado com os valores da RTX 4080, que pode ser encontrada perto da faixa dos R$ 10 mil.

Quando a Nvidia lançou a 3090, ela sequer tinha um marketing focado em games, algo como posicionamento de mercado da linha Titan: incomparável para jogos, mas com outros propósitos mais atraentes, como edição de vídeos e uso para efeitos especiais em rotina profissional.

Certamente, a RTX 4090 oferece uma performance estupidamente alta, mas o jogador convencional consegue usar o poder bruto de hardware de outras placas de vídeo da linha Ada Lovelace e ainda aproveitar o novo e excelente DLSS 3.0. Mas é inegável que a performance está ali e grandes entusiastas vão desfrutar de um produto incomparável.

Há outro problema que vale a pena ser mencionado que é o conector de energia mencionado anteriormente, que realmente trouxe preocupação e dores de cabeças para alguns compradores. Houve uma falha técnica que alguns cabos estavam derretendo a entrada e causando uma pane elétrica que queimava a GPU. Por menor que seja a amostragem de ocorridos, é hora de revisitar essa decisão e trazer uma opção melhor – a necessidade de potência e de energia é algo bastante gritante aqui, acabamos precisando de uma fonte da XPG de 850W pra dar conta do recado.

Vale a pena?

Sem dúvidas, a RTX 4090 foi um dos produtos mais legais que já testei: o salto de performance é tão brutal em relação a gerações anteriores que é simplesmente satisfatório demais saber que absolutamente qualquer jogo vai rodar com folga no PC, não importando configurações gráficas ou resolução (certamente vai rodar bem acima dos 60 fps sem problemas).

Essa GPU certamente vai durar muitos e muitos anos na mão de qualquer um sem precisar de upgrades (e, quando começar a mostrar sinais de sua idade, sempre teremos o DLSS convencional e o novo DLSS 3.0 pra ajudar a alcançar a performance máxima). Claramente tanto poder de fogo tem seu custo, algo que torna um hardware já caro e algo ainda mais inacessível.

Mas é impressionante o quanto a RTX 4090 dá conta do recado com muita margem de sobra para qualquer coisa e passa a sensação de longevidade. Quando o PS5 e o Xbox Series X chegaram ao mercado, a Nvidia já tinha pronta linha RTX 30, que passava com bastante folga a nova geração. É até esquisito pensar que ainda teremos pelo menos mais uma linha RTX antes da troca de consoles e o quanto um PC gamer top de linha está à frente dos videogames de mesa.

Entretanto, é legal saber que muitas das novidades e tecnologias da Nvidia, como o DLSS 3.0, escalam para baixo também, garantindo que a linha GeForce RTX 40 inteira vai ter suporte ao recurso, garantindo alguns recursos muito legais para GPUs mais baratas. Mas é inegável: para quem tem o dinheiro, certamente GPU melhor não há.

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