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Companheiros de Viagem explora a sexualidade de homens gays sem o menor pudor

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Lembro-me perfeitamente do dia em que as notícias sobre a adaptação de O Segredo de Brokeback Mountain para o cinema inundaram a internet. Foi um escândalo. “Como dois galãs vão interpretar homens gays e ainda realizar cenas intensas de sexo? Isso vai ser o fim de ambos“, era o que muitos diziam sobre Jake Gyllenhaal e Heath Ledger. E o prognóstico parecia correto. Hollywood ainda era um lugar onde a homofobia, às vezes velada e outras vezes escancarada, era uma realidade. O resultado do Oscar naquele ano, que premiou Crash em vez do romance de Ang Lee, uma decisão bastante controversa, apenas confirmou essa realidade. Diante desse cenário, a existência de uma minissérie como Companheiros de Viagem, que estreou recentemente pelo Paramount+, seria impraticável.

Baseada no romance homônimo de Thomas Mollon de 2007,  adaptado para as telas por Ron Nyswaner (indicado ao Oscar por Filadélfia), Companheiros de Viagem nos transporta para os anos 1950, uma época em que se relacionar com uma pessoa do mesmo sexo era tão perigoso quanto estar nas trincheiras da Guerra do Vietnã. A história nos apresenta Hawkins Fuller (Matt Boomer), um promissor funcionário público que trabalha no departamento de estado e serve a um político progressista. Apesar de sua aparência impecável de típico garoto americano, Fuller esconde um segredo: sua vida dupla na cena gay noturna de Washington, onde se aventura nos banheiros e encontros anônimos. A vida de Hawkins, no entanto, passa por uma reviravolta ao conhecer Tim Laughlin (Jonathan Bailey), um jovem recém-chegado à cidade do Capitólio. Idealista, ingênuo e sonhador, Tim também tem aspirações políticas, mas assim como Hawk, esconde sua orientação sexual do mundo. Seu motivo para permanecer no armário, no entanto, não tem a ver com aparências, mas sim com sua educação católica.

O que sucede entre os dois é um jogo de sedução carregado de interesses, já que ambos entendem o sexo como uma forma de poder – algo que também se cruza com todos os outros aspectos de seus personagens. Os encontros lascivos dos rapazes ganham contornos ainda mais profundos porque acontecem durante a perseguição aos funcionários públicos que faziam parte da comunidade queer, episódio conhecido como o Lavender Scare. Companheiros de Viagem se destaca de outras tramas LGBT de época pela forma com que aborda a identidade dos seus protagonistas. O texto explora com muita distinção as posturas e comportamentos que homens e mulheres gays adotavam para sobreviver em uma sociedade marcada por ideais retrógrados e preconceituosos.

Outro ponto positivo é que, em apenas dois episódios, a trama consegue oferecer informações suficientes para o público compreender o que há por trás de cada ação de Hawkins e Tim. A essa altura do texto, tenho a obrigação de mencionar que Companheiros de Viagem conta com cenas de sexo extremamente tórridas e gráficas – mas nunca desnecessárias. Hawkins e Tim exploram todos os seus fetiches, posições e todos os atos libidinosos que acompanham a sexualidade de um homem gay. Vale destacar também a sequência em que Jonathan Bailey, totalmente sem pudores, enfia o pé de Matt Boomer na boca – juro como há tempos não via nada parecido. Há de se respeitar uma produção LGBT que não higienize o seu conteúdo para agradar ao mainstream – ou o público heteronormativo –, especialmente numa época em que a Geração Z critica as supostas “constantes cenas de sexo” na televisão e no cinema.

Para eles, o melhor é passar longe de Companheiros de Viagem.

Os episódios da minissérie vão ao ar todas as sextas-feiras pelo Paramount+.

Fonte: Omelete

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