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terça-feira, novembro 18, 2025

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Há 30 anos, uma marcha em Copacabana inaugurava as paradas do orgulho LGBT+ no Brasil

Três décadas atrás, o Rio de Janeiro escreveu um capítulo decisivo na história do movimento LGBT+ no país. Em 25 de junho de 1995, a Marcha da Cidadania tomou a orla de Copacabana e marcou o início oficial das paradas do orgulho no Brasil — um símbolo de luta, visibilidade e pertencimento que, ao longo dos anos, cresceu até se tornar uma das maiores manifestações democráticas do país.

No próximo domingo (23), o evento retorna ao mesmo cenário para celebrar os 30 anos dessa jornada, com o tema:
“30 anos fazendo história: das primeiras lutas pelo direito de existir à construção de futuros sustentáveis.”

🌈 Como tudo começou: a conferência que mudou o jogo

A primeira parada nasceu como desdobramento da 17ª Conferência Mundial da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (Ilga), realizada no Rio em 1995.

A realização dessa conferência não foi por acaso: desde 1991, o ativista Adauto Belarmino articulava a candidatura do Rio como sede. A confirmação veio em 1993 — e trouxe com ela um novo fôlego para o movimento.

Antes disso, o Brasil já tinha grupos e coletivos atuantes, principalmente na luta contra a epidemia de HIV/Aids. Mas ainda faltava uma grande mobilização pública nacional, capaz de reunir comunidades diversas sob uma mesma pauta política. Foi aí que a conferência virou a chave.

Segundo o pesquisador Renan Quinalha (Unifesp), aquele formato de manifestação — festivo, político, dialogando diretamente com a sociedade — era inédito no país.

“Não era a primeira vez que o movimento LGBTI+ saía às ruas, mas com esse formato, sim.”

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🚫 A primeira tentativa… que não deu certo

Em 1993, ativistas do Grupo Arco-Íris, do Grupo Atobá e outras organizações tentaram organizar uma parada em Copacabana. O resultado? Menos de 30 pessoas — praticamente só os organizadores.

Para os mais antigos do movimento, foi frustração total. Mas o grupo mais jovem, especialmente o recém-formado Arco-Íris, decidiu olhar o episódio de outro jeito.

Cláudio Nascimento, que tinha 23 anos na época, lembra da reunião no bar da Galeria Alaska após a tentativa:

“A gente percebeu que não era sobre culpar a comunidade. Era sobre trabalhar autoestima, confiança e pertencimento.”

A partir de 1994, o trabalho foi outro: eventos culturais, encontros semanais e ações pensadas para criar um ambiente seguro. Uma tarde de convivência no MAM chegou a reunir 600 pessoas — um salto imenso para a época.

Eles sabiam: era a preparação perfeita para a conferência e, claro, para a tão sonhada marcha.

📢 1995: o ano que muda tudo

Com a conferência da Ilga garantida para junho de 1995, o Arco-Íris viu a oportunidade ideal para realizar uma grande mobilização. Era agora ou nunca.

O grupo — liderado por Augusto Andrade, um dos fundadores — enfrentou todo tipo de desafio: falta de dinheiro, resistência institucional e até dúvidas internas sobre a viabilidade do evento. Eles chegaram a contrair dívidas pessoais para bancar a conferência e a marcha.

Doações de artistas e ativistas internacionais foram cruciais, e o cantor Renato Russo foi nomeado padrinho do evento.

E então, no dia 25 de junho de 1995, nasceu a Marcha da Cidadania, com milhares de participantes.
Um marco.

“A parada era a solução para manter a pauta viva ano após ano”, explica Augusto.

🏳️‍🌈 A bandeira gigante que virou símbolo

Desde a primeira edição, a parada do Rio tem um símbolo icônico: a bandeira arco-íris de 124 metros por 10 metros.

A estratégia era simples e genial:
um símbolo tão grande e tão marcante que qualquer foto da imprensa seria tomada por ela.
Funcionou.
E até hoje é uma das imagens mais fortes do orgulho LGBT+ no país.

✊ Pertencimento: a força que cresceu com o tempo

A ativista lésbica Rosângela Castro lembra bem daquele momento. Ela fazia parte do Arco-Íris e participou da organização que levou a parada de 1995 para bares, boates e espaços culturais da comunidade.

“Foi uma sensação de pertencimento, de que as coisas finalmente estavam mudando.”

Ela seguiu na militância por décadas — e ajudou a fundar, em 2001, o Grupo de Mulheres Felipa de Sousa, focado em lésbicas e bissexuais, mais tarde com recorte especial para mulheres negras LGBT+.

💜 Amor, memória e resistência

A marcha também guarda histórias pessoais muito fortes.
O ativista Jorge Caê Rodrigues, por exemplo, participou da organização da primeira parada e viveu grande parte de sua vida em parceria com o marido, John MacCarthy, militante como ele.

Eles estiveram juntos por 39 anos — e seguiram participando da parada mesmo após Jorge deixar a organização, em 2000. Em 2019, após a morte de John, a parada homenageou sua trajetória com foto em um dos trios elétricos.

Anos depois, Jorge voltou ao evento ao lado de um novo companheiro, que nunca havia participado de uma parada.

“Ver ele entendendo que não estava sozinho… foi emocionante.”

🇧🇷 O impacto nacional: do Rio para o país inteiro

A parada de 1995 virou referência.
Logo depois, o Arco-Íris ajudou a articular as primeiras paradas de outros estados — incluindo a Parada LGBT+ de São Paulo, que se tornaria a maior do mundo nos anos 2000.

Hoje, como lembra Quinalha, as paradas representam:

“As maiores manifestações democráticas do país.”

🔮 30 anos depois: memória, futuro e luta

A celebração deste domingo (23) não marca apenas uma data: marca um legado.
Trinta anos depois, o Rio volta a Copacabana não só para relembrar pioneiros, mas para reforçar um compromisso que continua vivo:

direito de existir, orgulho, visibilidade, cidadania e construção de futuros sustentáveis.

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