Em um movimento forte e carregado de tensão geopolítica, o Parlamento do Irã aprovou a suspensão da cooperação com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), ligada à ONU. A decisão veio um dia após o cessar-fogo negociado por Donald Trump entrar em vigor entre Irã e Israel.
O rompimento é uma resposta direta aos bombardeios recentes de Israel e dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas — que, segundo Teerã, colocaram em risco a segurança nacional e expuseram o que seria uma postura “omissa” da agência internacional.
💥 O que levou à ruptura?
- O Irã alega que a AIEA se calou diante dos ataques militares a suas usinas nucleares.
- Segundo o presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, “a agência perdeu sua credibilidade internacional”.
- O texto aprovado impede a entrada de inspetores da AIEA no país enquanto não houver garantias de segurança para as instalações nucleares.
A decisão teve 221 votos a favor, 0 contra e 1 abstenção — ou seja, praticamente unânime.

🔎 O que está em jogo?
A AIEA é responsável por fiscalizar o uso pacífico da energia nuclear. Com a suspensão da cooperação, o Irã fica ainda mais distante de qualquer verificação externa sobre seu programa atômico — algo que já era motivo de preocupação entre potências ocidentais.
O chefe da agência, Rafael Grossi, respondeu que sua “prioridade número 1” é retomar o acesso às instalações iranianas para avaliar os danos dos ataques e monitorar os estoques de urânio enriquecido.
Enquanto isso, parte do Parlamento iraniano pediu até o banimento de Grossi do país, acusando-o de viés pró-Israel.
🎯 Ataques, urânio e versões contraditórias
Nos últimos 12 dias, Israel e EUA lançaram uma ofensiva para atingir o que dizem ser o coração do programa nuclear iraniano.
Mas os danos reais ainda são incertos:
- Um relatório (vazado) indica que as partes subterrâneas das usinas foram preservadas e que o urânio enriquecido foi retirado antes dos ataques.
- Trump, por outro lado, insiste que destruiu tudo.
- O Irã afirma que o programa nuclear segue firme e forte: “A partida não terminou”, disse um conselheiro de Khamenei.
- Já o Exército de Israel diz ser cedo para saber se o plano foi realmente bem-sucedido.
E pra complicar ainda mais, reuniões confidenciais no Congresso americano sobre a operação foram canceladas, gerando suspeitas de falta de transparência por parte do governo dos EUA.
Cessar-fogo continua, mas clima ainda é tenso
Mesmo com toda a tensão, o cessar-fogo entre Irã e Israel segue em vigor. O enviado de Trump, Steve Witkoff, afirmou que as conversas estão “promissoras” e que há esperança por um acordo de paz de longo prazo.
Mas nada é garantido. A qualquer momento, o frágil equilíbrio pode ruir, principalmente se o Irã entender que seus interesses continuam sendo ignorados.
🧠 Entenda por que isso importa:
- O Irã tem estoques de urânio enriquecido e tecnologias que o colocam perto da produção de armas nucleares.
- A ruptura com a AIEA enfraquece os sistemas de controle internacionais.
- A falta de transparência dos EUA levanta dúvidas sobre as verdadeiras consequências da operação militar.
- Esse conflito pode mudar o equilíbrio de poder no Oriente Médio — e o Brasil, como parte do mercado global, pode ser afetado em questões econômicas e diplomáticas.