📍 Até 28 de setembro, o Museu de Folclore Edison Carneiro, no Catete (RJ), recebe a exposição “Hãmxop tut xop – As mães das nossas coisas”, que apresenta o artesanato em fibra de embaúba criado por mulheres da etnia Maxakali. Com peças únicas e cheias de história, a mostra é uma verdadeira celebração da memória viva desse povo originário de Minas Gerais — o único no estado que ainda preserva sua própria língua.
🧵 A fibra usada nas obras vem da árvore embaúba, quase extinta na região onde os Maxakali vivem. O que poderia ser o fim de um saber ancestral, virou semente de resistência: além de produzir arte, as mulheres estão plantando mudas da árvore para reflorestar os territórios e garantir que essa tradição siga viva.
“Nossa herança é a cultura que carregamos na memória. Não apagaram”, afirma Sueli Maxakali, uma das líderes da etnia.
👣 Os Maxakali (ou Tikmũ’ũn, como se autodenominam) vivem em comunidades no Vale do Mucuri, nordeste de Minas. Mesmo estando perto de grandes cidades, seguem invisibilizados — em parte, por falarem pouquíssimo português. “Quase todo o povo é monolíngue. Isso também é uma forma de proteger a cultura”, explica o antropólogo Roberto Romero, que há 15 anos convive com os Maxakali.

Artesanato que é renda, floresta e símbolo de luta
Além de fortalecer a identidade cultural, a arte também gera renda para as comunidades. O valor arrecadado com a venda das peças ajuda na compra de mudas nativas e no reflorestamento das aldeias, destruídas por décadas de imposições, como o uso forçado para agricultura durante a ditadura militar.
🌱 Desde 2023, o projeto Hãmhi | Terra Viva já restaurou mais de 150 hectares com espécies nativas e implantou 100 quintais agroflorestais.
Cinema de verdade: filme narra reencontro de filha indígena com o pai desaparecido
Na abertura da exposição, o público ainda foi presenteado com a pré-estreia do documentário “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá”, que acompanha a busca de Sueli Maxakali pelo pai, Luis Kaiowá. Ele foi retirado da aldeia durante a ditadura e forçado a trabalhar em outros cantos do país.

🎥 O reencontro, filmado com sensibilidade e força, revela uma ferida ainda aberta no Brasil: a separação de famílias indígenas promovida por políticas estatais. O longa entra em cartaz no dia 10 de julho, com mais infos no site: www.meupaikaiowa.com.br.
“É uma história que mostra como a violência do passado ainda ecoa no presente dos povos indígenas”, disse a ministra Sônia Guajajara após a exibição.
Rumo ao reconhecimento
Em agosto, os Maxakali devem oficializar junto ao Iphan o pedido de registro de seus ritos e cantos como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A exposição no Rio é parte desse movimento de afirmação e visibilidade.
“Preservar a língua e os rituais exigiu abrir mão do território. A exposição é um passo para fortalecer essa cultura que resistiu ao apagamento”, destacou Rafael Barros, diretor do museu.
🗓️ Quer conhecer mais?
A exposição fica aberta até o dia 28 de setembro, com entrada gratuita, no Museu de Folclore Edison Carneiro, no Catete, Zona Sul do Rio. Uma oportunidade única de mergulhar em uma cultura brasileira que precisa — e merece — ser conhecida por todos.