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O amargo adeus da deputada Katie Hill: “Saio por causa de uma cultura misógina que consumiu minhas fotos nua”

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LOS ANGELES, CA - NOVEMBER 2: Katie Hill, at TheWrap's Power Women's Summit_Inside at the InterContinental Hotel in Los Angeles, California on November 2, 2018. Credit: Faye Sadou/MediaPunch /IPX

A jovem deputada democrata Katie Hill, eleita pela primeira vez no ano passado, pronunciou nesta quinta-feira pela tarde um amargo discurso de despedida contra a “cultura misógina” que, segundo ela, motivou a sua renúncia. Hill, de 32 anos, deixa o Congresso norte-americano após ser acusada de fazer sexo com uma empregada de sua campanha e com um subordinado no Congresso, e depois da humilhante publicação de fotos e mensagens íntimas. Esse escárnio causou estupor em Washington. “Saio porque há dois pesos e duas medidas, saio porque não quero que me usem como moeda de troca”, disse Hill. “Saio por causa de uma cultura misógina que consumiu alegremente minhas fotos nua.”

A deputada pela Califórnia admitiu ter mantido relações sexuais com sua assessora de campanha, mas nega que isso tenha ocorrido também com Graham Kelly, assessor legislativo do seu gabinete. O Comitê de Ética da Câmara de Representantes (deputados) abriu um inquérito sobre esta última suspeita na semana passada, já que relacionamentos desse tipo são proibidos pelo regulamento da Câmara de Representantes, mas Hill não ficará para ver o resultado. A exploração pública de suas imagens íntimas, afirmou ela nesta quinta, falou mais alto. A congressista as atribui a uma operação de “pornovingança” por parte de seu marido, de quem está se divorciando, e que encontrou os aliados perfeitos na mídia sensacionalista e conservadora.

“Saio porque não quero ser usada por sites e blogs operados por gente sem vergonha, para a política mais suja que já vi, e para que a mídia de direita ganhe cliques e aumente sua audiência distribuindo fotos íntimas que foram tiradas sem meu consentimento, para entretenimento sexual de milhões de pessoas”, disse ela nesta tarde no Capitólio. Esses materiais foram publicados inicialmente pelo site conservador RedState e pelo tabloide britânico Daily Mail.

A presidenta da Câmara, a veterana democrata Nancy Pelosi, criticou o abuso e a exploração representados pela publicação dessas fotos, mas não questionou a decisão da deputada de renunciar. Suas relações com a assessora da campanha eleitoral, embora não estivessem sujeitas às normas do Congresso, tampouco caem bem, levando-se em conta a relação de subordinação trabalhista, num momento como o atual, em que uma maior conscientização contra o assédio reduziu os limites de tolerância nesses casos. “Tomou sua decisão e escolheu o momento”, disse Pelosi, criticando também a “vergonhosa humilhação pela exploração cibernética” desse episódio que descreveu como “triste”.

Pelosi também aproveitou para fazer um alerta àqueles que “podem ser alvo desse tipo de abuso e assédio”. “Eu digo aos meus filhos e netos, sobretudo: todas essas aparições nas redes sociais podem depois ir caçá-los fora de contexto”, acrescentou.

Katie Hill não publicou nenhuma das fotos ou mensagens nas suas redes sociais. A deputada afirma que, a partir de agora, se voltará para o combate à “pornovingança”. Mesmo assim, nesta quinta-feira, no Capitólio, pediu perdão: “A cada menina que olhou para mim [como referência], espero que possam me desculpar”.

El País

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