A ajuda humanitária voltou a cruzar a fronteira de Rafah, entre Egito e Gaza, nesta quarta-feira (15), após dias de tensão que quase colocaram em risco o frágil cessar-fogo entre Israel e o Hamas. O impasse envolvia a devolução dos corpos de reféns israelenses mortos, uma exigência de Tel Aviv para manter o acordo em vigor.
De acordo com autoridades israelenses, cerca de 600 caminhões de suprimentos devem entrar em Gaza nas próximas horas, levando alimentos, combustível, gás de cozinha, remédios e materiais para reconstrução. Um vídeo da agência Reuters mostrou os primeiros comboios atravessando o lado egípcio da fronteira durante a madrugada.
⚰️ Disputa por corpos ameaça o cessar-fogo
O Hamas entregou oito corpos de reféns nos últimos dois dias, mas Israel contesta um deles, dizendo que não se trata de um refém.
“Os corpos estão sendo devolvidos de forma muito lenta”, disse uma fonte de segurança israelense ao UOL, destacando que isso quase levou o governo a suspender a entrada de ajuda humanitária.
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Ainda há 21 corpos de reféns em Gaza, e uma força-tarefa internacional trabalha para localizá-los — muitos podem estar sob os escombros deixados por dois anos de bombardeios.
O acordo também prevê que Israel devolva 360 corpos de combatentes palestinos mortos em conflito. Na terça-feira (14), o primeiro grupo de 45 corpos foi entregue às autoridades palestinas.
🕊️ Trégua sob tensão
O cessar-fogo, mediado por potências internacionais, ainda enfrenta incertezas. As próximas etapas exigem que o Hamas entregue armas e ceda o controle político de Gaza — algo que o grupo se recusa a fazer.
Nos últimos dias, relatos de execuções públicas e confrontos internos mostraram que o grupo tenta reafirmar sua autoridade no território, o que ameaça a estabilidade da trégua.
Enquanto isso, questões-chave seguem sem resposta:
- Quem vai governar Gaza após o fim do conflito?
- Como será formada a força internacional que deve assumir a segurança local?
- E o que acontece com o plano de criação de um Estado Palestino?
💔 Gaza devastada
Do lado palestino, o cenário é de colapso humanitário.
Quase todos os moradores de Gaza foram deslocados de suas casas, e a fome se espalha rapidamente. Hospitais e centros de saúde estão sobrecarregados e funcionam com recursos mínimos.
“A ajuda humanitária continua entrando pela passagem de Kerem Shalom e outros cruzamentos, após inspeção de segurança israelense”, disse um porta-voz militar de Israel.
Mesmo com a chegada dos caminhões, a reconstrução do enclave será lenta e complexa. As entregas desta quarta incluem também equipamentos para reparar redes elétricas e sistemas de abastecimento de água.
💬 Política e tensão em Israel
Dentro de Israel, a trégua divide o governo. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, líder da ala ultranacionalista, criticou o envio de ajuda a Gaza e chamou o cessar-fogo de “erro grave”.
“O terrorismo nazista só entende a força”, escreveu no X (antigo Twitter).
Apesar das críticas, o gabinete de guerra israelense mantém a posição de seguir com o acordo — pelo menos por enquanto.
🧭 Contexto geral
O cessar-fogo, firmado após dois anos de guerra, pôs fim temporário a uma escalada que deixou dezenas de milhares de mortos e uma crise humanitária sem precedentes.
Mas especialistas alertam: a paz ainda está longe. Sem uma solução política e sem reconstrução real, a Faixa de Gaza segue no limite — entre a sobrevivência e o colapso total.
