A situação na Faixa de Gaza ganhou mais um capítulo trágico neste sábado (14). Pelo menos 45 palestinos morreram em novos ataques aéreos israelenses, a maioria deles nas proximidades de um ponto de distribuição de ajuda operado pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma organização que tem apoio dos Estados Unidos. As informações são de autoridades locais de saúde.
Os hospitais Al-Awda e Al-Aqsa, localizados no centro de Gaza, receberam grande parte dos feridos. Só ali, segundo médicos, pelo menos 15 pessoas perderam a vida enquanto tentavam se aproximar dos centros de ajuda da GHF, próximo ao corredor de Netzarim.
O que diz o Exército de Israel
Segundo o Exército israelense, o ataque aconteceu depois que uma pessoa teria avançado em direção às tropas, ignorando tiros de advertência. Ainda de acordo com as forças armadas, uma aeronave foi acionada para “neutralizar a ameaça” durante a aproximação.

Vale lembrar que, na última semana, o próprio Exército já havia emitido alertas para que a população palestina evitasse circular em rotas próximas aos centros da GHF entre 18h e 6h (horário local), considerando esses caminhos como áreas militares restritas. A GHF, por sua vez, afirmou que não havia nenhum centro de distribuição funcionando no momento do ataque.
Ajuda humanitária sob risco
Desde o fim de maio, a GHF começou a distribuir alimentos na região, após Israel ter suspendido parcialmente o bloqueio que já durava quase três meses. Ainda assim, a missão de buscar comida segue extremamente perigosa: vários palestinos foram mortos em situações semelhantes enquanto tentavam alcançar os caminhões com suprimentos.
As Nações Unidas têm sido críticas ao novo sistema de distribuição montado com apoio de Israel, classificando-o como “inadequado, arriscado e uma violação dos princípios humanitários”. A ONU alerta que o modelo não garante segurança nem neutralidade para quem depende desses recursos.
Em nota, o Ministério da Saúde de Gaza afirmou que, desde o início das operações da GHF, ao menos 274 palestinos morreram e mais de 2 mil ficaram feridos durante a tentativa de acessar os locais de distribuição de alimentos.
“Armadilhas de morte”, acusa o Hamas
O Hamas, que nega as acusações de Israel sobre possível desvio de ajuda humanitária, responsabilizou as forças israelenses por transformar a busca por alimentos em verdadeiras “armadilhas de morte em massa”. O grupo acusa Israel de usar a fome como uma tática de guerra contra a população civil.
Ainda neste sábado, outras 12 pessoas morreram ao longo da estrada costeira no norte da Faixa de Gaza, enquanto esperavam caminhões de ajuda. Os disparos, segundo autoridades do Hospital Shifa, partiram novamente de forças israelenses.
Além dos ataques, Israel também ordenou a evacuação de moradores de Khan Younis e das cidades vizinhas no sul da Faixa de Gaza, orientando a população a se deslocar para o oeste, em direção à chamada “zona humanitária”. As Forças Armadas de Israel informaram que intensificariam as operações contra grupos considerados terroristas nessas regiões.