A inteligência artificial já não é mais papo de futuro distante — ela está presente em quase tudo, e claro, também chegou à hotelaria. Ferramentas como ChatGPT e Google Gemini mostram como essa tecnologia cresce rápido: só em 2024, o mercado global foi avaliado em US$ 279 bilhões e deve bater US$ 1,8 trilhão até 2030. Mas a grande dúvida é: será que a IA pode roubar empregos no setor hoteleiro?
Onde a IA já está presente nos hotéis
De acordo com a pesquisa European Accommodation Barometer 2025, os hoteleiros já enxergam a IA como aliada em várias frentes:
- atendimento ao cliente;
- check-in e check-out;
- reservas e gestão de preços;
- marketing e prevenção de fraudes;
- até em áreas operacionais, como limpeza e desperdício de alimentos.
Exemplo disso é a rede de luxo Mandarin Oriental, que usa IA para reduzir o desperdício de comida em hotéis de Miami, Dubai e Londres — economizando mais de US$ 200 mil em 2024. Já a Hilton tem usado a tecnologia para apoiar hóspedes com deficiência visual em reservas e serviços.
E o Brasil também entra no mapa: uma pesquisa da Booking.com mostra que 2 em cada 3 viajantes brasileiros pretendem usar IA para organizar viagens em 2025.
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Vai substituir gente de verdade?
Segundo Alexandre Panosso Neto, professor de Turismo da USP, alguns postos de trabalho realmente correm risco — principalmente os de tarefas repetitivas e padronizadas, como reservas, check-in e check-out. Mas ele reforça que não é o fim do mundo:
“A IA não deve ser vista só como ameaça, mas como transformação”.
Ou seja: áreas que dependem de contato humano, improviso e criatividade, como gastronomia, eventos e experiências do hóspede, seguem sendo insubstituíveis.
Já Rodrigo Teixeira, CEO da Asksuite (empresa de softwares para hotéis), lembra que quem não aprender a trabalhar com IA pode, sim, ficar para trás:
“Nos próximos 10 anos, quem não souber usar IA para gerar produtividade estará fora do mercado”.
E o Brasil?
Por aqui, o atendimento humano é um diferencial gigante. Pesquisas apontam que turistas estrangeiros valorizam o calor, a proximidade e a hospitalidade brasileira — algo que a máquina ainda não consegue entregar.
O desafio, segundo Panosso, é equilibrar inovação com essa marca registrada do Brasil.
Barreiras no caminho
Apesar do hype, a adoção da IA não é tão simples. Entre os obstáculos estão:
- custos altos para implementação;
- falta de internet de qualidade em algumas regiões;
- carência de profissionais qualificados para operar a tecnologia.
Mas Teixeira diz que já há opções acessíveis: hotéis pequenos conseguem implementar IA a partir de R$ 300 por mês, e a instalação pode ser feita em menos de uma semana.
O que vem pela frente?
A tendência é que a IA não substitua empregos em massa, mas mude o perfil dos profissionais. A hotelaria deve exigir cada vez mais gente capacitada para usar a tecnologia a favor da experiência humana — que continua sendo o grande trunfo do setor.