Um escândalo envolvendo influenciadores digitais brasileiros explodiu nas redes: nomes com milhões de seguidores foram pagos para divulgar a Alabuga Start, uma empresa que está sob investigação da Interpol por suspeita de tráfico humano e exploração de mulheres jovens.
A propaganda era apresentada como o “Start Program”, um suposto projeto de intercâmbio profissional na Rússia, que prometia cursos, salário em dólar, passagens aéreas e até aulas de russo. Mas relatórios internacionais apontam um lado sombrio: jovens recrutadas acabavam sendo forçadas a trabalhar em fábricas de drones de guerra ou em serviços de limpeza sob condições abusivas e vigilância constante.
Como funcionava o esquema
De acordo com investigações da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional, o aliciamento tinha sempre o mesmo roteiro:
- A promessa era de crescimento profissional na Rússia, com várias áreas de atuação;
- Ao chegar lá, muitas descobriam que precisariam montar drones militares usados na guerra contra a Ucrânia;
- Outras eram obrigadas a realizar trabalhos exaustivos em serviços gerais;
- As jornadas eram longas, sem liberdade, e várias relataram problemas de saúde pela exposição a produtos químicos.

Quem fez a propaganda no Brasil
O caso veio à tona depois que os influenciadores Guga Figueiredo e Jordana Vucetic denunciaram a campanha. Um dos vídeos que viralizou foi o da cantora MC Thammy, que apresentou a empresa em um post no Instagram.
Outros nomes como Aila Loures, Catherine Bascoy e Isabela Duarte também participaram da divulgação, com conteúdos no Instagram e no TikTok — todos já deletados após a polêmica.
Siga o Jovem na Mídia nas redes sociais do Instagram e Facebook para não perder nada!
A “oferta” anunciava salários de cerca de US$ 670 por mês (R$ 3,5 mil), incluindo passagens, hospedagem e documentação de imigração. O alvo eram mulheres jovens, entre 18 e 22 anos, exatamente o perfil citado em denúncias internacionais.


A resposta das influenciadoras
Com a repercussão, as influenciadoras se pronunciaram dizendo que foram enganadas:
- MC Thammy afirmou que só topou a publicidade porque recebeu documentos e viu outros criadores grandes fazendo a campanha. Após a denúncia, disse que contratou advogados e prometeu nunca mais aceitar esse tipo de ação.
- Aila Loures declarou que jamais faria algo para prejudicar seu público e que sua agência teria checado documentos que, à época, pareciam legais.
- Catherine Bascoy disse que tudo parecia em conformidade e que agora busca esclarecimentos.
- Isabela Duarte afirmou, via equipe, que participou confiando na legalidade do contrato e se colocou à disposição das autoridades para colaborar com a investigação.
O que se sabe sobre a Alabuga Start
A empresa diz estar localizada no Tartaristão, Rússia, região que se tornou polo na produção de drones militares russos. As primeiras denúncias surgiram em 2024, quando jovens da África e da Ásia relataram experiências de exploração semelhantes às ofertas que agora circulavam no Brasil.
Apesar da presença digital, não há registro de que a empresa tenha autorização legal para atuar em território brasileiro.
Por que isso importa
Esse caso levanta um alerta urgente: a influência de criadores digitais é enorme, mas também pode ser perigosa quando usada sem checagem séria. Com milhares de jovens expostas a propagandas enganosas, especialistas alertam para a necessidade de mais responsabilidade nas parcerias e mais investigação das autoridades.