Os Correios aprovaram um grande plano de reestruturação que marca uma das maiores mudanças na estatal nos últimos anos. A proposta inclui um novo programa de demissão voluntária (PDV), o fechamento de até 1 mil agências consideradas deficitárias e a venda de imóveis que podem render cerca de R$ 1,5 bilhão aos cofres da empresa.
O objetivo é claro: conter o rombo financeiro, retomar o equilíbrio até 2026 e voltar a registrar lucro já em 2027. O plano foi aprovado na quarta-feira (19) e chega em um momento em que a empresa tenta reagir à combinação de queda de receitas, aumento de custos e mudanças no mercado de entregas, dominado cada vez mais pelo e-commerce.
Injeção bilionária e três fases de recuperação
A estatal trabalha com a previsão de contratar, até o fim de novembro, um empréstimo de até R$ 20 bilhões para enfrentar o déficit e dar início à reestruturação completa.
O plano foi dividido em três etapas:
- Recuperação financeira
- Consolidação
- Crescimento
Segundo a empresa, as medidas foram desenhadas após uma análise profunda do cenário atual do negócio.
“Com a queda de receitas e aumento dos custos operacionais, a reestruturação é essencial para garantir continuidade, eficiência e qualidade dos serviços postais”, afirma a estatal.
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O que muda na prática?
Entre as medidas aprovadas, estão:
- Novo Programa de Demissão Voluntária
- Redução dos custos com o plano de saúde dos funcionários
- Modernização operacional e tecnológica
- Fechamento de até 1 mil agências deficitárias
- Venda de imóveis com expectativa de arrecadação de R$ 1,5 bilhão
A estratégia também prevê expansão no e-commerce, parcerias com empresas privadas e até operações de fusões e aquisições para melhorar a competitividade a médio e longo prazo.
Apesar do fechamento de unidades, os Correios afirmam que seguem comprometidos com a universalização do serviço postal, especialmente em áreas remotas ou de difícil acesso.
Empresa tenta reagir após prejuízos recorrentes
Depois de fechar 2024 com R$ 2,6 bilhões de prejuízo, os Correios já tinham iniciado, em maio, um primeiro pacote de ajustes, que incluiu:
- Outro programa de demissão voluntária
- Redução da jornada para 6 horas em áreas administrativas
- Suspensão temporária das férias de 2025
- Fim do trabalho remoto
A edição anterior do PDV atraiu cerca de 3,5 mil empregados, resultando em uma economia anual aproximada de R$ 750 milhões.
Correios ainda têm papel essencial no país
Mesmo com a crise financeira, a estatal mantém uma das maiores estruturas logísticas do Brasil. Segundo o IBGE, os Correios estão presentes em todos os 5.568 municípios do país, além do Distrito Federal e de Fernando de Noronha.
A rede inclui:
- Mais de 10 mil agências de atendimento
- 8 mil unidades operacionais (distribuição e triagem)
- 23 mil veículos
- 80 mil empregados diretos
Além das entregas comuns, a empresa desempenha funções estratégicas como:
- Distribuição de livros didáticos a escolas públicas
- Transporte das provas do Enem
- Entrega de urnas eletrônicas em locais de difícil acesso
- Apoio em emergências e calamidades, como enchentes e desastres naturais
Em novembro, por exemplo, a empresa atuou no envio de mantimentos para famílias atingidas pelo tornado em Rio Bonito do Iguaçu (PR).




