Uma ilha em São Paulo está dando o que falar — e não é à toa. A Ilha das Cobras, oficialmente chamada de Área de Relevante Interesse Ecológico Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande, virou notícia após uma lancha desaparecer nas proximidades no último sábado (23).
O lugar é conhecido por concentrar uma das maiores populações de serpentes do mundo, incluindo a famosa jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), considerada a cobra mais peçonhenta do Brasil e criticamente ameaçada de extinção.
Localizada entre Peruíbe e Itanhaém, no litoral sul paulista, a ilha ganhou o apelido “Ilha das Cobras” justamente por essa população intensa de serpentes. O nome Queimada Grande vem das antigas queimadas feitas por pescadores para afastar os animais.

Um laboratório natural protegido
O acesso à ilha é totalmente restrito, liberado apenas para pesquisadores com autorização do ICMBio. Por ali, cientistas do Instituto Butantan e universidades estudam a evolução, a conservação e o ecossistema local.
O lugar não abriga só cobras. Insetos, lagartos, aranhas e aves, como o atobá, convivem nesse habitat único. Chegar à ilha não é tarefa fácil: o desembarque é perigoso, feito em costão rochoso, e os pesquisadores usam equipamentos especializados, como pinças herpetológicas, tubos de contenção e vestimentas de proteção, por causa da grande densidade de serpentes.
Siga o Jovem na Mídia nas redes sociais do Instagram e Facebook para não perder nada!
A estrela da ilha: jararaca-ilhoa
A jararaca-ilhoa é endêmica — só existe ali — e desenvolveu adaptações incríveis para sobreviver. Sem muitos roedores para se alimentar, ela aprendeu a caçar aves nas árvores e possui um veneno cinco vezes mais potente que o da jararaca-comum, garantindo presas abatidas rapidamente. Curiosamente, a cobra é diurna, coincidindo com a atividade das aves.
O veneno das jararacas, aliás, já contribuiu para a ciência: ele foi usado no desenvolvimento do Captopril, medicamento muito usado para controlar a pressão arterial.
Apesar da proteção, a espécie enfrenta ameaças sérias, como biopirataria e tráfico de animais, que podem comprometer sua sobrevivência.
A Ilha das Cobras continua sendo um laboratório vivo e perigoso, um lembrete da complexidade e da riqueza da natureza brasileira — mas um território que ninguém deve tentar visitar sem autorização.