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Os melhores fundos de ações e multimercados em outubro e em 12 meses

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A baixa visibilidade em relação ao que pode ocorrer durante a tramitação da PEC dos Precatórios no Congresso e outras possíveis iniciativas para financiar o Auxílio Brasil, programa de distribuição de renda do governo federal que substitui o Bolsa família, se refletiram em uma queda generalizada de preços na Bolsa no último mês.

Por isso, mais uma vez, os fundos de ações que se saíram melhor foram aqueles que optaram por uma posição internacional, além dos ativos brasileiros. Gestores focados em BDRs (recibos de ações emitidos por empresas de outros países, mas negociados na B3) e com exposição cambial – favorecidos pela valorização do dólar frente ao real – ganharam destaque.

Além do enfoque no mercado americano, boa parte dos fundos com melhores resultados está posicionada em ações de empresas dos setores de tecnologia, biotecnologia, bancos e saúde (healthcare), beneficiados ao longo da pandemia. Além disso, também podem colher novos frutos em um cenário de elevação de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no próximo ano.

Já entre os fundos multimercados, o destaque ficou com as estratégias que aplicaram parte do portfólio em criptoativos, especialmente altcoins (que são moedas alternativas), ou em renda variável internacional, com foco em Estados Unidos e Europa.

Em termos de retorno, os melhores resultados em outubro foram do fundo de ações Vitreo Tech Select FIA Bdr Nivel I, com retorno de 12,90% no mês e de 42,30% nos últimos 12 meses.

Dentre os fundos multimercados, o Vitreo Criptomoedas FICFI Mult Ie teve rentabilidade de 43,75% no mês e de 321% no acumulado dos últimos 12 meses.

No mês passado, o CDI teve variação de 0,49%, enquanto o Ibovespa caiu 6,74%. Já o dólar valorizou 3,74% ante o real.

Confira a seguir os cinco fundos multimercados com as maiores altas e quedas em outubro:

Veja também os cinco fundos de ações com as maiores altas e quedas no último mês:

Com base em dados extraídos da Economatica, plataforma de informações financeiras, o levantamento considerou veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de outubro.

Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos setoriais e monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.

Importante lembrar que retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, embora seja interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

De olho em saúde, bancos e tecnologia

Dentre os portfólios de ações com melhor desempenho está o fundo Western Asset FIA Bdr Nivel I. Maurício Lima, superintendente de Produtos da Western Asset, diz que o fundo vem sendo bastante ajudado pelo fato de estar posicionado unicamente em BDRs de empresas americanas, que devem seguir com resultados fortes, apesar de o tapering – programa de redução de compra de ativos do banco central americano, que começa no fim deste mês.

Hoje, segundo ele, a maior contribuição do portfólio vem de papéis do setor de healthcare, ou seja, de saúde. Entre os exemplos, ele cita a Zoets (Z1TS34), que é uma companhia líder em saúde animal. Lima afirma que a empresa é uma produtora global de remédios e vacinas para animais de companhia e outros. Ela vem diversificando o seu portfólio de terapias, o que permitir uma expansão ainda maior dos negócios.

Outra empresa do setor de saúde que está na carteira do fundo é a Biomarin (B1MR34). O executivo argumenta que a empresa é responsável pelo desenvolvimento de drogas para doenças raras e que, portanto, desenvolve medicamentos focados em um nicho específico. É um diferencial em relação às demais empresas do setor.

Além das mais conhecidas de tecnologia, como o Facebook (FBOK34), o especialista diz que o fundo possui ainda companhias que vão além do tradicional no setor, como a Qualcomm (QCOM34) e a Nvidia (NVDC34).

Ao falar sobre a Qualcomm, ele destaca que a empresa pode se beneficiar do ciclo de implementação do 5G e do fornecimento de chips, que estão mais escassos no mercado por conta de problemas na cadeia produtiva. Outra companhia forte na parte de chips gráficos, que devem ser bastante utilizados em carros autônomos, é a Nvidia, acrescenta Lima.

Apesar de seguir otimista com o setor de tecnologia, Luiz Philipe Biolchini, diretor da Bradesco Asset Management, conta que o fundo Bradesco FIA Bdr Nivel I – que também figura entre dez fundos de ações com melhor desempenho em outubro – chegou a estar mais exposto ao setor no começo da pandemia.

Agora, explica Biolchini, a gestora tem uma posição neutra. “Nós entendemos que a precificação tem justificativa, mas não para ficar overweigth [com exposição acima da média do mercado] porque as perspectivas e o valuation [preço] estão muito altos”.

Entre as trocas mais recentes feitas pela gestão do fundo, explica Biolchini, estão a diminuição da posição marginal em companhias ligadas ao setor de petróleo, em contrapartida a um aumento em bancos. Sem citar nomes, o executivo pondera que a aposta em energia estava bastante ligada às altas no petróleo e à crise energética, um cenário já se consolidou.

Para Biolchini, um dos focos agora está nos bancos americanos, já que o tapering pode ajudar o setor financeiroEm sua avaliação, o programa de redução de compra de ativos provoca uma distorção na curva de juros e permite às instituições financeiras captar a um custo menor do que aplicam. “Isso traz um ambiente de rentabilidade potencial maior para os bancos no futuro”, destaca.

Com perspectivas de melhora para a pandemia, empresas de valor também voltaram a chamar mais a atenção de Thiago Muniz, head de gerenciamento e seleção internacional da Julius Baer Family Office.

Um dos motivos, argumenta Muniz, é o fato de a pandemia ter acelerado para alguns meses uma evolução tecnológica que o mundo só veria nos próximos cinco anos. Com a reabertura das economias, devido à redução da propagação do coronavírus, a grande diferença estabelecida entre os preços das ações de empresas de valor e de crescimento deve diminuir.

“Essas companhias de growth [crescimento] são negócios em que o fluxo de caixa acaba ficando bem mais pra frente, e não no curto prazo. Com os bancos centrais aumentando os juros, a taxa de desconto ao trazer o fluxo a valor presente é maior e isso acaba impactando o valor das ações, que tende a diminuir”, acrescenta Muniz.

Confira agora quais foram os fundos de ações com melhor desempenho nos 12 meses até outubro, assim como seu desempenho em um período de 36 meses, no acumulado de 2021 e apenas no último mês:

Commodities e renda variável

Já entre os fundos multimercados que apresentaram um bom desempenho nos últimos 12 meses está o Vista Multiestratégia FIC FIM, da Vista Capital. Segundo carta mensal do fundo, o destaque está nas posições em commodities, renda variável local e internacional.

Embora o retorno tenha sido positivo nos últimos 12 meses, outubro terminou com gosto amargo para os cotistas do fundo, com um retorno negativo de 8,69%. A gestora argumenta que o mês foi “desafiador” e admitiu que algumas posições que detinha em juros, na parte mais longa da curva, se mostraram “equivocadas”.

Mesmo diante da piora no cenário fiscal com a ruptura do teto de gastos e de uma readaptação de política monetária no curto prazo com a necessidade de aumentar o ritmo de alta dos juros, a gestora diz que continua com uma aposta na alta da Bolsa brasileira, fazendo poucas alterações na passagem de setembro para outubro.

Em sua justificativa, a Vista destacou que o valuation (preço) de grande parte dos ativos da B3 parece bastante “descontado”, além do que boas empresas abertas estão com menor endividamento e mais capitalizadas – ou seja, com mais capital para investir. Outro ponto, segundo eles, é o cenário fiscal. Apesar da ruptura com o regime do teto de gastos, a situação ainda não mostra uma “narrativa de descontrole”.

“Desde o governo Dilma, os ruídos políticos e fiscais assumiram grande relevância, mas enxergamos alguns vetores cíclicos positivos para 2022”, afirmam os gestores. “Se esse é o caso, nos parece que os cenários de estagflação ou crescimento moderado são mais prováveis do que uma recessão, o que tem efeitos distintos sobre os ativos”.

Entre as mudanças feitas na carteira estão a venda dos papéis de Petrobras, que tinham sido adquiridos em setembro, conforme mostra a carta do mês anterior. Sem dar muitos detalhes, a casa disse apenas que não possui mais posição em empresas produtoras de petróleo de nenhum lugar do mundo.

Já ao comentar sobre alocações em commodities, a gestora afirma que zerou posição no ouro e no minério de ferro. Houve ainda redução da posição em urânio na passagem de setembro para outubro. Fora isso, a gestora abandonou posições em moedas, crédito e renda fixa internacional.

Confira quais foram os fundos multimercados com melhor desempenho nos 12 meses até outubro, assim como seu desempenho em um período de 36 meses, no acumulado de 2021 e apenas no último mês.

Fonte: InfoMoney

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