A manhã desta terça-feira (9) começou com medo e incerteza para milhares de palestinos que ainda vivem entre as ruínas da Cidade de Gaza. O Exército de Israel lançou folhetos aéreos ordenando a saída imediata da população, antecipando um ataque de grandes proporções contra o Hamas — o que provocou pânico e confusão entre os moradores.
O local, que antes da guerra abrigava cerca de 1 milhão de pessoas, está devastado há meses por bombardeios. Israel afirma que a ofensiva busca atingir os últimos redutos do Hamas.
“Vocês foram avisados — saiam de lá!”, declarou o premiê israelense Benjamin Netanyahu em mensagem direta aos moradores.
“Não há para onde fugir”
Para os habitantes, a ordem trouxe mais desespero do que alternativas. Muitos afirmam não haver lugar seguro em Gaza, já que até mesmo áreas apontadas como “refúgios” também foram bombardeadas em ataques recentes.
- Bajess al-Khaldi, paciente com câncer que vive em uma tenda improvisada, resumiu o sentimento:
“Não há mais lugar, nem no sul, nem no norte. Estamos completamente presos.”
A situação reacende o trauma da Nakba (“catástrofe”) de 1948, quando centenas de milhares de palestinos foram expulsos de suas terras com a criação de Israel. Para muitos, a nova ordem de retirada é vista como um risco de repetição histórica.
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Números da guerra
- Autoridades locais dizem que mais de 64 mil palestinos morreram desde o início da ofensiva israelense, quase dois anos atrás.
- Israel nega acusações de genocídio e defende que age em “autodefesa” após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.200 mortos e 251 reféns em território israelense.
Hospitais em risco
As autoridades de saúde anunciaram que pretendem evacuar os dois principais hospitais da Cidade de Gaza, Al Shifa e Al Ahli. Médicos, no entanto, afirmaram que não abandonarão pacientes que não podem ser transferidos.
O destino: uma zona já superlotada
Israel orientou os moradores a seguirem para Al-Mawasi, no sul da Faixa de Gaza, definida como “zona humanitária”. Só que o local já está abarrotado de famílias em barracas e também vem sendo alvo de ataques aéreos.
“É escolher entre ficar e morrer em casa ou seguir as ordens e morrer no sul”, disse Um Samed, 59 anos, mãe de cinco filhos.