O tão esperado acordo comercial entre Mercosul e União Europeia finalmente ganhou data para sair do papel. Durante entrevista à imprensa em Joanesburgo, na África do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou no domingo (23) que a assinatura está marcada para 20 de dezembro, em Brasília.
A assinatura deve acontecer paralelamente à Cúpula de Líderes do Mercosul. O Brasil está na presidência do bloco neste semestre e transformou a conclusão do acordo numa de suas principais bandeiras diplomáticas.
🔍 Um dos maiores acordos comerciais do planeta
Lula reforçou a dimensão do pacto, chamando atenção para o impacto global dessa parceria:
- 722 milhões de pessoas envolvidas
- US$ 22 trilhões em PIB somado
- Potencial para se tornar o maior acordo comercial do mundo
Mesmo com a assinatura, o presidente destacou que o processo não termina ali — ainda será necessário um grande trabalho até que todos os efeitos econômicos comecem a valer de forma plena.
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📜 Negociações de 25 anos
As negociações entre Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e União Europeia foram concluídas no fim do ano passado, mais de duas décadas após o início do diálogo.
O pacote é dividido em dois documentos:
- Acordo econômico-comercial, que poderá entrar em vigência provisória logo após assinaturas.
- Acordo completo, que exige aprovação parlamentar em ambos os blocos.
Do lado europeu, o texto já está nas mãos do Parlamento Europeu e dos Estados-membros. A aprovação, porém, enfrenta resistências — principalmente da França, que critica as regras ambientais e teme prejuízos ao seu setor agrícola.
No Mercosul, os países também terão que votar o acordo de forma individual. A entrada em vigor não depende da aprovação dos quatro integrantes ao mesmo tempo.
🌱 Protestos, proteção e polêmicas
A França lidera as críticas ao texto, chamando o acordo de “inaceitável” e apontando falta de garantias ambientais. Lula rebateu, afirmando que o país europeu age por puro protecionismo agrícola.
Agricultores europeus têm protestado, dizendo que o acordo facilitaria a entrada de produtos sul-americanos — especialmente carne bovina — que, segundo eles, não seguem os padrões verdes da UE. A Comissão Europeia nega.
Já os defensores enxergam o acordo como uma resposta estratégica à perda de mercado causada por tarifas dos EUA e à dependência crescente da China em insumos essenciais, como lítio para baterias. Para esse grupo, o Mercosul é visto como um mercado promissor e uma alternativa confiável no contexto da transição energética.
🗓️ Assinatura e agenda
Lula adiantou que a assinatura do acordo deve ocorrer em Brasília, durante a Cúpula do Mercosul marcada para 20 de dezembro — mas com uma observação: o presidente do Paraguai não poderá participar na data.
A solução? A reunião de líderes deve ser transferida para o início de janeiro, em Foz do Iguaçu, mas a assinatura segue garantida para o dia 20.




