Uma escola católica no centro da Nigéria virou palco de um dos maiores sequestros em massa do ano. Na St. Mary’s School, no estado de Níger, 303 estudantes e professores foram levados por homens armados na última sexta-feira. Mas, entre a dor e a tensão, um raio de esperança apareceu: cinquenta jovens conseguiram escapar entre sexta e sábado, todos com idades entre 10 e 18 anos.
Segundo Bulus Dauwa Yohanna, líder cristão do estado e proprietário da escola, esses alunos fugiram sozinhos, em momentos diferentes, e já estão com suas famílias. Mas ainda há 253 estudantes e 12 professores desaparecidos — famílias inteiras seguem sem notícias, vivendo dias de puro desespero.
A St. Mary’s fica numa região rural cercada por áreas de floresta profundas, usadas como esconderijo por quadrilhas armadas que atuam entre os estados. Esse tipo de ataque, apesar de chocante, não é novidade na região. Em Kebbi, estado vizinho, 25 alunos foram sequestrados apenas quatro dias antes.
E não é só nas escolas: ataques a igrejas e comunidades também seguem acontecendo. Em Kwara, 38 pessoas sequestradas durante um culto foram libertadas neste domingo, após uma ação que deixou duas vítimas fatais.



O apelo global
O drama na St. Mary’s ecoou mundialmente. Durante uma missa na Praça São Pedro, o Papa Leão XIV fez um apelo direto para a libertação dos reféns. Ele disse estar “profundamente entristecido” e pediu “uma resposta rápida para trazer essas crianças de volta para casa”.
A declaração ganhou força principalmente porque o país vive pressões internacionais. O presidente dos EUA, Donald Trump, chegou a ameaçar uma intervenção militar, acusando o governo nigeriano de não proteger cristãos. Mas especialistas locais alertam: a violência atinge tanto cristãos quanto muçulmanos, e tem causas complexas que vão desde disputas por terra até a atuação de grupos extremistas.
Um país inteiro sob alerta
A Nigéria convive com vários tipos de violência simultaneamente.
No noroeste, grupos criminosos fazem sequestros em massa para pedir resgate.
No nordeste, o Boko Haram e o grupo ISWAP mantêm uma insurgência que já dura mais de uma década.
Ao centro, conflitos entre agricultores e pastores pioram a cada ano.
Desde 2014, quando o sequestro das meninas de Chibok chocou o mundo, mais de 1,5 mil estudantes foram raptados no país. Diante do novo ataque, o governo estadual de Níger ordenou o fechamento imediato de todas as escolas. Algumas instituições federais também foram fechadas como medida preventiva.
O presidente nigeriano, Bola Tinubu, afirmou que “todo nigeriano tem direito à segurança”, e garantiu que o governo está mobilizado para recuperar cada um dos reféns.
A tensão cresce, o mundo observa — e centenas de famílias ainda esperam por um reencontro.
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