O clima entre Venezuela e Estados Unidos ficou ainda mais tenso na terça-feira (2). O governo venezuelano acusou Washington de apresentar como prova de narcotráfico um vídeo que, segundo eles, teria sido gerado por inteligência artificial.
A denúncia foi feita pelo ministro da Comunicação, Freddy Ñáñez, no Telegram. Ele mirou diretamente no secretário de Estado, Marco Rubio, afirmando que o vídeo exibido seria uma montagem.
“Parece que Marco Rubio continua mentindo para o seu presidente [Donald Trump]. Depois de colocá-lo em um beco sem saída, agora lhe apresenta como ‘prova’ um vídeo com IA”, escreveu Ñáñez.
O que diz a análise técnica
O governo anexou um relatório feito pela plataforma de IA Gemeni, que concluiu ser “muito provável” que o vídeo fosse artificial. A explosão do barco, por exemplo, teria mais cara de animação de game do que de filmagem real.
Outros pontos levantados no estudo:
- movimento da água “estilizado e pouco natural”;
- falta de detalhamento realista na cena;
- artefatos visuais típicos de imagens geradas por IA;
- presença de marca d’água sem origem clara.
Segundo Caracas, o uso desse tipo de material abre um precedente perigoso: provas fabricadas poderiam justificar ações militares ou sanções econômicas — algo que especialistas chamam de casus belli.
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O lado dos EUA
No mesmo dia, o presidente Donald Trump disse à imprensa que militares americanos afundaram um barco carregado de drogas que teria saído da Venezuela. “Literalmente destruímos um barco. Vocês verão e lerão sobre isso”, declarou.
Mais tarde, ele postou o tal vídeo na Truth Social, mostrando uma lancha explodindo em alto-mar. Trump afirmou que a tripulação seria da gangue Tren de Aragua, apontada pelos EUA como grupo terrorista desde fevereiro. Caracas nega qualquer ligação entre o governo Maduro e o grupo.
O secretário Marco Rubio também confirmou o ataque, justificando a explosão como parte da ofensiva contra o tráfico de drogas. Mas especialistas lembram: destruir um barco em vez de apreendê-lo é uma ação fora do comum, mais próxima de operações contra grupos como a Al Qaeda.
E agora?
O Departamento de Estado dos EUA ainda não comentou oficialmente sobre as acusações de falsificação. Enquanto isso, a polêmica aumenta a desconfiança em torno do uso de deepfakes e IA em disputas políticas, tema que vem crescendo no mundo todo.