Na última sexta-feira, Israel surpreendeu o mundo com ataques intensos contra alvos no Irã. A justificativa oficial? Acabar com a ameaça nuclear que, segundo eles, põe o país em risco real. Mas por trás desse cenário está um plano mais ambicioso do premiê Benjamin Netanyahu: derrubar o governo iraniano.
O plano é mexer no tabuleiro político de Teerã
Netanyahu deixou claro que quer mais que só atacar bases militares — ele quer uma revolução interna no Irã. A ideia é que esses golpes provoquem uma reação em cadeia, gerando protestos e instabilidade que possam tirar do poder o regime islâmico atual.
“Chegou a hora do povo iraniano se unir e lutar contra o regime opressor”, disse Netanyahu logo após os ataques, convocando a população a resistir ao governo que, segundo ele, reprime liberdade e direitos básicos.
E não é pra menos: muita gente no Irã está insatisfeita com a crise econômica, a falta de liberdade de expressão, os direitos das mulheres e das minorias. O cenário de tensão só aumenta.
O impacto direto dos ataques

Legenda da foto, Mísseis lançados do Irã vistos sobre Jerusalém
Os golpes israelenses foram pesados: derrubaram o comandante da Guarda Revolucionária Iraniana, o chefe do estado-maior das forças armadas e vários outros líderes de peso. O Irã reagiu rápido, lançando mísseis contra alvos israelenses, deixando claro que a troca de ataques está longe de acabar.
Netanyahu já avisou: “Mais coisas estão a caminho”. A aposta de Israel é que essa pressão intensa possa desestabilizar o regime iraniano e abrir caminho para uma revolta popular.
Mas será que essa estratégia vai funcionar?
Aqui está a grande questão. Não há sinais concretos de que a população iraniana vá iniciar uma revolta tão facilmente. O poder real no país está nas mãos dos linha-dura do IRGC (Guarda Revolucionária) e outros órgãos que não são eleitos, que dominam o exército e a economia.
Esses grupos controlam o país com mão firme e podem até endurecer a repressão diante das ameaças externas.
O pior cenário? O regime pode até cair, mas isso não significa que o Irã vá encontrar paz. Com cerca de 90 milhões de habitantes, uma crise profunda por lá pode se espalhar e causar caos em toda a região do Oriente Médio.
Quem poderia substituir o regime?
Outro ponto complicado é: quem poderia assumir o poder em uma mudança? A oposição iraniana anda bastante fragmentada.
Após os protestos massivos de 2022, chamados de “Woman Life Freedom”, grupos tentaram se unir, mas logo se dividiram por conta de visões diferentes sobre o futuro do país.
Alguns nomes ganham destaque, como Reza Pahlavi, filho do antigo xá do Irã, que vive no exílio e já até visitou Israel, buscando apoio internacional. Porém, ele não tem força suficiente dentro do Irã para liderar uma revolução.
Outro grupo, Mujahideen-e Khalq (MEK), também quer a queda do regime, mas é controverso por seu histórico de aliança com Saddam Hussein durante a guerra Irã-Iraque, o que reduz sua popularidade entre os iranianos.
Além disso, há forças políticas que sonham com democracia secular, monarquia parlamentar, entre outras opções, mas o cenário é muito dividido para apontar um favorito.
O que o Irã quer agora?
Do lado iraniano, a situação também não é simples.
Apesar dos ataques, o governo de Teerã não tem muitas opções confortáveis: pode tentar negociar com os EUA para evitar uma guerra maior — o que seria visto como derrota — ou continuar a retaliação contra Israel, o que aumenta o risco de novos ataques.
Atacar os EUA, um passo que já foi ameaçado antes, é praticamente inviável, pois puxaria os Estados Unidos direto para o conflito, algo que o Irã quer evitar a todo custo.
Conflito aberto e imprevisível
No fim das contas, ninguém sabe ao certo para onde tudo isso vai levar.
A tensão entre Israel e Irã está num ponto crítico, com consequências que podem impactar o Oriente Médio e o mundo todo.
Ficar de olho nos próximos capítulos dessa história é essencial para entender os desdobramentos da geopolítica global.